A pauta ambiental vem ganhando muita visibilidade nos últimos anos e as mudanças climáticas estão impactando cada vez mais o bem estar e o dia a dia das pessoas. É preciso ter em mente que essa área é responsável por diversos serviços, como o saneamento básico, coleta de lixo, abastecimento de água e até o controle de algumas doenças, como é o caso da dengue. O professor da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e doutor em engenharia ambiental Neyval Costa Reis Junior aborda medidas eficientes que devem ser priorizadas pelos futuros eleitos no que diz respeito ao meio ambiente.
Com as transformações ambientais que estão acontecendo ao redor do mundo, estão se tornando cada vez mais comuns os chamados eventos extremos, que são as secas muito prolongadas, chuvas intensas e desastres ambientais, como o que aconteceu em Mimoso Do Sul, em março deste ano. Os próximos chefes do poder municipal têm o compromisso de pensar em soluções de prevenção e gestão de catástrofes como essa.
O professor explica que os prefeitos precisam se atentar às responsabilidades municipais que envolvem a gestão da contenção de encostas de um determinado morro e a ocupação indevida de algumas regiões. Atualmente, existe um levantamento de risco no Estado para analisar o que deve ser feito em cada município.
O nome "plano de contingência" pode dar a impressão de que serve apenas para administrar as consequências de um desastre que já aconteceu. Entretanto, ele deve trabalhar na prevenção. “Tem que ser mais do que isso. É um plano de adaptação para evitar que aconteça o desastre", completa Neyval.
A tendência não é apenas chover mais ou menos do que a média, mas, sim, enfrentar os desafios que serão causados por esses desequilíbrios. Por isso os governantes têm que pensar em como a infraestrutura da cidade vai lidar com esses problemas causados na pelas chuvas muito intensas, secas prolongadas e ondas de calor. “As prefeituras têm que estar cientes dessa nova prioridade e incluir na agenda ambiental”, defende.
O especialista explica que não é possível impedir que os eventos climáticos sejam evitados e que o aumento da temperatura global influencia diretamente esse tipo de acontecimento.
A prefeitura precisa contar com o trabalho de outras entidades, como a Defesa Civil, Agência de Recursos Hídricos, Secretaria de Saúde e Secretaria de Agricultura para oferecer serviços de maior qualidade, orientados por especialistas daquela área. O doutor explica que, dessa forma, é possível prever catástrofes, níveis de chuva e calor e também os impactos causados por esses fatores na agricultura, que é uma atividade importante e que representa uma boa parcela do PIB do Espírito Santo.
O especialista também esclarece que é preciso analisar se as culturas realizadas em determinadas regiões continuarão sendo adequadas com as mudanças do clima. “Será que aquela região que eu planto sem irrigação vai continuar sendo a mesma coisa? Será que aquela cultura específica é adequada para região a ou b? Essas são perguntas que o plano integrado visa discutir”, completa.
As entidades responsáveis têm as tecnologias necessárias para fazer essas simulações, compreender o que pode ser feito em cada região e garantir a contenção de enchentes e o abastecimento de água, por exemplo.
Neyval conta que para diminuir a poluição urbana é possível adotar medidas simples que estão ao alcance das prefeituras, como a varrição automatizada das ruas, que controla os níveis de poeira no ar. "A gente tem a emissão das indústrias, mas se essa poeira cai sob as vias e os carros passam. A poeira sobe de novo e fica ali rendendo eternamente".
Altos níveis de poluição impactam a saúde pública porque contribuem com o desenvolvimento e proliferação de doenças. Além disso, há também o incômodo causado pelo acúmulo de poluentes, que causa um dano indireto à saúde. “Um exemplo disso é o mau odor, que causa insônia, perda de apetite, aquela dor de cabeça chata. Vai causar um dano crônico à saúde? Não. Mas piora muito a sua qualidade de vida, que a gente caracteriza como dano à saúde indireto", exemplifica.
O mesmo acontece com a poluição sonora, que apesar de não ser um agravante de saúde, é desagradável para a população. Para esse problema, o doutor sugere o aumento da fiscalização feita pela prefeitura através do disque silêncio, e a intervenção em possíveis conflitos que podem acontecer entre moradores e comércios que possam causar incômodo.
Neyval ainda fala da necessidade específica de regiões periféricas, que precisam de atenção redobrada nos cuidados, por estarem localizadas em zonas de ocupação indevida e estarem mais vulneráveis a esses tipos de acontecimentos causados pelas mudanças climáticas.
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