O ex-ministro da Fazenda Ernane Galvêas morreu na noite desta quinta-feira (23), aos 99 anos, no Rio de Janeiro. Ele também foi presidente do Banco Central e atuava como assessor econômico da Confederação Nacional do Comércio (CNC).
Ernane estava no Hospital Samaritano, em Botafogo, zona sul do Rio. No início da semana, economista havia se submetido a uma cirurgia na garganta. O ex-ministro deixa dois filhos, duas netas e três bisnetos.
O ex-ministro nasceu em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado, em 1º de outubro de 1922. Ele era graduado em ciências contábeis, economia e direito. Realizou cursos de extensão no Instituto de Economia de Wisconsin, nos Estados Unidos, e no Centro Monetário Latino-Americano, na Cidade do México. Era mestre em Economia por Yale (EUA).
TRAJETÓRIA
O ex-ministro ingressou em 1942 no Banco do Brasil, foi chefe-adjunto do Departamento Econômico da Sumoc (Superintendência da Moeda e do Crédito) e assessor econômico do então Ministério da Fazenda na década de 1960.
Ele também foi presidente do Banco Central do Brasil por dois períodos, de 1968 até 1974 e de 1979 até 1980.
Segundo a publicação "História Contada do Banco Central do Brasil", na visão de Galvêas, apesar de o Brasil ter vivido o milagre econômico no início da década de 1970, a desorganização oficial do ensino no país era o principal fator responsável pela piora da distribuição de renda relativa no período.
Após o primeiro período na presidência do Banco Central, em março de 1974, Galvêas ingressou no setor privado, como presidente da Aracruz Celulose.
Ele exerceu o cargo de ministro da Fazenda no fim da ditadura militar, durante o governo do general João Baptista de Figueiredo, de janeiro de 1980 a março de 1985. Nessa década, o país assistiria a um dos períodos econômicos mais turbulentos de sua história, marcado pela hiperinflação, que só seria controlada mais tarde, com o Plano Real.
Durante suas passagens pelo governo, o país também enfrentou recessão mundial, crise do petróleo, escalada de juros e crise na balança de pagamentos, tendo sido contemporâneo de Antônio Delfim Netto (ex-ministro da Fazenda, da Agricultura e do Planejamento) no governo.
"Foi o período mais difícil da história econômica do Brasil. Foi quase um milagre ter-se atravessado o período apenas com uma ligeira recessão nos anos de 1981 e 1983. Isso representou um preço mínimo para quem teve de enfrentar todas as agressões da área externa, os problemas internos, e conseguiu fechar o ano de 1984 com US$ 27 bilhões de exportações, US$ 13 bilhões de saldo na balança comercial e US$ 8 bilhões de reservas, e a economia crescendo a quase 6% ao ano. Evidentemente, à custa de uma inflação de 200%", disse, à publicação do BC.
Ele também era membro do Conselho Diretor da Fundação Getulio Vargas, da Academia Internacional de Direito e Economia e presidente de honra da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
"O País perde uma referência não apenas na área econômica, mas um humanista de primeira grandeza, de uma estatura intelectual admirável", lamentou o presidente da CNC, José Roberto Tadros, por meio de nota.
"Com seu conhecimento, sua experiência e sabedoria, ajudou a CNC e o Brasil a serem maiores. Pessoalmente, perco um grande amigo, cuja convivência sempre foi marcada pelo afeto, respeito e admiração."
NOTA DE PESAR
A Confederação Nacional do Comércio de bens, Serviços e Turismo (CNC) emitiu uma nota de pesar o "falecimento do consultor econômico da presidência e presidente do conselho técnico da entidade". Confira o documento na íntegra.
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