O arquiteto Paulo Mendes da Rocha morreu, aos 92 anos, na madrugada deste domingo (23). Ele tinha um câncer de pulmão e estava internado em São Paulo. A morte foi confirmada pelo filho dele Pedro Mendes da Rocha ao jornal Folha de S. Paulo. O capixaba – vencedor de diversos prêmios internacionais, entre eles o Pritzker, considerado o "Nobel" da arquitetura – foi quem projetou o Cais das Artes, em Vitória.
Nascido no Centro de Vitória, em 1928, Paulo Mendes da Rocha era considerado o maior arquiteto brasileiro vivo. São de autoria dele obras emblemáticas, como o Museu dos Coches, em Portugal; a Pinacoteca de São Paulo; o Museu da Língua Portuguesa, também na capital paulistana; e o estádio do Serra Dourada, em Goiânia (GO), inaugurado em 1975 e apontado, por muitos anos, como o mais moderno do país.
No Estado, uma das obras mais importantes do capixaba é o Cais das Artes. No projeto, o teatro, que está com as obras paralisadas por decisão judicial, tem 600 metros quadrados com 1,3 mil lugares e um vão livre de mais de 25 metros de altura até o teto. O museu compreende um espaço de 2,3 mil metros quadrados com auditório para 225 pessoas, cinco salas de exposições, biblioteca, cantina, recepção e cafeteria.
Segundo o arquiteto, a obra foi pensada para ser capaz de receber espetáculos de grande porte, além de ser uma ferramenta para projetos educativos.
Em atividade desde 1955, Paulo Mendes da Rocha foi descoberto pelo mundo na década de 1990, quando as imagens da Pinacoteca de São Paulo, projetada por ele, circularam em revistas estrangeiras.
Paulo Mendes e o também arquiteto Oscar Niemayer foram os únicos brasileiros a conquistarem o "Nobel" da arquitetura. O capixaba também é ganhador do Leão de Ouro, em Veneza; do Imperiale, no Japão; e de uma medalha de ouro do Royal Institute of British Architects (Riba), do Reino Unido.
O pai dele, Paulo de Menezes Mendes da Rocha, era engenheiro e, com o sogro – o empreiteiro Serafim Derenzi, pai da mulher dele, Angelina Derenzi –, desenvolveu um loteamento na Praia Comprida, em Vitória, que mais tarde, com os aterros na década de 1970, se tornou o bairro da Praia do Canto.
Em entrevista para A Gazeta, em março de 2020, Paulo Mendes da Rocha contou que o Cais das Artes foi um projeto desafiador e "louvou" as movimentações para terminar a obra. "É importante continuar com a construção e tirar dela o incômodo rótulo de inacabada", contou.
Na época, ainda em atividade, o arquiteto disse que ainda não pensava em se aposentar, mesmo aos 91 anos de idade.
"É preciso ter coragem para enfrentar a vida, que é sempre uma surpresa. Me perguntam se penso em aposentadoria, acho que não. Mas garanto que, se eu parar um dia, vou curtir mais as belezas de Vitória, mesmo morando muito bem em São Paulo", projetou.
O arquiteto deixa a mulher, Helene, e os filhos Renata, Guilherme, Paulo, Pedro, Joana e Naná.
HOMENAGENS AO ARQUITETO
O governador Renato Casagrande (PSB) lamentou, no Twitter, a morte de Paulo Mendes da Rocha. "Deixou sua marca na história", escreveu neste domingo.
O ex-governador Paulo Hartung (sem partido), que comandava o Estado quando convidou Paulo Mendes da Rocha para projetar o Cais das Artes, também se manifestou sobre a morte do arquiteto.
"O mundo certamente terá menos beleza sem os traços marcantes do arquiteto e urbanista Paulo Mendes da Rocha, morto hoje. Capixaba, Paulo deixou sua assinatura em obras e projetos cruciais para a cultura, como a Pinacoteca e o Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo, o Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, e o projeto do Cais das Artes, no Espírito Santo. Meus mais sinceros sentimentos à família e aos amigos", afirmou, por nota.
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