O mundo do futebol perdeu o seu Rei. Morreu na tarde desta quinta-feira (29), aos 82 anos, Edson Arantes do Nascimento, o Pelé. O ex-jogador estava internado desde o dia 29 de novembro, no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em tratamento de um câncer no cólon, descoberto no ano passado e que já estava em metástase em outros órgãos.
A morte de Pelé ocorreu às 15h27 desta quinta (29). O velório acontecerá na Vila Belmiro, estádio que foi sua casa durante 18 anos. Ele será enterrado no Memorial Necrópole Ecumênica, em Santos, onde o Rei do futebol tinha um espaço reservado desde 2003.
"O Hospital Israelita Albert Einstein confirma com pesar o falecimento de Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, no dia de hoje, 29 de dezembro de 2022, às 15h27, em decorrência da falência de múltiplos órgãos, resultado da progressão do câncer de cólon associado à sua condição clínica prévia. O Hospital Israelita Albert Einstein se solidariza com a família e todos que sofrem com a perda do nosso querido Rei do Futebol", disse o hospital, em nota.
Nascido em Três Corações (MG), Pelé foi coroado como Rei do Futebol logo em sua primeira Copa do Mundo, em 1958. Com apenas 17 anos, encantou o planeta com lances mágicos e gols incríveis, levando o Brasil à conquista do primeiro título mundial. Feito que repetiria depois em 1962 e 1970, tornando-se até hoje o único jogador a conquistar por três vezes a Copa do Mundo.
Pela Seleção Brasileira, Pelé disputou 91 jogos. Ainda é o goleador máximo da equipe, com 77 gols, marca que foi igualada por Neymar durante a Copa do Mundo do Catar.
Carreira no futebol
No Santos, Pelé também deixou marcas históricas. Criado em Bauru (SP), o craque foi levado para o time da Vila Belmiro em 1956, pela mãos de Waldemar de Brito, seu técnico no Bauru Atlético Clube. Com apenas 15 anos, ele encantou o então treinador do time santista, Luís Alonso Pérez, o Lula, e foi contratado. E estreou como jogador profissional em 7 de setembro de 1956, num amistoso contra o Corinthians de Santo André, marcando um dos gols na vitória santista por 7 a 1.
Foram 18 anos jogando pelo Santos, entre 1956 e 1974. Período em que conquistou 45 troféus, com destaque para dois títulos mundiais e duas Libertadores, ambos em 1962 e 1963. No total, fez 1.116 jogos e marcou 1.091 gols pelo clube praiano.
O milésimo gol na carreira foi um momento histórico. No dia 19 de novembro de 1969, em uma partida do Santos contra o Vasco, no Maracanã, o Rei alcançou a marca, em uma cobrança de pênalti, vencendo o goleiro Andrada. Depois do gol, Pelé pegou a bola no fundo da rede e a beijou. O jogo parou por 20 minutos para que o Rei desse uma volta olímpica no estádio, sendo aplaudido até por torcedores vascaínos. O gol foi dedicado pelo craque às "crianças e pessoas pobres" e aos "velhinhos cegos".
Antes de encerrar a carreira, o Rei ainda defendeu o New York Cosmos, com a missão de ajudar a desenvolver o futebol nos Estados Unidos, entre 1975 e 1977. Nesse ano, no dia 1º de outubro, Pelé se despediu oficialmente dos gramados, em uma partida entre o Cosmos e o Santos. No discurso fina, Pelé repetiu por três vezes a palavra "love" (amor) para o público.
Com essa carreira vitoriosa e com tanto talento, Pelé também ajudou a criar a mística da camisa 10, que passou a ser consagrada aos grandes craques dos times e das seleções a partir do sucesso do Rei no Santos e na Seleção Brasileira.
Pelé também atingiu a marca histórica e inalcançável até hoje de 1.283 gols na carreira, marcados entre 1956 e 1977. Por seus feitos, foi escolhido pela Fifa como o melhor jogador do século XX e também foi eleito o Atleta do Século,, pelo jornal francês L'Equipe.
Doença descoberta em 2021
Pelé iniciou tratamento contra um tumor no cólon em 2021. Ele precisava ir ao hospital com frequência para dar seguimento ao atendimento e avaliação. Na segunda quinzena de janeiro, o Hospital Albert Einstein confirmou que Pelé esteve no local para passar por mais exames de avaliação.
No tratamento contra o câncer, ele já foi submetido a uma cirurgia para retirada do tumor no mesmo hospital em setembro do ano passado. Sua saúde já havia sido assunto no início do ano, quando exames constataram a metástase que atingiu o intestino, pulmão e o fígado.
No dia 2 de dezembro, reportagem da Folha de S.Paulo informou que o ex-atleta havia deixado de responder à quimioterapia, no tratamento contra o câncer, e havia passado a receber cuidados paliativos.
Na quarta-feira (21), o hospital divulgou um boletim médico informando que Pelé estava precisando de cuidados relacionados às disfunções renal e cardíaca.
"Internado desde 29 de novembro para uma reavaliação da terapia quimioterápica para tumor de cólon e tratamento de uma infecção respiratória, Edson Arantes do Nascimento apresenta progressão da doença oncológica e requer maiores cuidados relacionados às disfunções renal e cardíaca", dizia o boletim, assinado pelos médicos Fábio Nasri, Rene Gansl e Miguel Cendoroglo Neto.
No mesmo dia, uma das filhas de Pelé, Kely Nascimento, publicou em sua conta no Instagram que o pai passaria o Natal internado no hospital.
"Família do insta, o nosso natal em casa foi suspenso. Nós decidimos com os médicos que, por várias razões, será melhor a gente ficar por aqui mesmo, com todo esse cuidado que esta nova família… Einstein nos dá!! Nós, como sempre, agradecemos todo o carinho que vocês transmitem aqui no Brasil como do mundo inteiro! O seu amor por ele, as suas histórias e a suas preces são um conforto ENORME, porque sabemos que não estamos sós".
Cenas da carreira e da vida de Pelé
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