Adultos que convivem com crianças devem ficar atentos aos sinais que vítimas de abusos sexuais costumam manifestar. Mudanças físicas, sexuais, no comportamento e na escola podem apontar a existência de algum tipo de violência.
A doutora em Psicologia Forense Arielle Scarpati ressalta que cada criança reage de uma forma à violência sexual, mas alguns indicativos são comuns, e, quando analisados em conjunto, servem como alerta. Caso o abuso seja constatado, a polícia deve ser procurada.
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"É importante que as pessoas interpretem esses sinais em conjunto e não de forma isolada. Se a criança apresenta um comportamento sexualizado, por exemplo, não quer dizer que ela foi vítima de um abuso, pode ser que ela esteja só descobrindo o próprio corpo. Agora se além disso ela passa a apresentar outras mudanças no comportamento, na escola, pode ser que ela tenha sido vítima de algum tipo de violência", pondera.
FIQUE ATENTO AOS SINAIS
Físicos
- Roupas rasgadas
- Manchas de sangue
- Dificuldade para caminhar
- Dores nas partes íntimas
- Hematomas
- Infecções
Comportamentais
- Xixi na cama
- Aversão a contato físico
- Choro excessivo sem motivo aparente
- Mudanças alimentares
- Agressividade
- Tristeza profunda
Sexuais
- Masturbação frequente
- Apresentação de comportamento muito sexualizado
Na escola
- Queda ou aumento excessivo e pontual na frequência
- Pouca ou nenhuma participação nas atividades escolares
- Dificuldade de aprendizagem
- Apego muito grande a uma figura de proteção, como o professor.
PAIS DEVEM ALERTAR FILHOS DESDE CEDO
Para a psicóloga Cláudia Nery, falar sobre violência sexual não pode ser tabu no ambiente familiar. O diálogo é fundamental para que a criança entenda que aquilo é errado e se sinta a vontade para relatar qualquer tipo de atitude que viole o corpo dela.
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Com ajuda da psicóloga, o Gazeta Online preparou um tira dúvidas para auxiliar os pais, ou responsáveis pelas crianças, a abordar o assunto com os filhos.
Qual a idade que os pais podem começar a dar essas orientações?
A partir de 1 ano e meio e 2. Falar que só papai e mamãe pode dar banho. O responsável tem que falar que só pode encostar se a criança autorizar. Os pais têm que verbalizar para a crianças quem são as pessoas que podem tocar nelas. Ensinar a própria criança a lavar as partes íntimas para estimular a autonomia.
E quando a criança começa a ter os primeiros contatos sociais, quais os cuidados?
É com cinco a seis anos que a criança começa a ficar na creche e os pais têm que continuar a estimular o protagonismo e autonomia dela. Se tiver alguém oferecendo presentes, balas, doces tem que contar para o papai e a mamãe.
E em outros locais como festas de aniversário?
É muito importante a supervisão dos pais porque pode ter muita gente estranha. Muitas vezes a criança chega numa festinha e pai quer obrigar a criança abraçar. A criança tem que ser a protagonista. Se ela não quiser abraçar, não se deve insistir.
O diálogo é importante?
O ponto primordial é o diálogo. Esse assunto não pode ser tabu em casa. Se não tiver um diálogo entre eles, dificilmente a criança vai entender que aquilo é errado.
Onde acontece a maioria dos abusos?
Em casa com pessoas próximas, vizinhos, tios, pais. Existem pesquisas sobre isso.
Já que a maioria dos abusadores está próximo o que fazer?
A pessoa que cuida da criança precisa dar a orientação para que a criança não tenha vergonha de falar. Tem que estabelecer uma relação de confiança para que o cuidador saiba o que fazer.
Se a família é negligente, é na escola que se pode perceber também os sinais. E os educadores devem acionar o Conselho Tutelar. Por isso que eles precisam também estar atentos aos sinais.
Quais seriam esses sinais?
É importante que o pai o conheça: a criança estar acuadinha, quieta demais, ela pode sentir dores nas partes íntimas. Se for menina, verificar se ela tem alguma brincadeira sexualizada com a boneca. Se está chorando muito
E quando são adolescentes?
O isolamento social, agressividade, perda do apetite. Se o adolescente se tiver marcas, pode usar uma blusa de frio. São atitudes fora do contexto.
Como prevenir?
Respeitar o desejo da criança. Não forçar a criança a abraçar desconhecidos. Se a criança desde pequena conhecer o corpo dela ajuda bastante.
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