No que depender do resultado das convenções partidárias em Colatina, não faltarão candidatos para disputar a cadeira de prefeito na cidade. No total, 12 nomes foram confirmados pelos partidos, quase metade deles formando chapas puro-sangue, que possuem candidato a prefeito e vice da mesma sigla. No entanto, algumas pré-candidaturas que foram inicialmente apresentadas declinaram, passando a apoiar outros candidatos. Essa situação deve continuar até o dia 26 de setembro, prazo final para pedido de registro de candidaturas à Justiça Eleitoral.
Mas o que mais movimentou o tabuleiro político na cidade foi, sem dúvidas, o anúncio do prefeito de Colatina, Sérgio Meneguelli (Republicanos), de que não vai disputar a reeleição. Ele chegou a constar entre os pré-candidatos do Republicanos no Estado, mas um dia após o fim do prazo para as convenções partidárias cravou que não vai participar da corrida.
Como era de se esperar, sem o prefeito no páreo, a disputa pelo Executivo municipal abre espaço para construção de novas alianças. Nisso, a influência do governador Renato Casagrande (PSB) pode ser decisiva no rumo do pleito.
A decisão de Meneguelli de não concorrer à reeleição mudou a situação do próprio Republicanos na cidade, mas mexeu, sobretudo, com as alianças dos partidos. Sem candidatura a prefeito, mas com planos de continuar no poder em Colatina, o partido tratou logo de se aliar a uma legenda que lhe garantisse a vaga de vice: o Patriota, de Luciano Merlo.
O Patriota já tinha registrado a composição de chapa com o presidente do sindicato dos Lojistas de Colatina, Moacyr Menegatti Junior, e tinha a indicação de vice do MDB, mas, com o aceno do Republicanos, o partido de Merlo convocou os aliados, mudou a ata e lançou Marcos Guerra (Republicanos) como vice. Tudo isso na quarta-feira (16), último dia para realizar as convenções partidárias e véspera do anúncio de Meneguelli.
Guerra e Merlo são velhos conhecidos, concorreram nas eleições de 2018 pelo mesmo partido, o PSL, e compartilham de uma visão ideológica semelhante. Eles representam a direita na cidade e agregam, na coligação, o MDB e PSDB, que tem como presidente Devacir Júnior, atual procurador da Prefeitura de Colatina.
"Eu e Marcos nos damos muito bem e temos visões bem parecidas para gerir a cidade. Vamos aliar nossa experiência e conhecimento para governar. Somos muito alinhados e por isso viabilizar essa chapa, após a decisão do Sérgio não foi difícil", declarou Luciano Merlo.
O reforço do Republicanos na chapa do Patriota movimenta uma outra ala na cidade, a da base do governador Renato Casagrande, que teve o controle da cidade em gestões passadas. Meneguelli, apesar de não ser um apoiador do governo, também não era considerado um adversário, o que deixava o PSB em uma situação não tão desconfortável.
Mas com a aliança de Marcos Guerra e Luciano Merlo, isso pode mudar. O Republicanos, que é dirigido em Colatina por Guerra, tem o deputado federal Amaro Neto (Republicanos) como um dos principais nomes da legenda e tem mostrado grande apetite eleitoral. O partido se articula para lançar o parlamentar candidato ao governo do Estado nas eleições de 2022.
Além disso, outra liderança política que aparece no cenário colatinense é o ex-deputado federal Carlos Manato (sem partido). Ele e Merlo têm uma relação próxima e estiveram juntos no PSL quando Manato comandava o partido. O ex-deputado é um dos principais opositores de Casagrande e foi adversário dele nas urnas em 2018. Logo, essa aliança entre Republicanos e Patriota não é vantajosa para o governador.
O PSB tem candidato próprio, lançou o vereador Renann Bragatto a prefeito em uma composição com Elodilson Sabadini (Solidariedade). Já firmou parceria também com o PCdoB. A candidatura de Renann tem endosso da Executiva municipal do partido e a benção de Paulo Foletto (PSB), secretário estadual de Agricultura e influenciador político na cidade. Mas, com o atual cenário, e de olho nas pesquisas internas, questiona-se a força do vereador na disputa.
Foletto já havia sinalizado, anteriormente, que articulava para não dividir votos na cidade e que não teria problemas em abrir mão de uma candidatura, que não se mostrasse competitiva, para unir forças com outros partidos. Desde o início, o PSB tem dialogado com o Cidadania, outra legenda da base do governador, que também lançou um nome à prefeitura, a professora Maricélis (Cidadania).
"Nós começamos um diálogo com o Cidadania, vamos avaliar se podemos estar caminhando juntos e alguns possíveis cenários para tomar uma decisão", declarou Renann Bragatto, confirmando a candidatura dele, mas não descartando a possibilidade de, lá na frente, ela ser retirada.
Apesar de Renann afirmar que a aliança com outros partidos está mais distante do que com o Cidadania, o crescimento de um outro nome na disputa pode mexer nas articulações dos partidos: Guerino Balestrassi (PSC), ex-prefeito de Colatina.
Guerino Balestrassi (PSC) sempre foi um nome cotado para disputar o pleito. Prefeito de Colatina entre 2001 e 2008 pelo PSB, ele é conhecido na cidade. Possui também o apoio do setor empresarial, que não tinha boa relação com Sérgio Meneguelli.
O ex-prefeito chegou a dizer que não queria ser candidato, apesar de, nos bastidores, estar se movimentando para isso. Mas dois fatores se mostravam importantes para a decisão dele: não ter Meneguelli no pleito e obter apoio do PSB. Com a saída do atual prefeito da disputa, Guerino ficou com o caminho livre para se articular e agora busca uma aliança com os socialistas, empurrados pelo cenário político para apostar em um nome forte nas urnas.
"O que me desmotivava a concorrer era não ter possibilidade de governabilidade e hoje eu estou tendo com essa aliança de partidos que vem sendo formada. Quero apoio do PSB agora e, principalmente, depois", afirmou Balestrassi.
"Guerino tem experiência, recall, e apoio do setor econômico. Ele pode aglutinar a base do governador de um lado, algo que o Renann ainda não consegue fazer. Para mim, é muito claro que se o governo do Estado não quiser ter algum dos adversários à frente de Colatina, ele vai ter que abrir mão da candidatura majoritária e fazer alianças. O Guerino ganhar é bom para o PSB", declarou um articulador político na cidade.
Enquanto costura o apoio do PSB, Balestrassi já tem firmadas algumas alianças. O DEM e PDT retiraram as candidaturas majoritárias para formar uma coligação com PSC. Rogério Rezende (PDT), que era pré-candidato a prefeito e tinha o apoio do deputado estadual Renzo Vasconcelos (PP), foi indicado a vice. O PP também decidiu caminhar nessa coligação.
A candidatura de Balestrassi também vai influenciar o movimento de outro candidato, Sebastião Demuner (PSD). Demuner teria o apoio do ex-prefeito, caso ele optasse por não concorrer em novembro. A situação agora mudou e é pouco provável que o PSD mantenha uma candidatura a prefeito com Balestrassi firme no páreo.
O partido que inicialmente estava dividido entre dois pré-candidatos, Professora Maricélis e Pergentino Júnior, optou por lançar a primeira opção na corrida pela prefeitura. Desde o início, Maricélis havia sido escolhida pela Executiva municipal para disputar o pleito. No entanto, o nome de Pergentino também foi colocado à disposição como uma proposta para aglutinar alianças em torno de um candidato forte contra Meneguelli, agora fora do páreo.
A candidatura da professora foi registrada em ata e o partido ainda não definiu o vice. O Cidadania já tem ao lado o PSL e o Podemos, e busca o apoio do Avante, que tem candidato próprio, o Capitão Aloir (Avante). Uma composição com o Avante não está descartada, mas tendo a professora como cabeça de chapa.
"Maricélis é nossa candidata e quem quiser caminhar junto com a gente é bem-vindo. Não estamos negociando com ninguém, mas conversando com outras legendas. Não abrimos mão da candidatura dela", declarou o presidente municipal do Cidadania, Antônio Carlos.
Um dos mentores da candidatura de Maricélis é o deputado federal Da Vitória (Cidadania). Ele tem mantido diálogo em aberto com Paulo Foletto e outras lideranças locais. Cogitava-se, inclusive, a formação de um bloco em torno de um nome que, no atual cenário, poderia ser representado por Guerino Balestrassi. Antônio Carlos, contudo, descarta a retirada da candidatura de Maricélis para apoiar o ex-prefeito.
"Vamos seguir com a Maricélis. Se lá na frente a gente ver que não tem viabilidade, a gente pensa no que fazer, porque também não vamos forçar a barra, mas achamos que ela é um bom nome para a disputa", afirmou.
Um partido que se mantém firme nas candidaturas já postas em Colatina é o PT, que tem como candidato a prefeito Genivaldo Lievore, bastante conhecido na política local.
Vereador por muitos mandatos e ex-deputado estadual, Genivaldo tem relação próxima com Guerino Balestrassi, que apoiou o candidato do PT, Leonardo Deptulski, como sucessor no governo da cidade, em 2009. O PT esteve à frente da cidade por dois mandatos, encerrando em 2016.
Apesar do histórico de boa relação, Genivaldo afirma que manterá a candidatura a prefeito até o fim. A chapa do PT foi registrada em ata e vem com uma formação puro-sangue. O vice é João Antônio Guedes, do mesmo partido.
Além do PT, outros cinco partidos lançaram chapas puro-sangue durante as convenções. O PL confirmou o nome de Renata Santos a prefeita e Brendon de Oliveira como vice. No PTB, a candidatura de Raimundo Mottas foi retirada para lançar Nilton Antônio Barbosa (PTB) a prefeito e João de Deus a vice.
A composição do PMN ficou com Marcos D'ávila encabeçando a chapa e Marco Antônio Lopes. Já o PSOL lançou Marcos de Oliveira a prefeito e Paulina Soares como vice. Por fim, o DC confirmou em convenção Gesse Pereira e Sebastião Inácio da Silva.
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