Estúdio Gazeta
Instituto de Neurocirurgia Capixaba
Quando se fala em Parkinson, a imagem que logo vem à mente é de uma pessoa idosa, fragilizada, que treme as mãos sem parar. Trata-se de uma doença neurodegenerativa, progressiva e crônica que costuma aparecer após os 60 anos. Mas já se sabe que casos antes dessa idade não são raros. E com sintomas que vão muito além dos tremores.
"Hoje, nosso entendimento sobre a doença de Parkinson está diferente", destaca o neurocirurgião André Bissoli, do Instituto de Neurocirurgia Capixaba (INC). De fato, aponta ele, o mais comum é a doença começar a se manifestar em idosos, porém o início em jovens não é tão raro assim. Cerca de 5% a 10% dos casos se iniciam abaixo dos 50 anos de idade.
Recentemente, a jornalista do Fantástico, da TV Globo, Renata Capucci, revelou que teve o diagnóstico de Parkinson há quatro anos, aos 45 anos de idade. Ela contou que os sinais começaram bem antes disso.
De acordo com o neurocirurgião, a doença tem muitas manifestações que não são motoras, ou seja, que vão além do enrijecimento dos membros e dos tremores. "Algumas, realmente, aparecem até antes das motoras, como a redução do olfato e os transtornos do sono. Também vemos mudanças na oleosidade na pele, queixas de constipação e até dores crônicas", cita.
Os tão falados tremores, segundo o médico, estão presentes em 70% dos casos. Ou seja, pode ser que nem se manifestem.
"Eles não são obrigatórios para o diagnóstico. O tipo de tremor mais comum é o que chamamos de fisiológico. Isso significa que, em algum grau, todos nós temos um pouco de tremor. Além disso, situações de estresse ou uso de substâncias estimulantes, como o café, podem torná-lo mais visível. Dentre os tipos anormais, patológicos, o tremor essencial é o mais comum", observa o neurocirurgião.
No Parkinson, ele surge pela falta de dopamina, uma substância essencial para os circuitos cerebrais que controlam o movimento. "A tendência é que fique pior, junto com a rigidez dos membros".
Quando vêm à tona, os tremores têm grande impacto na qualidade de vida do paciente. "A depender do quão intenso é, sem dúvida pode haver um grande impacto do ponto de vista funcional e também social. Isso pesa bastante na nossa avaliação e na tomada de decisões", afirma o especialista.
A melhor forma de lidar com isso, aponta Bissoli, é a conscientização tanto de pacientes quanto de seus amigos e familiares, bem como da sociedade em geral: "Para isso, está sendo formalizado abril como o mês de conscientização sobre a doença de Parkinson, em projeto no Congresso Nacional".
Outra manifestação comum no Parkinson é a demência. No entanto, de acordo com o médico, ela só se instala nos casos mais avançados, com décadas de evolução. "Se surgirem sintomas como tremores e rigidez e, pouco tempo depois, já se iniciar uma demência, vamos suspeitar de um parkinsonismo atípico, que é um grupo de doenças neurodegenerativas diferentes da doença de Parkinson".
Não existe nenhum método cientificamente comprovado de evitar o desenvolvimento da doença. André Bissoli destaca, porém, que a alimentação balanceada e a prática de exercícios físicos são vistos como redutores do risco, assim como o consumo moderado de cafeína.
"É importante falar, por outro lado, que o diagnóstico de doença de Parkinson, com os métodos atuais de tratamento, deixou de ser uma sentença para os pacientes! Hoje, com medicação adequada e exercícios, é possível levar a vida com muito mais qualidade e naturalidade do que antes", garante.
Já o tratamento, inicialmente, é a reposição da dopamina e o uso de medicamentos que imitem o seu efeito no cérebro. "Posteriormente, podemos usar um marcapasso ligado a fios que são implantados nestes circuitos cerebrais", explica o neurocirurgião.
O implante do marcapasso foi um avanço importante no controle do Parkinson. A cirurgia, quando bem indicada, obedecendo a critérios rígidos, traz resultados excelentes e bastante duradouros. "Muitos pacientes conseguem retomar atividades que haviam parado de fazer por conta das limitações da doença", comenta Bissoli.
Segundo ele, o acompanhamento no pós-operatório é feito em consultório, com ajustes utilizando tablets por telemetria. "O máximo que precisamos fazer é trocar o gerador do marcapasso, que fica implantado acima do peitoral, após alguns anos por causa do fim da bateria. Isso se o sistema já não for recarregável".
Com isso, sintomas como a rigidez e os tremores têm uma melhora significativa, o que é visível assim que o sistema é ligado no pós-operatório.
"Alguns problemas como a postura encurvada, fala com a voz baixa e o congelamento da marcha, infelizmente, não melhoram tanto. Por isso a indicação e a conscientização quanto aos resultados da cirurgia são tão importantes", frisa o médico do INC.
O Instituto de Neurocirurgia Capixaba (INC) reúne, desde 2012, os melhores especialistas nas áreas de Neurologia, Neurocirurgia, Psiquiatria e Reumatologia, em 13 unidades, distribuídas em Vitória, Serra, Cariacica e Vila Velha. Mais informações e endereços: www.neurocirurgiacapixaba.com.br ou pelo telefone (27) 3014-8700.
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