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Engenheira do ES transforma Fusca em carro elétrico

Engenheira do ES transforma Fusca em carro elétrico

Veículo elétrico de 47 anos e desenvolvido pela engenheira Aline Gonçalves Santos é totalmente independente de gasolina e tem autonomia para atingir até 50 Km/h

Publicado em 9 de setembro de 2019 às 21:13

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Aline Gonçalves Santos desenvolveu um motor elétrico para o próprio Fusca. (Arquivo pesssoal)

Os carros elétricos ainda são uma realidade muito distante dos brasileiros, seja pelas poucas opções no mercado ou pelos preços elevados que esses veículos chegam às lojas. Esse panorama desfavorável gerava uma inquietação na engenheira eletricista capixaba, Aline Gonçalves Santos, de 32 anos, que há anos desejava ter o próprio automóvel limpo, porém ficava apenas na vontade.

Como comprar um carro elétrico não era possível, ela resolveu desenvolvê-lo. E paradoxalmente à tecnologia empregada nos modelos existentes do tipo, Aline iniciou o projeto do Veículo Elétrico Brasileiro, o VEB, com um Fusca ano 1972.

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"Há uns três anos, pesquisando sobre esse tema, vi algumas imagens de carros sendo abastecidos diretamente nas tomadas, como se estivessem em um posto de gasolina. Era na Noruega. Aquilo ficou na minha cabeça e me questionava por que não tinha isso aqui. Decidi então desenvolver meu próprio carro elétrico e comprei um Fusquinha para iniciar o projeto. Olhei aqui nas lojas e o único modelo 100% elétrico existente custava na casa dos R$ 200 mil. Inviável para mim e também à maioria das pessoas", contou Aline que ainda detalhou a confusão existente entre um elétrico de fato para modelos híbridos.

ELÉTRICO x HÍBRIDO

"Muito se confunde em relação a isso. Um carro elétrico é um veículo que depende de uma bateria carregada, como uma tomada. Neste caso, ele é 100% limpo, pois não emite poluentes. Atualmente existem veículos híbridos, mas os motores dependem dos combustíveis tradicionais. Sem eles, o veículo não roda".

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Investindo algo próximo a R$ 5 mil, Aline então iniciou as pesquisas para converter um carro à combustão para eletricidade. "Trabalho com energia solar e sempre busquei por inovação e sustentabilidade dentro do setor de energias renováveis. Nesse sentido, comecei a fazer as pesquisas dos componentes necessários, estudei muito, iniciei os testes com o motor e criei a start up para prosseguir com essa minha vontade", disse Aline.

PRIMEIRA APARIÇÃO

Após muito trabalho e pesquisa, o Fusquinha branco foi convertido e não parou mais de ser atualizado. Em uma feira anual voltada para o setor tecnológico realizada, no município de Serra, Região Metropolitana de Vitória, o veículo foi apresentado ao público, sendo motivo de orgulho para a engenheira.

O motor elétrico foi mantido na parte traseira do Fusca como era originalmente. (Arquivo pesssoal)

"Fiz questão de manter a originalidade do carro como o estofamento, o volante fininho, as rodas, tudo que caracteriza o Fusca, que é um carro muito querido pelos brasileiros. Mas embora possa não passar essa impressão, havia muita tecnologia ali. A motorização e a tração foram todas refeitas. É incrível poder andar em um carro que de fato não polui, não faz ruído e que ainda assim preserva seu charme característico. Em agosto de 2018 pude apresentá-lo na Mec Show", detalhou.

SUSTENTABILIDADE

Mais do que ter o próprio carro elétrico, Aline tem por objetivo fazer com que esse tipo de veículo se torne acessível. Uma das metas da engenheira é possibilitar as pessoas a abastecerem os carros na garagem de casa.

"Infelizmente no Brasil há um lobby muito grande para o consumo de veículos movidos à combustão até por conta da presença de impacto da indústria petrolífera. No exterior isso já está em um estágio mais avançado. Minha ideia é tentar popularizar, barateando os veículos elétricos e mostrar que podemos fazer mais", explica.

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Aline trabalha firme para popularizar os veículos elétricos. (Arquivo pesssoal)

Prova de que Aline está no caminho certo ao dirigir o Fusquinha branco é a autonomia do mesmo. Com uma carga completa, o veículo de 47 anos consegue atingir velocidade de até 50 km/h e consegue rodar por até 50 quilômetros.

"Meu foco é justamente esse. Ficar preso no trânsito é sinônimo de queima de combustível, poluição e estresse. Aqui mesmo em Vitória a combinação trânsito e veículo elétrico é excelente, pois as distâncias são curtas e com uma recarga completa, que dura de seis a oito horas na tomada, é possível rodar bastante. Não é um carro para viagens, o foco é urbano. A velocidade média de trafego em nossa capital é de cerca de 40 Km/h", analisa a engenheira.

MAIS ATUALIZAÇÕES

Aline não para de aprimorar o Fusquinha. Agora a engenheira trabalha para identificar o nível de bateria sem a necessidade de ligar o carro, como ocorre nos veículos atuais.

"Hoje se você quiser saber como está o nível de combustível, é preciso ligar o motor e observar no painel do mesmo. Estou empenhada colocar isso na tela do celular para tornar ainda mais prático", disse Aline, que além do R$ 5 mil aplicados no Fusca, já investiu cerca de R$ 100 mil com o projeto desde que o iniciou.

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O sucesso inicial do Fusquinha elétrico esbarra em algumas barreiras, uma delas está relacionada à legislação de trânsito brasileira. "Eu não posso andar com esse veículo na rua porque no documento consta que ele é um carro à gasolina sendo que atualmente é movido à eletricidade. Estou agilizando isso, mas não é algo tão simples", explicou Aline.

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