Reportagem do Jornal Nacional da última terça-feira (29) mostrou que o ex-policial militar Élcio Queiroz, suspeito de envolvimento no assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, reuniu-se com outro acusado, o sargento aposentado da Polícia Militar Ronnie Lessa, no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, no Rio.
Segundo depoimento de um porteiro do condomínio, obtido pelo programa, Élcio teria dito na portaria que iria à casa de Jair Bolsonaro, que na época era deputado. Os registros de presença da Câmara dos Deputados, no entanto, mostram que Bolsonaro estava em Brasília nesse dia.
Em live nas redes sociais, também na noite de terça (29) o presidente, que está na Arábia Saudita, negou qualquer relação com o assassinato da vereadora. Ele ainda afirmou que não conhecia Élcio nem Lessa, atacou a Globo e alegou que a emissora tenta atacar sua imagem e a de sua família.
Já nesta quarta-feira (30), Bolsonaro afirmou que acionou o ministro da Justiça, Sergio Moro, para ver se é possível que a Polícia Federal tome o depoimento do porteiro do condomínio. "Estou conversando com o ministro da Justiça [sobre] o que pode ser feito para tomar via PF o depoimento desse porteiro", disse.
Na sequência, Moro solicitou à Procuradoria-Geral da República (PGR) a abertura de uma investigação para apurar as circunstâncias em que o nome do presidente Jair Bolsonaro apareceu no inquérito do assassinato da vereadora.
O envolvimento do presidente no inquérito ganhou repercussão internacional. Nas redes sociais de A Gazeta, os leitores manifestaram opiniões divergentes sobre o assunto. Confira alguns comentários:
Tem que ir até o final das investigações. Acho engraçado: tudo que tem o nome do senhor presidente ou de membro da família é mentira e perseguição. Se tem indício, tem que ser investigado, seja qual for o cidadão, se um faxineiro ou um presidente da República. (Guilherme Neves)
Na verdade, pena eu tenho é do porteiro, que a partir de agora vai sofrer pressão de todos os lados, inclusive de fãs políticos e partidários deste Brasil adentro. Enquanto o presidente Bolsonaro pode ter os melhores advogados, inclusive o seu ministro da Justiça para blindar ele e os filhos, que por ele não se cansam de colocar a cara na reta! Nessa “quebra-de-braço”, o atingido será o porteiro! Por não ter um testa de ferro... Alguém duvida? (Emerson Santos)
O porteiro tem que se responsabilizar pelo que falou, pois supôs que a voz era do presidente, mas não era, pois o mesmo estava em Brasília. (Ione Samora)
Ou seja… porteiro será coagido a mudar o depoimento. O recado foi dado. De quebra o presidente comete mais um crime de responsabilidade ao declarar publicamente que usará o aparelho público para intervir em investigações. (Fernanda Santoro)
Por meses o ministro Sérgio Moro ignorou completamente o caso Mariele. Hoje, como a lama respingou sobre a família Bolsonaro, ele entra na investigação para proteger seu chefe. (Humberto Luiz Toé)
Ora, onde há ligação desse crime com Bolsonaro? O porteiro mentiu, óbvio, no dia e na hora Bolsonaro estava no Congresso.Como ele poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo? (Azilvarnario Messias de Oliveira)
Moro é advogado particular de Bolsonaro ou Ministro da Justiça da República? Que ponto de degradação...Desespero de Bolsonaro. (Christiano Marques)
Moro vai descobrir que quem atendeu o interfone foi o Lula ... não percam! (Josiane Oliveira Cruz Santana)
Ele não pode ter acesso ao inquérito. Corre sob sigilo. O poder Executivo não investiga, não apura, não faz diligências, principalmente se esse estiver sendo investigado. É inconstitucional, nem precisa ser muito inteligente. (Wellington Inacio Boroto)
Se o processo corre em segredo de Justiça, quem deveria ser investigado também é quem deixou vazar informações (ainda que falsas) para a imprensa. (Elmi Zorzanelli)
Seria melhor que a PGR assumisse esse caso, já que no Rio toda semana a polícia e o MP contam uma versão diferente e nunca se chega a lugar nenhum. O caso virou reality show. (Isaac Lima)
Essa armação, como todas as outras, não vai colar. Os inimigos estão sempre sendo derrotados, porque aquele que Deus levanta, ninguém derruba. (Teresa Cristina Caser Ribeiro)
Ah, pelo amor de Deus! Agora o presidente é responsável por todas as mazelas e os crimes do Brasil!? (Paulo H. Tomaz)
Cara, acorda, olha os casos de escândalo no clã Bolsonaro, olha as palhaçadas que um chefe de Estado posta nas redes sociais... você acha mesmo que dá para levar um governo desse a sério? Para de copiar e colar discurso e passa a estudar mais a fundo, lembrando que o atual governo prometeu uma nova política e até agora nada. (Gustavo Precilios)
O lado bom é que todo mundo é superinteressado em política depois de o Bolsonaro se eleger. (Leonardo RL)
Bolsonaro estava em Brasília no dia, Carlos não mora junto com o pai... Uma coisa são os fatos, outra são os achismos. No dia em que achismo virar fato, você me avisa. (Ítalo Spagnol)
Como assim? Bolsonaro disse que sabe quem matou o pai do presidente da OAB, disse que quem pôs fogo na Amazônia foram os índios e agora que o óleo no Nordeste foi ONGs também. E não apresentou nenhuma prova. Só posso crer que quem estava na casa 58 também era algum diretor de ONG… (Luiz Claudio Silva)
É, amigo, tem muita gente que vai tomar uma cana aí por falso testemunho. (Franco Covre)
Apenas não tenho vendas nos olhos, não dá para ignorar que esse governo está metido em tudo que é ruim, como os governos anteriores. Tudo farinha do mesmo saco. (Ronaldo Antonio Silva)
E o que Bolsonaro tem com isso? Mariele era apenas uma vereadora que ninguém conhecia, ele era um deputado pré-candidato à Presidência... qual a importância dela para Bolsonaro? Nenhuma! Infelizmente ela foi assassinada, uma vida perdida, assim como a de muitos policiais e inocentes mortos neste país. (Thiago Antony Vasconcelos)
Um assassino entrando no condomínio onde moro, com meu aval, é no mínimo estranho. Mas não estamos falando de um cidadão comum, mas do Presidente da República. Que tempos, hein, Brasil! (Bruno Ramos)
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O Jornal Nacional pesquisou os registros da Câmara e encontrou uma contradição no depoimento do porteiro. Jair Bolsonaro estava em Brasília nesse dia, como mostram os registros de presença em duas votações no plenário: às 14h e às 20h30. Não poderia, portanto, estar no Rio. No mesmo dia, Bolsonaro também postou vídeos nas redes sociais do lado de fora e dentro do gabinete em Brasília. (Jonas Pereira)
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