Maria Alice Paoliello Lindenberg, com a vida e a carreira no ramo da Comunicação Corporativa marcadas pela discrição, gentileza, firmeza e elegância, morreu, na madrugada desta quinta-feira (15), aos 87 anos, por insuficiência respiratória devido a complicações de fibrose cística.
Dona Maria Alice estruturou e desenvolveu a área de relações institucionais da Rede Gazeta a partir de 1987, comandando os trabalhos até 2014, sempre determinada e competente. Lidou com as atividades de lá como missões de transformação social, muito antes disso virar uma diretriz entre as empresas que hoje buscam formas de seguir nessa direção.
Antes do caminho corporativo, Maria Alice foi repórter de Cultura do jornal A Gazeta, no Caderno Dois, onde entrou em 1983, deixando clara sua inclinação para as artes e movimentos culturais de modo geral.
Maria Alice Lindenberg
Além de jornalista, era pedagoga. E da sala dela saíram projetos que mudariam para sempre a vida de milhares de professores na arte de ensinar ou que apoiariam artistas a ajudar as pessoas na arte de viver. Foi assim com o A Gazeta na Sala de aula, o Projeto Educar e nos inúmeros apoios culturais, entre alguns dos mais evidentes os de incentivo à Orquestra Sinfônica do Espírito Santo. O envolvimento de dona Maria Alice era integral aos projetos, mas A Gazeta na Sala de Aula era um dos que mais se orgulhava em participar. Era reconhecidamente o corpo e a alma da Rede Gazeta para causas sociais, e consolidou valores nesse sentido que permanecem intactos na cultura da empresa.
O olhar sensível e a firmeza de suas ações também viabilizaram a participação fundamental dela em projetos filantrópicos que, além de transformar, salvam vidas. Foi vice-presidente da Ação Comunitária do Espírito Santo (ACES), apoiou programas voltados a jovens em situação de vulnerabilidade, proporcionando acesso à cultura e auxiliando na busca pelo primeiro emprego. Também atuou a favor da criação da Associação Feminina de Educação e Combate ao Câncer (Afecc), da Associação Capixaba contra o Câncer Infantil (Acacci) e do Selo Compromisso com a Criança, que destacava empresas que tinham atuação agregadora nessa área e demonstrassem transparência nas ações.
Aliás, sempre foi defensora da transparência e preocupada com a humanização das relações de trabalho. Maria Alice instituiu uma política interna de comunicação direta entre empresas e funcionários e criou canais para que os colaboradores pudessem ser ouvidos na Rede Gazeta.
“Se nossa empresa age dentro da lei, não precisamos esconder nada. Não há informações que não possam chegar aos nossos funcionários”, disse Maria Alice em entrevista para o livro Comunicação Organizacional - Um século de história no mundo e 50 anos no Espírito Santo, em 2006.
"Inicialmente, muitos capixabas olharam com desconfiança o fato de uma empresa privada abrir espaço para discussões abertas, com indispensável participação popular. Entretanto, aos poucos, a sociedade foi se acostumando a presenciar em nossa casa encontros democráticos, onde cada um, independente da riqueza, sexo, raça ou credo, pode manifestar suas vontades e contribuir com suas ideias para as mudanças reclamadas por um Estado que cresce", contou em artigo publicado em A Gazeta, em 1988.
Filha de Lino Paoliello e Alice Marreco Paoliello, Maria Alice nasceu em 17 de fevereiro de 1937, em Itarana, região Central Serrana do Espírito Santo. Foi casada por mais de 30 anos com o empresário, músico e jornalista Cariê Lindenberg, fundador da Rede Gazeta, que faleceu em 2021. Com ele teve três filhos - Carlos Fernando (Café), Letícia e Beatriz; cinco netos - Eduardo, Mariana, Carlos Fernando, Carolina e Antônio; e o bisnetinho Cristiano.
Dona Maria Alice se retirou da vida pública em 2020, por ocasião da pandemia de Covid-19. Desde então, passava o tempo com a família.
Sua despedida cristaliza a trajetória de uma capixaba que ensinou lições de ética, empatia e generosidade e mostrou, na prática, como a comunicação pode construir pontes que levam ao desenvolvimento social de verdade.
Maria Alice Lindenberg
Velório
O velório será realizado hoje (15), de 14h às 17h, no cemitério Parque da Paz, na Ponta da fruta, em Vila Velha. Em seguida, o corpo será cremado em cerimônia restrita à família.
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