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Expedição percorre Piraquê-Açu e Mirim, da nascente à foz

Expedição percorre Piraquê-Açu e Mirim, da nascente à foz

O Rio Piraquê-Açu é o principal manancial dos municípios de João Neiva, Ibiraçu e Aracruz e é responsável por levar água doce ao estuário, onde fica o manguezal

Publicado em 22 de julho de 2022 às 16:08

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Mostrar a importância ecológica e econômica dos rios Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim para a população da bacia hidrográfica atendida direta ou indiretamente pela rede fluvial e mapear a situação deles. Esses foram alguns dos objetivos da expedição realizada no mês de junho deste ano, desde a nascente, em Santa Teresa, Região de Montanhas do ES, até a foz, em Aracruz, no Litoral Norte, por professores da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e por uma equipe de A Gazeta.

Para isso, foi percorrida uma extensão de aproximadamente 70km para coletar água na nascente e também em outros trechos da bacia hidrográfica e medir propriedades físico-químicas e fazer análises hidroquímicas para uma avaliação prévia da saúde da rede fluvial e do sistema estuarino

Amostra de zooplâncton (microcrustáceaos e outros invertebrados) coletados no estuário dos Rios Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim. Foi possível ver a bioluminescência, mas sem a iluminação.
Amostra de zooplâncton (microcrustáceaos e outros invertebrados) coletados no estuário dos Rios Piraquê-Açu e Piraquê-Mirim. Foi possível ver a bioluminescência, mas sem a iluminação. (Crédito: Gilberto Barroso)

Os participantes também puderam presenciar o fenômeno Bioluminescência de organismos do plâncton estuarino_ um processo bioquímico das algas marinhas, que tem como resultado a emissão de luz, como acontece no mar. É raro ser visto em rios, mas é possível vê-lo nos esturários dos rios Piraquê-Mirim e Piraquê-Açu, quando a maré sobe e invade o rio carregando as algas.

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A ideia da expedição é ressaltar a importância da conectividade dos rios, do topo das montanhas ao oceano costeiro e mostrar a importância da água doce que chega ao mar, já que é responsável pelo funcionamento do estuário e do manguezal associado, que, por sua vez, é importante para a produção de caranguejos e de pescado, estética da paisagem, local de recreação, dentre outros serviços ecossistêmicos que a natureza nos proporciona de forma gratuita

Gilberto Fonseca Barroso
Professor do Departamento de Oceanografia e Ecologia da Ufes
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Mortalidade maciça do manguezal em Aracruz.
Mortalidade maciça do manguezal em Aracruz. (Monica Tognella)

Segundo o professor, houve uma mortandade do bosque do mangue no Piraquê-Mirim em junho de 2016, devido à tempestade de granizo e também à seca na Região Sudeste, neste período. Daí a importância do aporte de água doce do Rio Piraquê-Mirim para o estuário. “Mas para que essa água chegue até ele, é preciso proteger as nascentes e as matas ciliares do rio, já que a bacia é muito pequena (75 km2) e ficou constatada uma mudança no uso e cobertura da terra”, afirma Barroso.

De acordo com a professora da Ufes, Monica Tognella, especialista em manguezal, “os estudos definem a área de manguezal do sistema estuarino dos rios Piraquê-Açú e Mirim em 1.767,05 hectares (1 ha equivale a 10.000 m²) e, após a chuva de granizo na região, em 2016, houve a mortalidade estimada de 612,87 hectare.”

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Diagnosticamos ao longo das nossas pesquisas alterações nas condições de salinidade ao longo do estuário como a causa principal da morte do bosque do mangue. Foi discutido como a vegetação do manguezal consegue sobreviver neste ambiente salino e quais as causas da mortalidade maciça do manguezal.

Monica Tognella
Professora da UFES especialista em manguezal
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Manguezal na foz do Rio Piraquê sobre os depósitos de areia deixados pela ação da maré
Manguezal na foz do Rio Piraquê sobre os depósitos de areia deixados pela ação da maré. (Monica Tognella)

Atualmente, o Rio Piraquê-Açu é a principal fonte de abastecimento de água para a região e dele dependem cerca de 140.000 pessoas, de acordo com informações da Prefeitura de Aracruz. Ele faz parte da Bacia do Piraquê, da qual também faz o Piraquê-Mirim.

A confluência destes dois rios forma o Piraquê propriamente dito, cuja foz se encontra a 4 km do ponto de confluência, na Vila de Santa Cruz, com vista privilegiada alcançando cerca de 500 metros de largura. Forma, assim, uma bela enseada, onde as águas do rio encontram-se com o mar

Confluência entre os rios, mostrando os três ecossistemas: manguezal, mata atlântica e silvicultura de eucalipto.
Confluência entre os rios, mostrando os três ecossistemas: manguezal, mata atlântica e silvicultura de eucalipto. (Monica Tognella)

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