Os senadores Marcos do Val (Podemos) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protagonizaram um embate nesta quinta-feira (8) durante a sessão da CPI da Covid no Senado. Randolfe, que é vice-presidente da comissão, disse a Do Val que não seria intimidado pelo parlamentar e "suas milícias".
O senador capixaba reagiu e pediu que Randolfe se desculpasse pela "agressividade desnecessária". Momentos depois, o parlamentar do Amapá pediu que a presidência da CPI retirasse as ofensas proferidas por ele mesmo dos registros da comissão.
O bate-boca começou após Randolfe questionar a ex-coordenadora do Programa Nacional de Imunizações (PNI) Francieli Fantinato sobre a justificativa dada pelo Ministério da Saúde para retirar a população carcerária do grupo prioritário de vacinação contra a Covid-19. A decisão foi tomada em dezembro do ano passado, após uma versão preliminar do PNI, que incluía os presidiários, ser editada.
Marcos do Val interrompeu o questionamento, dizendo que os presos já estão em isolamento: "Não tem que dar prioridade a preso não, para a vacinação tem que dar prioridade à sociedade. O preso já está em isolamento".
A afirmação deixou Randolfe nervoso: "Não acredito que eu estou ouvindo uma asneira absurda dessa". Quando Marcos do Val tentou se explicar, o senador esbravejou: "Não estou lhe concedendo a palavra. Reponha-se. Fique no seu lugar". Do Val rebateu: "Fique no seu lugar também. Não aumente o tom".
Foi então que Randolfe disparou: "Você e suas milícias não me intimidam. Você e suas milícias, seja de rede social, seja de qualquer lugar, não me intimidam."
O senador Humberto Costa (PT) chegou a se levantar para acabar com a discussão, que durou pouco mais de um minuto. Mas o bate-boca só terminou após Eliziane Gama (Cidadania-MA), que presidia a sessão, intervir e pedir que os parlamentares respeitassem um ao outro.
"Algumas pessoas estão acostumadas a ameaçar a Comissão Parlamentar de Inquérito e passar impune. Não conseguirão, não passarão. Nenhum dos membros dessa CPI será intimidado, seja de fora, seja por notinha, seja por rede social, seja por milícia virtual, seja aqui dentro", afirmou Randolfe.
Logo depois, durante um período de pausa para que a depoente da CPI fosse até o banheiro, o senador Marcos do Val pediu a palavra para explicar o episódio. Com tom apaziguador, o parlamentar disse que já tinha conversado com o colega de parlamento e que esperava um pedido de desculpas pela "agressividade desnecessária".
"Eu fiz uma interrupção de ideias, me posicionando com ideias contrárias, e fui surpreendido pela fala do senador Randolfe, que me condenou de mafioso, de miliciano, falando de milicianos que trabalham comigo. Eu não vou admitir ser chamado de miliciano [...] É algo muito forte, que fere a minha honra", afirmou.
No momento em que Do Val proferiu essas palavras, Randolfe não estava presente. O senador do Espírito Santo chegou a pedir que os outros parlamentares o convencessem a entrar na sala para que eles pudessem resolver a situação, mas Eliziane Gama disse que não poderia paralisar a CPI por causa do ocorrido.
"Eu fui até à antessala onde ele está descansando e pedi que ele estivesse presente aqui para se desculpar. Eu espero que ele venha. Nós somos colegas de trabalho, não estou aqui para arrumar confusão com ninguém. Acho que as pessoas associam minha carreira como se eu fosse uma pessoa encrenqueira, mas não tem nada disso", explicou Do Val.
Ao retornar à sessão, Randolfe pediu à presidência da CPI que fosse retirada, dos registros escritos da sessão, qualquer ofensa que tenha feito a Marcos do Val.
"Peço que retire das notas taquigráficas, eventualmente, se, no momento da minha inquirição, que lamentavelmente fui interrompido, se proferi alguma palavra de excesso a qualquer colega senador, notadamente ao senador Marcos Do Val. Peço que retire das notas a alegação que fez Marcos do Val", disse.
Randolfe ainda afirmou que a palavra miliciano não se encaixava no perfil do senador do Podemos. "Sua Excelência pode ter outros defeitos, inclusive apoiar o governo neste momento, mas obviamente não encaixa na qualificação que naquele momento fiz", complementou, referindo-se a Do Val.
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