O escudo do Cruzeiro possui cinco estrelas e uma delas poderia ser tranquilamente Fábio, goleiro que marcou época na meta do clube mineiro e que se tornou, com méritos e muitos títulos, um dos maiores ídolos do lado azul de Minas Gerais. Foram 17 anos e 976 jogos oficiais disputados.
Faltando só 24 partidas para chegar a imponente marca de 1000 certames pelo mesmo time, veio o adeus. Este, amargo para o cruzeirense, que viu no jogador de 41 anos uma fortaleza quase intransponível. O amargor foi ainda pior para o goleiro.
Mesmo permanecendo na equipe após o rebaixamento em 2019, aceitando sem reclamar os milhões a ele devido em salários, e ainda uma brusca redução salarial, a nova gestão do clube mineiro simplesmente "não chegou a um acordo" para o jogador seguir na Toca da Raposa em 2022 - ele já havia renovado antes da equipe liderada pela SAF (Sociedade Anônima de Futebol) de Ronaldo Fenômeno assumir as rédeas do time há menos de um mês.
SAF IMPIEDOSA
Em resumo, a gerência se assemelha à gestão de uma empresa. Com o Cruzeiro em uma crise sem precedentes, a ordem da nova diretoria foi cortar gastos, não poupando sequer o maior ídolo do clube. Ocorre que ninguém ama ou torce por uma firma, torcedor se apega ao clube, as lendas que brilham no campo e que colocam troféus na sala dedicada a eles.
Faltou sensibilidade, para não dizer reconhecimento a Fábio por quem está à frente da SAF cruzeirense. O projeto apresentado e consolidado com a compra do clube por quase R$ 400 milhões, foi de cara visto como uma chance de salvação. Semanas após iniciar as movimentações, a confiança virou insatisfação coletiva ecoada amplamente na torcida.
A pergunta que vem à mente é se não daria de alguma forma para manter ao menos o goleiro. Fábio era até esta quarta-feira (5), data em que as conversas foram finalizadas sem acordo, o último pilar de um Cruzeiro recente vitorioso.
Fábio poderia seguir exercendo o papel de liderança no time, mas também contribuir com a imagem consolidada que construiu, agora neste projeto de "Novo Cruzeiro". Já seria complicado com ele vestindo a camisa 1. Sem a presença dele, pode ser ainda mais.
Quase duas décadas de dedicação não poderiam ser descartadas desta forma, limitada em algumas postagens e um vídeo de agradecimento nas redes sociais. Fábio não foi um jogador que chegou emprestado, pouco jogou e saiu sem deixar saudade. Do jeito que a história chegou ao fim, parece que lhe pediram para passar no setor de recursos humanos e assinar um bilhete azul.
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A saída conturbada de Fábio
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