A Polícia Federal pediu a prisão de Marcos do Val (Podemos-ES) durante a operação desta quinta-feira (15), mas o pedido foi negado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes autorizou somente a realização de buscas e apreensão em endereços ligados ao senador no Espírito Santo e em Brasília.
A informação foi divulgada com exclusividade pelo jornalista César Tralli, da TV Globo e da Globonews. No dia do aniversário do parlamentar, agentes da PF vasculharam o gabinete de Do Val no Senado, o apartamento funcional na Capital Federal e outro apartamento em Vitória. Também foi determinado o bloqueio das redes sociais do senador.
O senador é investigado pelos crimes de divulgação de documento confidencial, associação criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
Procurada, a assessoria do senador disse que ele não vai se pronunciar neste momento. E acrescentou que Do Val encontra-se em Vitória, onde comemora o aniversário de 52 anos, completados nesta quinta (15).
Em fevereiro, o parlamentar alegou ter sofrido coação do ex-presidente Jair Bolsonaro para se aliar a ele em um golpe de Estado, mas deu versões diferentes sobre o caso. Em razão das divergências, Alexandre de Moraes mandou abrir inquérito para verificar se o senador mentiu no depoimento à PF sobre o tal do plano golpista.
O ministro definiu a suposta tentativa de golpe como um episódio 'ridículo', tentativa de 'operação Tabajara'.
Em um primeiro momento, Marcos do Val afirmou que teria sido recebido por Bolsonaro numa reunião no Palácio da Alvorada e o então chefe do Executivo teria sugerido que o parlamentar gravasse o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Alexandre de Moraes. Segundo essa versão, Bolsonaro chamou Do Val à residência presidencial para dar a ele essa missão.
Depois de receber ligações do clã Bolsonaro, Do Val mudou o relato. Disse que a ideia não partiu de Bolsonaro, mas do ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ).
"O que ficou claro para mim foi o Daniel achando uma forma de não ser preso de novo, porque toda hora ele descumpria as ordens do ministro (Moraes). Ficou muito claro que ele estava num movimento de manipular e ter o presidente (Bolsonaro) comprando a ideia dele", afirmou em entrevista coletiva em seu gabinete no Senado.
À Polícia Federal, Do Val afirmou que Silveira teria proposto uma 'missão importantíssima' que 'entraria para a história': que ele fizesse uma gravação clandestina do ministro Alexandre de Moraes e 'conduzisse a conversa' na tentativa de induzi-lo a falar 'algo no sentido de ultrapassar as quatro linhas da Constituição'. O objetivo seria anular o resultado da eleição e prender o presidente do TSE.
Do Val chegou a alegar que alertou sobre a ilegalidade do grampo e que Daniel Silveira teria respondido que 'daria um jeito para tornar a gravação legal', sem especificar como. De acordo com o senador, Bolsonaro ficou calado durante toda a conversa, mas em nenhum momento 'negou o plano ou mostrou contrariedade'. "A sensação era que o ex-presidente não sabia do assunto e que Daniel Silveira buscava obter o consentimento", narrou.
Após a citação, em março, o ministro Alexandre de Moraes autorizou a abertura de inquérito para investigar suposto envolvimento de Silveira com os atos golpistas de 8 de janeiro.
Com informações da Agência Estado
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