A rotina de quem depende do transporte público na Grande Vitória nunca foi tranquila, com registros diários de atrasos e superlotação. Durante a pandemia do novo coronavírus, no entanto, a situação está mais complicada, porque ônibus cheios não representam apenas desconforto para os passageiros, mas também um risco alto de contaminação.
A quarta fase do inquérito sorológico conduzido pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) apontou, em junho, que quase 30% dos infectados pelo Sars-Cov-2 no Espírito Santo permanecem mais de meia hora nos coletivos. "Percebemos que aqueles que passam de 30 a 60 minutos dentro do transporte público possuem uma chance maior de serem infectados pelo novo coronavírus", reconheceu Nésio Fernandes, que comanda a Sesa.
O governo do Estado chegou a lançar um aplicativo para que os usuários pudessem registrar queixas de superlotação ou do não cumprimento de protocolos de higiene durante a pandemia no Sistema Transcol, que atende a Região Metropolitana. Em apenas duas semanas, foram recebidas mais de sete mil reclamações.
Diante de inúmeras denúncias de que as medidas adotadas pelo Executivo estadual para controlar o contágio nos ônibus não estavam sendo cumpridas, o Ministério Público do Estado (MPES) cobrou da Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura (Semobi) um novo plano de prevenção. A pasta havia lançado protocolo que exigia que ônibus só circulassem com passageiros sentados e com máscara, mas as regras não estão sendo respeitadas, de acordo com promotores.
Centenas de usuários do transporte coletivo postaram relatos sobre o sufoco que têm enfrentado nos últimos meses nas redes sociais de A Gazeta. "Tudo voltando ao normal, menos os ônibus. No meu bairro tinha ônibus de 30 em 30 minutos, agora de hora em hora. Como não lotar?", escreveu Denise Dalto. Confira outros depoimentos:
Na ida eu tenho a opção de sair mais cedo de casa e assim não precisar ir em pé, socada dentro de um ônibus, mas na volta é quase impossível essa opção. (Dayse Gonçalves Araujo)
Este governo não está nem aí para população. Proíbe um montão de coisas que você não pode fazer, mas ônibus mesmo que é bom, nada. O povo anda socado, mas aí pode, né? (Carlos Honorato)
Nunca ninguém vai fazer nada, porque a população pobre não interessa para as autoridades, exceto na época de eleição. (Aparecida Braun Daleprane)
Vamos pedir o senhor secretário de Saúde para andar de ônibus. (Cleber Viana)
Pego ônibus todos os dias e fui infectada dentro de um, a caminho do trabalho! O governo diminuiu a frota e nós que precisamos do transporte público que sofremos! (Nilva da Silva)
O MPES não tem só que cobrar, tem que tomar medidas enérgicas e eficientes. O transporte público sempre foi ruim, e as autoridades nunca agiram, só que agora estamos lidando com um vírus perigoso. Entre em ação MPES, aja com eficácia. (Cacá Lopes Silva)
No meu bairro, tiraram ônibus da linha, então está rodando em horário de pico de hora em hora. Fora desse horário, é a cada 1h30. E só passa lotado, não tem como andar vazio. Uma vergonha. (Gislaine Lopes)
A pergunta é se algum dia pegamos o ônibus vazio, né? (Rayane Rocha)
Transporte público lotado contraria isolamento social
Antes da pandemia, quando havia mais ônibus na frota, já era lotado. Imagina agora que esse número foi reduzido e a maioria das empresas voltaram ao trabalho… agora está um caos. (Fábio Nunes Binho)
Depois não querem que chamemos as autoridades de hipócritas. Aqueles senhores deputados, preocupados em ocupar o Dório Silva, por que não vão nos terminais e façam uma lei que ajude o trabalhador? Se os ônibus forem adequados para este momento, eu tenho certeza que os hospitais ficarão vazios. Essas autoridades passageiras, sem compromisso com os trabalhadores, são canalhas. (Carmen de Morais Saraiva)
Sim! A culpa também é dos motoristas. Estão vendo o carro cheio e vão parando, aí vem outro com carro vazio, vê que o carro da frente está pegando passageiros e vai embora. (Gleci Botelho)
Em toda fase da pandemia, os ônibus estavam lotados. Com a diminuição da frota, ficou mais difícil. Graças a Deus a curva está diminuindo, mas não é tempo de relaxar com os cuidados. Vamos com calma. (Tatiana dos Santos)
Quando pegamos antes da Reta da Penha, está vazio, mas quando chega no Centro de Vitória o ônibus fica lotado de gente ir na porta. É muito triste, porque os ônibus estão reduzidos, mas as pessoas também não se conscientizam, entram mesmo com os coletivos lotados. Os motoristas param nos pontos e não pensam neles e nem em quem já está dentro do ônibus. É um absurdo isso. (Francyane Braun Rigão)
Eu pego ônibus lotado todo dia, mas ainda não peguei Covid, pois eu uso a máscara o tempo todo, passo álcool em gel nas mãos depois que saio do ônibus, evito de ficar de conversa fiada com os passageiros dentro do ônibus e não compro nada de vendedores ambulantes. E outra: a máscara que está sendo usada na ida ao trabalho não pode ser reutilizada a noite na volta para casa. Tem que levar no mínimo 4 máscaras para passar o dia e a noite deixar de molho na solução de sabão em pó com cloro e água. O pessoal reclama de ônibus lotado, mas não usa a máscara ou fica com a máscara com o nariz à mostra, passam a viagem conversando com o colega com a máscara no queixo, fica comendo dentro do ônibus que é uma coisa mais nojenta em plena pandemia. (Tatiana Ferrari)
Ônibus lotados, sem higienização, sem distanciamento. Povo sem máscara… mais infecções. (Maria Luiza Andrade)
O ônibus sai cheio e os motoristas ainda param em todos os pontos até não caber mais ninguém, pondo em risco a própria vida e a dos passageiros. Fiscais no terminal são enfeites. Está tudo errado, mas o governo do Estado acha que tá fazendo um ótimo serviço. (Hercules Pereira Coelho)
Não tem protocolo nenhum sendo cumprido nos terminais. Os ônibus saem superlotados. Não tem fiscalização alguma passageiros até nos degraus da porta. Um absurdo. (Silvia Maria)
Pego ônibus lotado todos os dias. Ida e volta. Os ônibus estão rodando com horários de domingos e feriados. Além disso, nunca passam de acordo com os horários informados nos aplicativos. (Vivi Araújo)
Fico revoltada. Com tantos ônibus parados nas garagens, por que não colocam nas ruas para circular, evitando aglomeração? (Edma Neuman)
Colocar a culpa na população é fácil, né? Quem está trabalhando duro desde o início da pandemia se lasca e tem se contaminado dentro de ônibus. Está fácil, pois o bolso está ficando cheio com a redução da frota. (Monique Reboli)
Todo dia é assim. Nós vamos trabalhar e o ônibus sai lotado, os fiscais não estão nem aí. É uma demora para pegar o ônibus, só Deus. Isso é um descaso com a população, é uma vergonha. (Genice Pereira)
Cadê as multas para o Sistema Transcol? Cadê a fiscalização para os ônibus lotados? Nem álcool em gel tem nos terminais. (Alex Mendonça)
Ajuda aí, MP! É uma piada. Comércio todo funcionando normalmente e a frota de ônibus continua reduzida. Estão se lixando para quem fica 40 minutos no ponto e pega ônibus cheio. (Marcos Peyneau)
Já voltou tudo ao normal. Acabou a quarentena? Trânsito intenso, ônibus lotados, pessoas circulando normalmente. E aí, governo do Espírito Santo? (Victor Furtado)
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