A campanha eleitoral está na reta final e, na Serra, os candidatos têm dado as últimas cartadas para tentar vencer ou chegar ao segundo turno. Com a largada na frente do deputado federal Sergio Vidigal (PDT), que apareceu em pesquisa Ibope divulgada em 19 de outubro com 46% das intenções de voto, há a possibilidade de que, se a votação repetir o resultado da sondagem, o ex-prefeito possa se eleger ainda no primeiro turno.
No primeiro levantamento do Ibope, o deputado estadual Vandinho Leite (PSDB) e o vereador Fabio Duarte (Rede) candidato apoiado pelo atual prefeito, Audifax Barcelos (Rede), ainda aparecem sem força para polarizar com Vidigal, papel que foi desempenhado por Audifax nas últimas duas eleições.
À exceção de Fabio e Vidigal, todos os outros candidatos entoam o discurso de que a cidade precisa de renovação, sair do ciclo de Audifax e Vidigal, que se alternam na prefeitura desde 1997. Alguns levantam essa bandeira mais alto, outros a levam de maneira mais discreta.
Vandinho começou a campanha apostando na onda bolsonarista para vencer a dupla, ao colocar como vice em sua chapa o médico Afonso Pimenta (PSDB), que é um dos membros do Aliança pelo Brasil, partido que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tenta criar. A união foi feita com as bençãos do ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido), um dos principais apoiadores de Bolsonaro no Espírito Santo.
Contudo, a estratégia ainda não deu resultado. Na Serra, há empate técnico entre os eleitores que consideram o governo federal bom ou ótimo (35%) e os que o avaliam como ruim ou péssimo (33%). Nas últimas semanas, Vandinho apostou no público evangélico, promovendo um jejum espiritual para vencer as eleições. Em uma crítica aos últimos administradores, ele registrou uma declaração em cartório garantindo que não tentará a reeleição, se for eleito.
A batalha entre os adversários que aparecem à frente nas pesquisas também é travada na Justiça Eleitoral. Um dos primeiros movimentos nesse campo foi feito por Fabio Duarte, ao impugnar, ou seja, contestar, a candidatura de Vidigal, ação que acabou rejeitada. A tentativa tinha como base uma condenação do ex-prefeito em segunda instância, por nepotismo. Nesse processo, contudo, ele não teve os direitos políticos suspensos.
A chapa de Fabio ainda move um processo contra Vidigal por uso irregular de outdoor e outro, em que tenta impugnar a candidatura de Vandinho, segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES). O tucano, contudo, é o campeão de acionamentos da Justiça: são três processos movidos por Vandinho contra Fabio Duarte, dois contra Vidigal e um contra Alexandre Xambinho (PL).
O principal trunfo que Fabio tem utilizado na campanha é a base de votos do prefeito Audifax Barcelos. Nos bastidores, a avaliação dos aliados é que se ele conseguir chegar ao segundo turno pode ter uma chance de vencer Vidigal. O raciocínio feito por eles é de que, nas duas vezes em que Vidigal enfrentou Audifax, o pedetista venceu no primeiro turno, mas, por ter rejeição considerável na cidade, acabou perdendo no segundo.
Fabio também tem a seu favor o investimento feito pela Rede. O partido de Marina Silva repassou R$ 781.960 dos R$ 896.368,42 em recursos que o vereador tem para gastar na campanha.
O candidato retirou seu sobrenome do nome de urna e dos materiais de campanha, apostando em Audifax como puxador de votos. Uma revista distribuída pela Rede para as eleições até foi retirada de circulação, já que a capa, ao pedir votos para o candidato do partido, trazia apenas a foto do prefeito sozinho, que não disputa a eleição por estar no segundo mandato consecutivo na cidade. Em uma ação movida pelo PSC, a Justiça Eleitoral proibiu a distribuição da publicação.
Quem surfou na onda da retirada da revista de Fabio das ruas foi a chapa de Vidigal, mas não por ele, diretamente. Nas redes sociais, o deputado federal, à frente nas pesquisas, evita publicar ataques a adversários. Quem tem assumido esse papel é o vice na chapa, Thiago Carreiro (Cidadania), que não só criticou Fabio pela "revista milionária", como defendeu Vidigal de panfletos apócrifos.
As publicações, despejadas em pontos de grande circulação na Serra durante a madrugada, enumeravam processos judiciais em que Vidigal é réu, além da condenação que o ex-prefeito tem, por improbidade administrativa.
Os deputados estaduais Bruno Lamas (PSB) e Alexandre Xambinho (PL) ainda enfrentam dificuldades para conseguir aumentar o alcance de votos na cidade. Bem votados no município em eleições para deputado estadual e, no passado, para vereador, ainda não conseguiram mostrar que podem alcançar boas votações como candidatos a prefeito. Pelo menos é o que aponta a pesquisa Ibope.
Bruno ainda não recebeu o esperado apoio do governador Renato Casagrande (PSB). A vice-governadora do Estado, Jacqueline Moraes (PSB), até gravou vídeo anunciando que ela e o governador estão com Bruno no município, mas Casagrande não marcou presença, diretamente, na candidatura dele. O deputado chegou a usar um vídeo em que aparece com o governador, mas as imagens eram de 2018, apesar de terem sido usadas como se fossem recentes.
E, por falar em Casagrande, a falta de apoio direto a Bruno talvez possa ser explicada pelo fato de ele ter outro aliado da disputa, que não é do PSB, mas do mesmo campo político: Vidigal.
Bruno Lamas, cujo DNA está literalmente na atual gestão a mãe do candidato, Márcia Lamas (PSB), é vice de Audifax também se vale, de maneira discreta, do discurso de renovação, colocando-se como uma alternativa aos dois últimos prefeitos.
Xambinho foi outro candidato a se vender como opção para pôr fim ao ciclo Audifax-Vidigal. No entanto, ele deixou a Rede, do atual prefeito, há menos de um ano. Foi o partido pelo qual se elegeu vereador e deputado estadual, o que dificulta o afastamento da atual gestão. O parlamentar tem como novo padrinho o ex-senador Magno Malta (PL). O candidato também se utilizou de um vídeo de apoio gravado pelo pastor Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
As caras novas da eleição, dos quatro candidatos que não tinham mandato antes do pleito, têm enfrentado dificuldades para ultrapassar a barreira dos dois pontos percentuais na pesquisa Ibope. Eles fizeram parte, em agosto, de um grupo de partidos que defendeu que a Serra tivesse horário eleitoral próprio na TV, o que até chegou a ter uma sinalização positiva por parte do TRE, mas depois, por medo da falta de recursos, os próprios partidos se dividiram e a eleição ficou sem essa ferramenta.
Já que ficaram sem a TV para se apresentar ao eleitorado, eles têm tentado ganhar espaço pelas redes sociais. Até os últimos dias, eles também fizeram caminhadas pelos bairros, algo que agora é proibido pela Justiça Eleitoral.
Luciana Malini (PP) foi a candidata desse grupo que teve mais pontos percentuais, com 2% das intenções de voto, segundo o Ibope. Nas redes sociais, ela aposta em seu trabalho à frente da Secretaria de Políticas para Mulheres da Serra e posa ao lado do marido, o ex-deputado estadual Jamir Malini (PP), que pode lhe render alguns votos de suas eleições passadas.
O empresário Ebinho Moraes (PCdoB) tem apostado no perfil do candidato que não tem ligação com grandes caciques locais e, de fato, não posou com nenhuma liderança durante a campanha. A estratégia dele é se mostrar como um usuário dos serviços públicos da Serra e alguém que está "mais próximo do eleitor", como gosta de frisar. Nas redes sociais, é o que tem menos seguidores. Tem, porém, a sexta maior receita de campanha, com R$ 158 mil disponibilizados pelo partido para ele.
A delegada Gracimeri Gaviorno (PSC) não pontuou na pesquisa Ibope, mas ganhou o reforço em sua campanha do deputado federal Felipe Rigoni (PSB), que tem a mesma origem política que ela, já que ambos foram alunos do RenovaBR, um movimento cívico que busca formar novas lideranças. Ela tem apostado em abordar durante a campanha o que desenvolveu em sua área profissional, a segurança pública e o trabalho voltado a evitar a violência contra a mulher.
Com situação eleitoral ainda irregular, Márcio Greik (MDB) que usa o nome Delegado federal Márcio na urna segue brigando com o partido para ser candidato a prefeito na cidade. A candidatura dele já foi rejeitada pelo TRE-ES, mas ainda cabe recurso. A estratégia de campanha dele é se colar no apoio a Bolsonaro. Márcio já foi até a Brasília, segundo ele, para buscar a ajuda de movimentos de direita.
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