O governador Renato Casagrande (PSB) enfatizou que o comportamento do governo federal em relação à pandemia do coronavírus tem sido mais danoso para o Espírito Santo do que a própria falta de apoio financeiro e de estrutura enviada pelo Ministério da Saúde. Em entrevista coletiva nesta quinta-feira (30), Casagrande comentou sobre a primeira reunião realizada com o novo ministro da Saúde, Nelson Teich, na qual ele pontuou a necessidade de respiradores, do credenciamento de leitos, e de ampliar o valor do leito pago.
Até agora, já foram repassados cerca de R$ 55 milhões para o Espírito Santo e seus municípios pela pasta. Para o governador, o que tem prejudicado o Estado não é a falta de auxílio do governo federal, que de algum modo está vindo, embora ainda que de forma tímida. O que está atrapalhando é a posição política, ao não reconhecer a gravidade da pandemia.
"O que atrapalha o nosso trabalho é o comportamento de algumas pessoas do governo, especialmente do presidente, porque os sinais são muito contraditórios, e isso acaba atrapalhando. Porque se eu estou aqui defendendo que a gente precisa dar a nossa contribuição para o isolamento social, e o presidente faz uma fala diferente, pratica atos diferentes, nos atrapalha muito. A energia que a gente tem gasto é muito grande, isso esgota a gente. É preciso que a gente caminhe na mesma direção. Seria muito mais fácil o trabalho", afirmou.
Nesta quinta-feira (29), o presidente Jair Bolsonaro voltou a criticar governadores e prefeitos, que foram frequentemente alvos dele por terem aderido às medidas de isolamento social para conter o vírus, enquanto o próprio presidente sabotava a estratégia. Agora, Bolsonaro diz que a culpa pelas mortes é das autoridades locais, eximindo-se da responsabilidade.
"O Supremo decidiu que quem decide essas questões [de combate ao coronavírus] são governadores e prefeitos. Então, cobrem deles. A minha opinião não vale. O que vale são os decretos dos governadores e prefeitos", afirmou Bolsonaro, ao lado de deputados aliados e diante de apoiadores.
"Desde o começo me preocupei com vida e emprego, porque desemprego também mata. Então essa conta tem que ser perguntada para os governadores", completou.
Casagrande criticou a postura.
"Quando não se tem um reconhecimento dessa realidade, isso acaba colocando dúvidas na cabeça dos brasileiros, dos capixabas, e dificulta o que estamos tentando fazer para administrar no sistema de saúde", criticou Casagrande.
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