Após o presidente americano, Donald Trump, dizer que a hidroxicloroquina pode ter eficácia contra o coronavírus, apesar da falta de evidências científica robustas, medicamentos que têm essa substância como princípio ativo, como o Reuquinol, sumiram das farmácias do Espírito Santo. No entanto, especialistas alertam para que a população não utilize esse tipo de remédio sem prescrição médica, já que ele pode provocar vários efeitos colaterais, como distúrbios auditivos e até cegueira.
Segundo o presidente do Conselho Regional de Farmácia do Espírito Santo (CRF-ES), Luiz Carlos Cavalcanti, esse tipo de medicamento, como o Reuquinol, é usado em tratamento contra a malária e doenças autoimunes, como artrite e lúpus. Ele pode trazer diversos efeitos colaterais, como a perda da visão, redução da imunidade, anemia, distúrbios auditivos, falta de equilíbrio, diarreia, vômito, psicose e irritabilidade.
Devido ao grande aumento da venda, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu na sexta-feira (20) enquadrar a hidroxicloroquina e cloroquina como medicamentos de controle especial. Dessa forma, entrega ou venda do medicamento nas farmácias e drogarias só poderá ser feita para pessoas com a receita especial, para que uma via fique retida na farmácia e outra com o paciente.
A medida é para evitar a aquisição do medicamento por pessoas que não precisam dele para tratamento provocando o desabastecimento do mercado. Não há estudos conclusivos que comprovam o uso desses medicamentos para o tratamento do coronavírus. Assim, não há recomendação da Anvisa, no momento, para uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação". A Anvisa ressalta ainda que a automedicação pode representar um grande risco para a saúde.
Luiz Carlos avaliou que essa mudança é positiva porque inibe a venda nas farmácias para pessoas que querem, de forma equivocada, o medicamento para usar na prevenção e combate ao coronavírus. Antes da restrição imposta pela Anvisa, as pessoas estavam comprando para guardar caso ficasse doente, com sintomas do coronavírus. Então as pessoas que fazem tratamento de doenças sérias com o medicamento ficaram sem. No momento em que o remédio passa a ser de controle especial, a venda é inibida e diminui o risco de desabastecimento, destacou.
O médico intensivista e professor de medicina Adenilton Rampinelli acrescenta que também não há recomendação do Ministério da Saúde contra o Covid-19 e aconselha que as pessoas não façam seu uso com esse objetivo. Para ele, a forma mais eficaz de prevenção continua sendo o isolamento, ou seja, evitar contato com o máximo de pessoas, ficando em casa. "Diante de uma pandemia, o mais importante é a mudança de comportamento e aderir ao isolamento social, concluiu.
Segundo Adenilton, estão sendo desenvolvidas pesquisas na China e na França que mostram o benefício da hidroxicloroquina no tratamento de pacientes graves de Covid-19, mas ainda não há nada conclusivo sobre sua eficácia na prevenção e no tratamento desses pacientes.
O remédio é usado para o tratamento da malária desde os anos 1930. E também se mostrou eficaz contra a Sars, uma doença respiratória aguda que ocorreu no Oriente Médio. Mas não há nada conclusivo sobre sua eficácia contra a Covid-19, explicou.
Ele acrescentou que um estudo publicado por cientistas chineses na revista científica Nature mostra que o medicamento se mostrou capaz de inibir a infecção porque muda o PH da célula e evita que o vírus passe para outra. Outro estudo feito na França publicado no periódico científico International Journal of Antimicrobial Agents mostra também um resultado positivo. Nesse estudo, o uso do medicamento foi feito associado ao antibiótico azitromicina.
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