O deputado federal Evair de Melo (PP) postou uma foto em uma rede social, na terça-feira (14), de uma reunião com outros parlamentares, líder e vice-líderes do governo Bolsonaro na Câmara, em que todos aparecem usando máscaras, como aconselham as autoridades de saúde para a prevenção do contágio do novo coronavírus. Um "deslize" do deputado capixaba, no entanto, dedurou que o protocolo, aparentemente, foi seguido apenas para o registro.
Evair havia postado no Instagram, anteriormente, outra imagem em que os deputados aparecem mais à vontade e, todos, sem o equipamento de proteção. A publicação foi deletada minutos depois. Pelas fotos, é possível ver pelo menos 12 pessoas ao redor de uma mesa em um ambiente fechado, sem distanciamento entre elas.
Na primeira publicação, o parlamentar, que é um dos 11 vice-líderes do governo na Câmara, escreveu: "Manhã de trabalho" e marcou os que estavam presentes: o líder Major Vitor Hugo (PSL-GO) e os também vice-líderes Eros Biondini (PROS-MG), Aline Sleutjes (PSL-PR), Carla Zambelli (PSL-SP), Sanderson (PSL-RS), Coronel Armando (PSL-SC), Diego Garcia (Podemos-PR) e Guilherme Derrite (PP-SP). Aparecem ainda na imagem José Medeiros (Podemos-MT) e Aluísio Mendes (PSC-MA).
Minutos depois, a publicação foi deletada e a segunda foto, aparentemente a "oficial", tomou o lugar. Além dos dez parlamentares, outras duas pessoas estão na imagem, em cadeiras logo atrás dos deputados.
Contudo, ainda na noite de terça, era possível ver um stories (publicação que fica acessível somente por 24h) dos parlamentares sem máscara na conta de Evair no Instagram.
A reportagem procurou a assessoria do deputado para questionar se os que estavam presentes usaram, ou não, a máscara durante a reunião e se o parlamentar defende o uso do equipamento, mas Evair não quis comentar o caso.
Outros parlamentares que participaram da reunião também postaram a foto em que todos aparecem sem máscaras. A reportagem de A Gazeta localizou publicações no Instagram de Eros Biondini, Sanderson e Coronel Armando.
O uso de máscaras é um dos protocolos sanitários firmados pelas autoridades de saúde para diminuir a taxa de transmissão da Covid-19. Uma pesquisa da Universidade de Cambridge, na Inglaterra, mostrou que o uso do equipamento pode ajudar a evitar uma segunda onda da doença, que resultaria em novas medidas de restrição socioeconômicas.
Após quatro meses de pandemia no Brasil, mesmo com alguns Estados relaxando as medidas de isolamento e reabrindo, gradualmente, a economia, o uso da máscara é definido como um dos requisitos obrigatórios para continuar a prevenir a população, mesmo com a reabertura em alguns locais. Já é lei, aprovada no Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) o uso do equipamento em todo país.
Infectologistas e epidemiologistas entrevistados por A Gazeta já afirmaram que, por mais que a sociedade esteja cansada das medidas de prevenção, o uso da máscara deve se estender até que tenha uma vacina contra a Covid-19 e o vírus pare de circular pelo país, o que, para o infectologista Paulo Peçanha, pode não ser em 2020.
Todos os deputados presentes na ocasião compõem a base de governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara. O próprio presidente é resistente ao uso do equipamento e chegou a tirar a máscara numa entrevista para a imprensa, quando anunciou que tinha testado positivo para o coronavírus. O presidente também vetou, na lei que obriga o uso da proteção em todo país, a obrigatoriedade em igrejas, estabelecimentos comerciais e de ensino.
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