Quarta-feira, 18 de dezembro de 2019, Viana, Espírito Santo. Uma sala de aula. Apesar das carteiras e do ambiente escolar, o abrir e fechar das celas, nos lembrava, a todo momento, o local onde estávamos: o Complexo Penitenciário de Viana. Quase 10 anos depois de um crime que impactou a população do Estado, o pai que jogou as duas filhas de uma ponte em Nova Almeida, na Serra, falou com a reportagem de A Gazeta. Veja a entrevista completa no vídeo acima.
Condenado a 36 anos de prisão, o pedreiro Wilson da Conceição Barbosa, 46 anos, escuta o barulho das algemas, das portas de ferro e dos cadeados há quase uma década. Na Penitenciária de Segurança Média I, que faz parte do Complexo Penitenciário de Viana, ele cumpre pena por matar as filhas Luciene, de 4 anos, e Luciana, de 2 anos. Ele jogou as meninas de uma altura de 10 metros no dia 13 de abril de 2010. As crianças morreram afogadas. Na época, Wilson ficou conhecido como o “monstro da ponte”.
Na cadeia, o pedreiro, antes analfabeto, aprendeu a ler e a escrever, e agora possui documentos, como CPF e RG. Ele também começou a trabalhar com artesanato e restauro de bonecas. Mas não foi simples. No primeiro dia de aula foi atacado por detentos que não o aceitavam na sala. Precisou ter aulas particulares com outro preso. Hoje é aceito pelo grupo e pretende ser pastor quando sair.
HILÁRIO E ITIBERÊ
Além de Wilson, outros presos envolvidos em casos de grande repercussão estão na mesma unidade prisional. Entre eles, Hilário Frasson, ex-marido da médica Milena Gottardi e acusado de ser o mandante do assassinato dela, e Marcos Itiberê, que confessou ter matado a tiros e concretado o casal de filhos, de 7 e 9 anos de idade, no ano de 2000, em Vila Velha.
PONTOS FORTES
Na entrevista acima, alguns momentos são bastante intensos. O pedreiro conta o que diz lembrar do crime. Ele fala que se arrependeu e relata como era a convivência com a ex-esposa que, em muitos momentos, chama de “minha mulher”, como se ainda vivesse em 2010.
A relação com o tempo e a prisão ficava clara nos momentos em que ele precisava falar de números. Sempre começava a contar tudo nos dedos a partir do ano em que foi preso, até mesmo a própria idade e a das filhas - mais um ponto forte da conversa.
A reportagem ficou cerca de uma hora com Wilson na prisão, sempre acompanhada do diretor da unidade e da assessoria de imprensa. Durante toda a conversa, ele reconhecia que já bateu na ex-mulher e pedia perdão pelo que fez. Em alguns momentos, parecia confuso, alegando não se recordar claramente dos fatos.
LIBERDADE
Wilson não tem advogado. Segundo informações obtidas pela reportagem na prisão, ele deve ficar pelo menos mais quatro anos em regime fechado, para que possa tentar a progressão de regime e cumprir o resto da pena fora da prisão no semiaberto. Quando e, se isso acontecer, o pedreiro afirma que membros da igreja que o acompanham na penitenciária irão conseguir emprego e casa para ele morar com a mãe. Quando sair, sonha em ser pastor.
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