Temas relacionados ao meio ambiente estiveram em alta em 2019, inúmeros foram os desastres ambientais que aconteceram ao longo do ano e atingiram milhares de pessoas, como o rompimento da barragem em Brumadinho, em Minas Gerais, a chegada do óleo ao litoral brasileiro e o crescimento do desmatamento na Amazônia.
Além disso, os velhos problemas continuam persistindo, entre eles a crise sanitária em grande parte das cidades brasileiras e o depósito de lixo em locais inadequados. Para especialistas, a melhoria das questões ambientais é um desafio para 2020.
Os desastres ambientais estamparam por diversas vezes as manchetes de jornais nacionais e internacionais desde o início de 2019. O primeiro foi o rompimento de barragem em Brumadinho, da Vale, em 25 de janeiro. Até o momento, 257 mortos foram identificados e, 11 meses depois, 13 pessoas permanecem desaparecidas.
Outro problema que ganhou grande destaque foram as queimadas no bioma Amazônia. Em agosto, houve um aumento de 196%, chegando a 30.901 focos ativos, contra 10.421 no mesmo período no ano passado, de acordo com dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). É o maior número observado para o mês desde 2010.
No final de agosto também as manchas de óleo apareceram no litoral brasileiro. Inicialmente, surgiu na região Nordeste, mas se espalharam por quilômetros e chegaram, inclusive, ao litoral do Espírito Santo, a partir de novembro. Segundo levantamento do Ibama, até o dia 6 de dezembro, 903 locais de 127 municípios de 11 Estados foram atingidos pelo óleo.
Especialista em Engenharia Sanitária e Ambiental, Claudio Denicoli explica que os problemas ambientais sempre ocorreram, mas neste ano tiveram mais visibilidade por causa de catástrofes, como a de Brumadinho, que mataram centenas de pessoas.
“Os problemas ambientais são inúmeros, mas as pessoas somente se atentam depois que acontecem os desastres. Nós não nos preocupamos com nascentes poluídas, falta de tratamento de esgoto, descarte de lixo em locais impróprios. Isso, a longo prazo, agride até mais o meio ambiente que o rompimento da barragem”, pontuou.
O doutor em Saúde Pública e professor de Química da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rogério Aparecido Machado esclarece que problemas ambientais interferem diretamente na saúde do brasileiro. “A poluição, por exemplo, aumenta a temperatura e, consequentemente, as chuvas. Quem paga? O grande volume de água em pouco tempo causa grandes enchentes. As queimadas na Amazônia também interferem no ar que respiramos”, apontou.
FISCALIZAÇÃO
Rogério diz que são inúmeros os desafios que envolvem a questão ambiental, como ampliar as políticas públicas voltadas para o meio ambiente e reforçar a fiscalização. “A fiscalização no Brasil não é feita como deveria no âmbito municipal, estadual e federal. Se a vistoria nas barragens tivesse sido bem feita, não teria acontecido isso (Brumadinho). Foi depois do desastre que o poder público se atentou para outras que estão na mesma situação. O Brasil é do tipo que espera acontecer para tomar uma atitude”, observou.
Claudio Denicoli acrescenta que hoje o poder público realiza o licenciamento ambiental — ato administrativo em que o órgão estabelece as condições, restrições e medidas de controle que deverão ser obedecidas pelo realizador da atividade de um local —, mas não fiscaliza se essa atividade está sendo desempenhada de acordo com o que foi previsto na liberação. “Eu não tenho dúvida que o que falta é fiscalização, tanto que tenho falado muito que o controle ambiental não está sendo feito, não há ação, na prática”, ressaltou.
Para Claudio é necessário também investir na educação ambiental para que se formem pessoas preocupadas com os problemas ambientais e que busquem a conservação e a preservação dos recursos naturais.
Claudio Denicoli
Engenheiro especialista em engenharia sanitária e ambiental
"Para mudar a consciência das pessoas, é necessário incluir na grade curricular uma matéria de meio ambiente. As crianças precisam crescer com outra noção sobre o assunto"
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