Em uma nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mais uma vez as desigualdades por cor ou raça são evidenciadas. No Espírito Santo, quase 70% dos negros (pretos ou pardos) estudavam em estabelecimentos situados em áreas de violência.
O indicador foi apurado por meio da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE) 2015, que ouviu estudantes do 9º ano do ensino fundamental. Pelo levantamento, ficou claro que os negros vivenciam experiências mais violentas do que os brancos, inclusive em casa. Nos 30 dias anteriores à pesquisa, 11% dos brancos e 15% dos pretos ou pardos foram agredidos fisicamente por um adulto da família alguma vez.
Em relação ao local de estudos, mais de dois terços o equivalente a 68,6% dos negros estavam em área de risco em termos de violência, enquanto entre os brancos esse índice foi de 57,7%.
Coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e diretora do Departamento de Políticas de Extensão da Ufes, a doutora em Educação Patrícia Rufino observa que, se formos pensar que a periferia é composta basicamente por pretos e pardos, e que lá se concentra boa parte da violência, as escolas têm dificuldades de superar essa realidade.
Essa condição de violência nas regiões periféricas também produz outros problemas, como aponta Patrícia. "Grande parte não vai chegar à escola, vai se manter à margem e perpetuar o processo de violência. É fundamental investir em educação, mas é bem verdade que hoje o país retira recursos da área e não tem política de Estado que garanta a essas crianças e adolescentes chegar à idade adulta em uma universidade e retornar como força de trabalho ao mercado."
Para Patrícia, a falta de investimentos em educação associado à cor ou raça só tem apresentado um resultado: a morte. "O preto da periferia, principalmente o menino, é mais um corpo a ser contado no chão. Mas as comunidades são lugares de vida em todos os sentidos produção de arte, cultura. Infelizmente, o problema é que a violência tem imperado", finaliza.
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