Socos, chutes, tentativas de estrangulamento, uma cadeirada na cabeça e ameaças de morte. Por uma hora e meia, uma mulher de 45 anos ficou refém dessas agressões e outras torturas praticadas pelo namorado, com quem ela se relacionava há três meses. O caso aconteceu dentro do apartamento da vítima, em Jardim da Penha, Vitória, no último domingo (28).
Em entrevista à GAZETA, a mulher contou os momentos de terror que viveu, as tentativas de fugir das agressões e o alívio ao saber que o namorado foi preso.
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Como era o relacionamento de vocês?
Era normal, tranquilo. A gente estava se conhecendo, estava juntos há três meses, mas ele nunca tinha sido agressivo, nunca tentou me bater.
Como as agressões começaram?
A gente tinha recebido amigos lá em casa e ele estava cozinhando. Me chamou para comer, eu disse que estava sem fome. Quando nossos amigos saíram, ele ficou extremamente agressivo, já começou a me estrangular, jogou minha cabeça na parede.
Qual foi sua reação na hora?
Eu tentei me defender chegando para trás, tentei pegar uma faca, mas eu não conseguia segurar, comecei a perder os sentidos. Eu tentei abrir a porta para ele ir embora, pedi por favor para ele sair, que eu não ia falar para ninguém, eu estava com muito medo. Ele disse que não ia embora, que ia ficar comigo. Quando ele viu que eu estava tentando pegar uma faca, ele foi até a sala, pegou uma cadeira de madeira maciça e bateu na minha cabeça com força. Ele pegou uma cadeira que mal se consegue arrastar e levantou como se fosse uma pena para bater na minha cabeça.
E aí começaram as torturas...
Sim. Ele me arrastou pelo cabelo, da cozinha até a sala. Me levantou, me colocou na cama e aí começou uma sessão de tortura e espancamento que durou mais de uma hora e meia. Ele tentou me enforcar novamente, ficava ameaçando com a faca e me filmou já com o rosto inchado. Ele tentou por diversas vezes me fazer comer, levou a panela para a cama e disse: 'Agora você vai comer, vai comer com a mão'. Falou que ia me matar, mas que antes ia quebrar meus dedos. Depois disse que não ia me matar, que ia quebrar meus dentes, porque meu rosto era lindo e eu ia ficar desconfigurada. Fez uma série de ameaças, uma série de torturas, me deu diversos tapas e socos.
Ele também tentou te queimar?
Ele dizia que queria me desconfigurar. Prendeu meu cabelo e me levou até o fogão, falou que ia queimar meu rosto porque queria me ver feia. Eu pedi por favor para não fazer nada, tentei conversar dizendo que se eu ficasse feia, a gente não tinha como ficar junto, porque ele não gostava de mulher feia. Aí ele pegou meu dedo, "com muito carinho" e colocou para fritar no fogão.
Como você conseguiu fugir?
Quando ele foi pegar um copo d'água. Ele oscilava o comportamento e eu fui tentando conversar com ele. Às vezes ele pegava no meu braço, me arrastando com muita força e violência pela casa, e às vezes pegava na minha mão como se a gente estivesse andando como dois namoradinhos pela praia. Eu aproveitei isso e fui falando: 'Amor não faz isso'. Tentei acalmar ele, disse que meu filho ia chegar e não podia me ver daquele jeito. Aí pedi um copo d'água. Quando ele saiu para buscar eu abri a porta e corri pedindo socorro.
Como você recebeu a notícia da prisão dele?
Eu voltei a acreditar no ser humano. A minha tortura não durou só uma hora meia, mas até a delegada me ligar dizendo que ele tinha sido detido. A polícia me trouxe de volta à vida. Eu não morri nem me entreguei por causa do meu filho. Eu estou viva, consegui escapar com muita sorte e estou viva para ver meu filho crescer.
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