Três anos de um recomeço diário. A universitária Letícia Loureiro, 26 anos, sofreu um grave acidente na madrugada do dia 18 de fevereiro de 2017, enquanto um garçom acendia um réchaud - utensílio para manter alimentos quentes - com álcool em gel em um camarote no Sambão do Povo, em Vitória. Após a explosão, ela teve 46% do corpo queimado. A partir daquele momento, começou uma luta pela vida, que dura até hoje. Veja no vídeo abaixo.
A moradora de Jardim da Penha, em Vitória, teve que reaprender quase tudo. Ficou três meses internada, 16 dias em coma, correu risco de morrer, perdeu o cabelo e demorou quase cinco meses para voltar a andar. Ainda passou por pelo menos seis cirurgias reparadoras somente após sair do hospital. Ela também tem cicatrizes pelo corpo, fora os traumas na mente.
Na última semana, nove meses após o primeiro contato com a reportagem, a estudante de Direito concedeu a primeira entrevista sobre o assunto, que faz parte do projeto #GazetaEntrevista. Letícia conta em detalhes o que aconteceu naquele dia. Revela o que sentiu quando seu corpo entrou em combustão, como foi o socorro e uma experiência de fé que viveu durante o coma.
Na conversa, a jovem fala como a bateria da escola de samba a ajudou a se manter acordada. Ela tinha medo de fechar os olhos e não voltar mais.
Veja também a primeira vez que Letícia entrou no mar depois do acidente - ela é apaixonada por dias ensolarados e praia -, como foi ficar “três meses sem tomar banho” e como a força da oração dos amigos e da família a ajudaram nos dias mais difíceis.
PORTÕES FECHADOS
Letícia afirma que foi socorrida com rapidez pelo Corpo de Bombeiros no dia do acidente, mas os militares não conseguiram retirá-la pelas saídas de emergência, porque estavam fechadas.
Por nota, os Bombeiros responderam o que mudou na segurança do Sambão após o acidente com a Letícia. Veja a nota na íntegra.
"O Corpo de Bombeiros Militar informa que realiza a aprovação do projeto apresentado pela Prefeitura e, em seguida, faz vistoria de todo o sistema de incêndio e pânico do local. No ano de 2017 foram contratados brigadistas privados para atuarem na área interna do sambódromo, que possuíam atribuição de manter em ordem o que havia sido apresentado no projeto e aprovado após checagem. As equipes militares ficaram na parte externa. Após o fato ser constatado, a partir do Carnaval de 2018, militares da Corporação também foram destinados à fiscalização do trabalho de brigadistas do evento, para checagem dos procedimentos de segurança. O Corpo de Bombeiros conta com apoio da população, para que denuncie, a qualquer autoridade das forças de segurança presentes no local, possíveis irregularidades nos mecanismos de emergência. A correção será realizada de imediato", finaliza a nota.
PARTE 2
A segunda parte da entrevista será publicada nesta sexta-feira (21). Nela, a universitária revela qual foi o momento mais sombrio nesses três anos, como é se relacionar após o acidente e a sua luta contra o perigo do uso de álcool e fogo.
"A TRAGÉDIA NÃO ME RESUME"
Na última terça-feira (18), Letícia celebrou com os amigos mais uma missa em agradecimento pela vida. Veja a postagem dela no Instagram.
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