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Quais são os desafios da educação básica nas cidades do ES?

Quais são os desafios da educação básica nas cidades do ES?

A série da CBN Vitória discute, com a participação de especialistas, questões que impactam o cotidiano das pessoas, destacando possíveis soluções que os candidatos podem implementar

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 20:52- Atualizado há 3 meses

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Saiba quais são os desafios da educação nos municípios do ES
Saiba quais são os desafios da educação nos municípios do ES. (Freepik)
Gabriela Maia
Estagiária / [email protected]

A educação frequentemente é apontada pelos políticos como uma prioridade nos projetos de governo com os quais concorrerão aos cargos em disputa nas eleições. Mas será que criar novas escolas e zerar filas de espera para vagas é o suficiente para garantir uma educação de qualidade, como muitos argumentam? O coordenador de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação, Bernardo Baião, aponta quais são as necessidades da educação básica nos municípios do Espírito Santo que devem ser priorizadas pelos candidatos e candidatas.

No país 62% das matrículas dos estudantes são feitas pelos municípios, que têm responsabilidade em dar acesso e boas condições de educação para alunos que estão na creche ou cursando o ensino fundamental.

Creches

A educação infantil precisa ter o acesso ampliado, segundo Bernardo Baião. Essa etapa da educação não é obrigatória, e atualmente 37% das crianças de 0 a 3 anos estão matriculadas em creches municipais. Entretanto, o coordenador explica que esse número não é positivo. “A meta do Plano Nacional De Educação prevê 50% de crianças matriculadas nas creches. O Espírito Santo precisa avançar em relação a essa pauta nos próximos anos”, explica.

Alfabetização

Outro ponto que o especialista chama a atenção é a necessidade de assegurar que as crianças estejam alfabetizadas no tempo certo. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) define que os estudantes devem concluir o processo até o segundo ano do ensino fundamental, que é cursado quando a criança tem 7 anos de idade. “Os indicadores mostram que o Espírito Santo está caminhando bem em relação a esse número. No estado, 68% das crianças têm a aprendizagem adequada na alfabetização”. Mas Baião destaca que é preciso olhar para a educação como um todo.

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Se 68% das crianças conseguem ser alfabetizadas no tempo certo, quer dizer que 32% não conseguem

Bernardo Baião
Coordenador de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação
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“A gestão municipal precisa olhar para essas crianças, que em geral são as mais vulneráveis e que enfrentam desafios em casa e têm dificuldades de permanecer nas escolas”, defende.

Qualidade do ensino

Garantir a qualidade no ensino ofertado nas escolas deve ser uma das maiores prioridades, e o especialista aponta essa tarefa como a mais desafiadora para os futuros eleitos.

“Hoje, no Espírito Santo, 42% das estudantes concluem o ensino fundamental com conhecimento adequado em português. Já em matemática o cenário fica ainda pior: menos de um terço dos alunos concluem essa etapa de ensino com a aprendizagem na disciplina. [...] Um elemento básico da educação é que a escola precisa garantir que o estudante aprenda”, defende o coordenador de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação.

Esse déficit no ensino tem impacto direto no momento que esses alunos chegam no ensino médio e não possuem a qualificação para cursar a última fase do ensino básico, dificultando o ingresso no ensino superior e também no mercado de trabalho.

Desigualdade educacional

Uma parcela dos alunos matriculados na rede municipal se encontram em uma situação de vulnerabilidade social e insegurança alimentar, e isso impacta diretamente no rendimento desses alunos, que muitas vezes realizam a única refeição do dia na escola. “A escola precisa cumprir esse papel social e os funcionários envolvidos precisam entender que esse também é o papel da escola, para garantir acolhimento e o carinho que ele precisa para se desenvolver”, argumenta Baião.

As desigualdades do ensino dependem de outros fatores. “Não só de alimentação. É preciso garantir acessibilidade para alunos com deficiência e reforço escolar com acompanhamento de perto por um profissional para os alunos que tenham dificuldades”, completa.

Educação integral

O especialista defende que ensino em tempo integral ou no contraturno é uma boa alternativa que traz impactos positivos para os estudantes.  “O modelo integral vem sendo construído a nível nacional como solução pra esses problemas de educação no país. Quanto mais tempo você expõe aquele aluno à aprendizagem, mais os resultados tendem a ser positivos”.

Infraestrutura

As escolas precisam estar preparadas para receber os estudantes e proporcionar um ensino completo, que alcance todas as áreas do conhecimento e as necessidades dos alunos. Para que isso aconteça, o ambiente escolar precisa contar com infraestrutura que tenha capacidade de acolher os alunos. Bernardo Baião defende a importância de ter diferentes espaços dentro das unidades de ensino, como quadras, bibliotecas, laboratório de informática e laboratório de ciências.

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A gente precisa superar a discussão de que educação é feita só em sala de aula. A educação é feita dentro de todo espaço escola e a escola precisa estar preparada para esse estudante

Bernardo Baião
Coordenador de políticas educacionais da ONG Todos pela Educação
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Professores e as carreiras

O coordenador fala da importância dos professores no processo de aprendizado dos alunos e aponta os impactos que a desvalorização dessa profissão causa na educação. “Se o professor não é valorizado, não tem as condições adequadas para desenvolver sua prática. E é preciso ter um número equilibrado de alunos para dar atenção personalizada a esses jovens. Ter um professor, sem levar em conta esses aspectos, não garante a aprendizagem” explica. O risco é que falte mão de obra para essa profissão fundamental. "A tendência é que o Brasil tenha cada vez menos professores, porque essa profissão atrai cada vez menos a juventude”.

Bernardo sugere o apoio diário da secretária de educação, garantia de materiais e de infraestrutura para que os professores desenvolvam as suas práticas. Além disso ele defende a formação continuada dos profissionais. “Esperar que esse professor tenha uma formação inicial e que isso é eficiente já é uma discussão ultrapassada”.

O coordenador frisa que há uma demanda de tornar a carreira do professor mais atrativa, mas que somente aumentar o salário não é suficiente. “É preciso ter tempo exclusivo para planejamento, como está na lei; é necessário que o salário inicial e final possam ter diferença; é preciso ter a possibilidade de fazer especializações e ter uma carreira com mobilidade, para que esse professor possa escolher melhores escolas ou ocupar outros cargos de secretaria, por exemplo”, sugere.

Bernardo Baião destaca a importância de escolher profissionais qualificados para ocupar os diferentes cargos na secretaria de educação, na gestão das escolas, no ensino em sala de aula e em todas as áreas que vão, de alguma forma, acompanhar o desenvolvimento desses alunos. A continuidade das políticas implementadas é fundamental. “Não adianta lançar uma política como solução e no ano seguinte essa política ser abandonada”.

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