Um total de 200 tambores foram disponibilizados para as cidades de Conceição da Barra, Linhares e São Mateus armazenarem o óleo que chegar ao litoral capixaba. As manchas têm poluído as praias do Nordeste. Os últimos registros é de que elas já atingiram o Sul da Bahia, a pouco mais de 500 quilômetros da divisa do Estado.
Os recipientes, com capacidade de 200 litros ou 200 quilos, contam com tampa e vão evitar que a contaminação atinja outras regiões, onde forem armazenados. De acordo com o secretário de Meio Ambiente de Conceição da Barra, André Tebaldi, a medida faz parte das ações que já estão sendo adotadas pelo gabinete de crise emergencial.
O órgão é responsável por elaborar um plano de ação e monitoramento dos efeitos que podem ser causados caso a substância atinja as praias do município. "Recebemos informações de que em outras regiões do Nordeste o armazenamento da substância foi feito em sacos de lixo, e eles acabaram reagindo ao sol e contaminando outras áreas", relatou.
Para evitar o problema, ele vai lançar mão dos tambores doados ao município pela Nova Recicla e ainda de Big Bags (grandes bolsas) doadas por outra empresa, a Alcon. "Vamos recolher o material e armazenar temporariamente nestes tambores. A empresa que os doou também está nos orientando sobre a destinação. Vão ser levados, com o material recolhido das praias, para um pátio de transbordo de resíduo doméstico do município. Vão ficar em um galpão fechado, com piso impermeabilizado, até que o Iema (Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos) e o Ibama (Instituto Brasileiro de Meio ambiente e Recursos Renováveis) nos informem a destinação do material no Estado", explicou Tebaldi.
O diretor da empresa Norte Recicla, especializada em resíduo industrial, Luiz Mário Freitas, explicou que os tambores doados já estão separados no pátio de sua empresa e vão ser enviados para os municípios no momento em que precisarem. "Assim que o secretário André Tebaldi, por exemplo, nos acionar, em uma três horas eles serão entregues", conta.
De acordo com Freitas, os tambores foram utilizados para o transporte de frutas e, após o uso, viraram resíduo. Alguns são transformados em lixeiras, outros vão para o processo de reciclagem. "Ficamos sensibilizados com a situação ao ver a forma como o material vem sendo coletado no Nordeste, em sacos plásticos, que podem causar outros danos ao meio ambiente", explicou.
Ele também ofereceu um ônibus de sua empresa, com equipe, que é preparado para atuar em situações de emergências ambientais. "A equipe pode atuar, por exemplo, orientando os voluntários que vão ajudar na limpeza, sobre equipamentos de segurança que devem ser utilizados, como recolher e descartar o óleo e até os próprios equipamentos que utilizarem", explicou.
Na avaliação de Freitas, o óleo que vem sendo recolhido das praias pode ser reutilizado em outros processos industriais. "A indústria de cimento, por exemplo, para a queima de seus fornos. Uma forma de reaproveitar este material e economizar", pondera.
De acordo com Tebaldi, Conceição da Barra conta com pelos menos 12 praias, algumas delas desertas. A contaminação em qualquer uma delas preocupa, explica, mas o risco é maior nas áreas de mangue, onde a limpeza é mais complicada. "Temos mangue em Guaxindiba e o do Rio Cricaré. O manguezal é um berçário de reprodução de várias espécies e ainda não sabemos uma forma de fazer a contenção para impedir que o óleo contamine estas áreas", relatou.
Ele explica que em outras regiões do país foi feito o isolamento com boias de contenção, mas o resultado não foi satisfatório. Ele segue amanhã para Porto Seguro, onde participará de um curso de capacitação em organizar ações de enfrentamento do avanço da mancha de óleo.
Como parte das ações de prevenção, a cidade já abriu um cadastro municipal de voluntários. O objetivo é já ter o contato das pessoas que se voluntariarem a atuar na limpeza das praias e mangues caso ocorra a contaminação. "A pessoa pode doar seu trabalho ou até oferecer algum tipo de atividade em que é especialista ou equipamento, na localidade em que reside. Vão ser direcionados para os locais à medida em que a demanda surgir", explica Tebaldi.
Mas ele avalia que ainda não se sabe se o óleo vai atingir o litoral capixaba e, caso isto aconteça, se as praias de Conceição da Barra vão ser afetadas. "Ainda há muita especulação sobre o assunto. O que estamos fazendo é nos preparar para uma situação emergencial. E, neste caso, sujou, vamos limpar logo. Uma ação enérgica e continuada", explica.
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