Com medo da disseminação do novo coronavírus, fiéis da Igreja Universal de Vitória, situada na Avenida Nossa Senhora da Penha, em Andorinhas, denunciaram à reportagem de A Gazeta que cultos estão acontecendo normalmente no local com a presença de centenas de pessoas, sem que seja respeitado o espaço entre elas.
Apenas na manhã deste domingo (05), os membros afirmam que a celebração contou com cerca de 450 fiéis. A ação vai contra a determinação do governo estadual, que proíbe aglomerações, inclusive em igrejas e templos com mais de 50 pessoas.
De acordo com as denúncias, para não deixar rastros em redes sociais, pastores estariam convocando os fiéis em suas próprias casas. No fim dos cultos, a ordem seria sair da igreja em pequenos grupos para não despertar atenção. Por medo de represálias, os denunciantes preferem não ser identificados.
"Desde que o governo proibiu aglomerações, a Igreja Universal continuou funcionando normalmente. Os cultos nunca pararam. Já teve dia de aglomeração de cerca de 1.500 pessoas. Com o tempo, as pessoas foram parando de ir e o movimento diminuiu. Ainda assim, há muita gente junto. Só na manhã de hoje (05) foram cerca de 450 pessoas aglomeradas. Eu fui lá e vi com meus próprios olhos. É um risco muito grande que todos estão correndo", contou um fiel.
Outra fiel conta que para não deixar rastros em redes sociais, pastores estariam convocando os fiéis em suas próprias casas. A partir daí, um membro chama pelo outro.
"O único contato que eles fazem por rede social é para pedir o dinheiro do dízimo. Eles dizem: Olha, você não está indo à igreja, mas tem que continuar ajudando'. Eles não postam nada sobre os cultos no Facebook e nem falam sobre isso no Whatsapp para não deixar pistas, mas vão na casa das pessoas fazer o convite pessoalmente e pedem para avisar aos outros que eles não conseguiram encontrar", afirma. '
Os membros contam, ainda, que apesar dos lugares dentro da igreja não estarem todos ocupados, os fiéis ficam - em sua maioria, aglomerados na parte da frente da igreja.
Os denunciantes contam que na manhã deste domingo (05) o pastor que celebrou o culto chegou a falar para as os fiéis terem cuidado para não chamarem a atenção da imprensa. Ele ainda teria afirmado que os membros não podem deixar de ir aos cultos.
"Passou um carro da imprensa do lado de fora e eles ficaram com medo, achando que poderiam ser filmados. Na saída, o pastor pediu para que saíssem em grupos de 20, por portas diferentes, para não chamar atenção de quem estivesse do lado de fora porque poderia ter algum jornal filmando", afirmou um membro.
Uma das fiéis que fez a denúncia, conta que não irá mais ao culto de domingo por medo da disseminação do coronavírus. Mas afirmou que lamenta pelos colegas que se sentem obrigados a participar das celebrações.
A Igreja Universal confirmou a celebração de culto com cerca de 400 pessoas neste domingo (05). Porém, negou a aglomeração e afirmou que cada fiel ficou cerca de dois metros distante do outro. Além disso, a igreja afirma que está tomando outras medidas de precaução.
"Logo na chegada da Covid-19 ao Brasil, em uma reunião com representantes de várias instituições religiosas de todas as crenças, o governador Renato Casagrande solicitou que as igrejas adotassem medidas para evitar a aglomeração de pessoas. E assim a Igreja Universal do Reino de Deus tem se pautado. No caso citado, trata-se da Catedral da Universal no estado, com capacidade para 3.600 pessoas, que recebeu 400 pessoas naquela data - cerca de 10% da lotação do local", afirmou a Instituição, por nota.
A Universal completou, por nota, que outras medidas de prevenção foram adotadas:
"A Universal reitera que está respeitando todas as determinações e orientações do Ministério da Saúde e de todas as autoridades de estados e municípios", finalizou a nota.
Questionado sobre o ocorrido, o Governo do Estado respondeu que a igreja não pode ser punida. "Não são obrigadas por decreto. O que houve foi recomendação para que não funcionem com mais de 50 fiéis, mas não existe proibição. Cabe aos líderes religiosos a responsabilidade pela tomada de decisões para evitar a concentração de fiéis e a exposição destes a riscos (art. 2, par. 2, do Decreto 4.599)".
A Prefeitura de Vitória informou que recebeu a denúncia e vai procurar os responsáveis pelo templo pra que possa conscientizá-los e que eles possam agir como a maioria dos templos e religiões, que estão respeitando as regras sanitárias nessa grave epidemia.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta