Ainda em reconstrução após as chuvas da última sexta-feira (17), que geraram sete mortes e prejuízos incalculáveis, os moradores das cidades do Sul do Espírito Santo ainda devem se preocupar com a saúde. Um dos riscos que eles enfrentam nesse momento de limpeza das cidades é o contato com a bactéria Leptospira, presente na urina do rato e causadora da Leptospirose. Segundo a Secretaria de Saúde, no Espírito Santo, foram registrados 70 casos da doença de janeiro a novembro de 2019.
Com o aumento substancial da quantidade de chuvas, é preciso redobrar a atenção quando houver o contato com a água. Segundo a médica infectologista do Hospital das Clínicas, Dra. Rúbia Miossi, as chances de águas de enchente estarem contaminadas são altas.
"Sempre que existe alguma inundação, há o risco. Basta ter a urina de rato que o perigo existe. A população do animal é maior que a de humanos", acrescentou a infectologista.
Responsável pela doença, a bactéria Leptospira também pode estar presente na urina de outros animais além do rato, como a capivara. Animais infectados podem transmitir a doença. Os sintomas podem surgir até 20 dias após o contato com a água contaminada.
A médica infectologista ainda alerta para o contato direto com a água. Segundo ela, durante as campanhas de arrecadação de donativos, galochas, luvas e água sanitária deveriam ser itens obrigatórios, já que podem evitar contaminações. Ela faz um alerta para as pessoas que estão trabalhando na limpeza das casas e da cidade.
"Usando o chinelo de dedo há a possibilidade de se machucar e ter contato com doenças. É necessário usar um calçado fechado e impermeável, para evitar o contato direto. Deve-se também usar luvas", respondeu Dra. Rúbia Miossi.
Os sintomas podem aparecer entre 14 e 20 dias após o contato com a água contaminada. São eles: febre alta com calafrios, dores de cabeça e no corpo, com maior frequência nas pernas. Com o tempo, os olhos ainda podem ficar alaranjados.
Devido à existência dos vários tipos de "sorovar", as variáveis da bactéria, a leptospirose pode atingir a mesma pessoa mais de uma vez. É uma doença que pode levar a morte.
É preciso duas horas na água para haver contaminação. A bactéria tem a capacidade de "dissolver" a pele, que vai ficando mais frágil. A Leptospira funciona como um saca-rolhas, faz o mesmo movimento.
O tratamento deve ser realizado por meio de antibióticos, que devem ser prescritos por um médico. É preciso procurar o pronto atendimento o mais rápido possível, assim que o paciente apresentar os sintomas. Segundo a Dra. Rúbia Miossi, o tempo de recuperação da doença é de no máximo sete dias.
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