Já se perguntou no que os eleitores deveriam se basear para decidir o voto? Conhecer o histórico pessoal e político dos candidatos, saber a atribuição de cada cargo e se as propostas apresentadas são possíveis de serem realizadas são alguns dos oito passos sugeridos em um guia preparado pelo Politize, site de educação política, em parceria com o movimento ES em Ação.
Em um ano eleitoral com recorde de candidaturas, é ainda mais importante ter o máximo de informações possíveis antes de decidir em quem votar. Eleições municipais costumam tratar da realidade local e das carências identificadas no dia a dia das cidades, por isso, é importante saber o que faz um vereador e o que faz um prefeito para julgar se, de fato, o que está sendo prometido poderá ser cumprido.
Além disso, é possível verificar, ao conhecer as diretrizes partidárias e ideológicas de cada candidato, quais se adequam mais ao posicionamento que o eleitor aprova. Veja quais são os passos:
O passo número um, para as entidades que desenvolveram o material, é pesquisar o histórico pessoal de cada candidato. É possível descobrir informações sobre o posicionamento ético e profissional dos que disputam as eleições fazendo pesquisas na internet e procurando o que já foi escrito sobre aquela pessoa em jornais.
Assim, é possível verificar se o posicionamento do candidato condiz com o que ele prega durante a campanha. Como o período eleitoral é propício para a propagação de desinformação, é importante averiguar se o que está publicado e circulando em redes sociais é verdadeiro ou não. A Gazeta atua verificando a veracidade de conteúdos que estão circulando sobre as eleições.
Na internet, também é possível encontrar, pelo site da Justiça Estadual, se o candidato está envolvido em processos ou se está quite com a Justiça. A Gazeta preparou reportagens com os perfis dos candidatos de algumas das principais cidades capixabas: Vitória, Vila Velha, Cariacica, Serra, Linhares e Colatina.
Em segundo lugar, na lista elencada pelo guia, está conhecer o histórico político dos candidatos. Existem nomes que serão testados nas urnas pela primeira vez, mas uma grande parte já ocupou ou ocupa um cargo político, como é o caso de prefeitos e vereadores que buscam a reeleição.
Nesses casos, é possível usar o site das Câmaras Municipais, Assembleia Legislativa e prefeituras para saber como foi a atuação daquele candidato durante os mandatos que exerceu.
Quais bandeiras defendeu, quais projetos propôs, como foi avaliado pela opinião pública e como investiu o dinheiro arrecadado por impostos, são algumas das perguntas que podem ser feitas para medir a atuação dos atuais candidatos e decidir se, aos olhos dos eleitores, eles merecem ficar por mais tempo nos cargos.
Ao conhecer o perfil pessoal, profissional e de atuação política de quem concorre a um cargo é possível medir afinidades, ou seja, considerar qual candidato pensa mais parecido com aquele eleitor que vai votar.
Esse terceiro ponto é importante, uma vez o voto é dado naquele que o eleitor escolhe para ser o seu representante. A Gazeta vai lançar uma ferramenta de compatibilidade para que eleitores encontrem os candidatos mais parecidos com seus posicionamentos.
No Brasil, é obrigatório pertencer a um partido para disputar uma eleição. Por isso, eleitores podem saber mais sobre seus candidatos ao conhecerem o posicionamento ideológico e história dos partidos aos quais eles pertencem. Com mais de 30 opções de legendas para integrar, é muito comum que os candidatos mudem de partido várias vezes.
Com isso, é possível ver quais candidatos mantêm uma fidelidade partidária, quais mais trocam de legenda e quais os critérios usam para trocar. Alguns políticos, por exemplo, saem de partidos da esquerda para integrar partidos da direita, sem se preocupar muito com a incoerência ideológica do movimento.
É possível descobrir por quais partidos os candidatos passaram vendo seus perfis na página de divulgação de candidaturas da Justiça Eleitoral, além de buscar reportagens que falem sobre o que está por trás dessas mudanças nos tabuleiros eleitorais.
A disputa por uma prefeitura ou Câmara Municipal costuma ser focada, tradicionalmente, nos problemas enfrentados no dia a dia dos moradores daqueles locais. É por isso que as pautas são menos ideológicas e mais voltadas, por exemplo, para infraestrutura, geração de renda e emprego, vagas em creches e escolas e situação do sistema de saúde.
Cada candidato, ao registrar a candidatura, apresenta um plano de governo onde lista as propostas de ação para diferentes eixos como saúde, educação e segurança pública no município. As ideias também costumam ser apresentadas em debates e propagandas eleitorais, e conhecê-las, destaca o guia, é uma das chaves para escolher bem um candidato. Quais são os planos daquele nome para os problemas enfrentados todos os dias? O que ele pode fazer de forma concreta?
O próximo passo, inclusive, se faz necessário para o entendimento das propostas. O sexto passo seria entender as atribuições de um cargo. Vereadores, por exemplo, não podem prometer vagas em creche, asfalto em ruas e a construção de obras públicas. Essas atribuições são exclusivas do prefeito, por isso, conhecendo o que cada cargo pode e não pode fazer é possível identificar quem está prometendo mais do que pode cumprir.
Promessas que não são realizáveis podem significar duas coisas: ou o candidato não tem conhecimento do cargo que pretende ocupar ou ele está agindo de má-fé, fazendo promessas simplesmente porque ele sabe que dão mais votos. Ambos os casos são sinais de que o candidato não é o mais indicado para assumir uma função tão importante, diz o guia.
Da mesma forma que é preciso saber o que se pode prometer, quem vai legislar ou comandar uma cidade precisa ser atento e respeitar leis.
O sétimo passo sugerido para escolha de candidatos, então, é o de que eleitores busquem informações sobre os gastos de cada candidato durante a campanha.
Desde 2015, na minirreforma eleitoral, foi proibida a doação de recursos por parte de empresas, o que faz com que cada candidato tenha menos recursos para aplicar nas campanhas do que antigamente.
Campanhas muito grandes e ações que usem pessoas jurídicas, seja empresas ou igrejas, para fazer propaganda eleitoral podem configurar o crime eleitoral de abuso de poder econômico e resultar até mesmo em perda de mandato para candidatos eleitos. O eleitor deve ficar atento. Sinais de que uma campanha está sendo muito cara podem indicar uso de dinheiro indevido, como nos casos de caixa 2, sugere a publicação.
Por último, mas igualmente importante, o guia aponta a necessidade de verificar se aquele candidato tem conhecimento da realidade do município que quer governar. O ideal, portanto, é prestar atenção nos discursos para perceber quais questões os candidatos consideram prioritárias e se essas pautas, de fato, fazem parte do dia a dia de quem convive no município.
Se o seu candidato faz um diagnóstico errado das necessidades da cidade, é sinal de que ele não está bem preparado para assumir o cargo, pontua o guia. Esse acompanhamento pode ser feito pelas redes sociais dos candidatos, pelos seus discursos e a ordem em que apresentam as propostas e quais consideram mais urgentes.
Para o diretor de Mobilização e Relacionamento do ES em Ação, Rimaldo de Sá, o guia é uma tentativa de instruir os eleitores a tomarem uma decisão mais embasada na hora do voto.
"Muita gente baseia o voto só em um ponto, sem considerar outros aspectos importantes. A ideia é fomentar um diálogo com mais informação sobre os candidatos. Desde o histórico pessoal, o partido, atribuição de cargo, gastos de campanha e, acima de tudo, que se cobre um diagnóstico da cidade para ver o quanto esse político está preparado para assumir um cargo", pontua.
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