Um vírus desconhecido, que se espalha rápido e pode ser transmitido sem que a pessoa apresente sintomas. Entre outras características, essas fazem com que o novo coronavírus - que já infectou mais de 580 mil pessoas em todo mundo, segundo dados da universidade americana John Hopkins - seja tão perigoso.
No Brasil, mais de 3 mil pessoas foram diagnosticadas com Covid-19 em um intervalo de um mês, de acordo com o Ministério da Saúde. No Espírito Santo, em março, mês em que foi registrado o primeiro caso da doença, foram mais de 70 testes positivos de coronavírus.
O alto poder de contágio tem feito com que países adotem medidas de isolamento para reduzir a circulação das pessoas e consequentemente o contato e a disseminação do vírus. Para explicar porque esta doença é tão contagiosa, A Gazeta consultou infectologistas. Eles apontam as principais características deste vírus.
Por se tratar de uma transmissão respiratória, o novo coronavírus se espalha com facilidade. Além disso, o número de pessoas que um único paciente pode transmitir a doença é considerado alto para os médicos. Tudo isso atrapalha no monitoramento de casos, que aumenta na medida em que as pessoas têm mais contato umas com as outras, de acordo com o infectologista Paulo Peçanha.
"Uma pessoa pode contaminar em média 2,7 pessoas durante o ciclo infeccioso. Isso é número significativo para gente, principalmente porque a transmissão é feita pelo contato, por gotículas de saliva, secreções aéreas. São formas muito rápidas de contaminação", destaca.
Outra característica que torna o contágio do coronavírus poderoso é o fato de que pessoas infectadas podem não apresentar sintomas, o que torna mais difícil para os médicos rastrear quem está contaminado e, com isso, realizar um isolamento.
"Antes acreditava-se que uma pessoa só iria transmitir a doença quando apresentasse os sintomas, mas agora a gente já sabe que ele também é transmitido por assintomáticos. Isso torna os riscos ainda maiores, porque uma pessoa que carrega o vírus mas não tem sintomas vai circular no meio de outras e transmitir para elas sem saber. Com isso, você tem um número maior de pessoas infectadas", explicou o infectologista Carlos Urbano.
Segundo o infectologista Paulo Peçanha, não é possível comparar a resposta do organismo ao Covid-19 com nenhum tipo de doença. Por ser causada por um vírus novo, todas as pessoas estão suscetíveis a ele, já que nunca tiveram contato com o vírus antes e não desenvolveram imunidade contra a doença.
"É um vírus que está chegando agora, não é como uma gripe. Nosso sistema imunológico não reconhece este vírus, então não temos proteção contra ele. Estamos em um ambiente favorável para o vírus e desfavorável para a gente", ressaltou Paulo Peçanha.
A falta de conhecimento e vacina contra o novo coronavírus também o torna perigoso. Para Urbano, a ciência e os médicos lutam contra o tempo para entender o vírus e torná-lo menos poderoso, além de estabelecer medidas eficazes no combate dele. Enquanto isso, a regra é clara: é preciso cortar a cadeia de transmissão do vírus.
"Todo o conhecimento que nós temos sobre este vírus está sendo produzido e adquirido agora. É uma situação atípica que estamos vivendo, porque estamos correndo contra o tempo. No momento, a forma mais eficaz de combatê-lo é mantendo as medidas de isolamento e praticando as orientações de higienização. Todo cuidado é pouco neste momento", conclui.
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