A segunda-feira (21) foi marcada por um ato de apoio à professora Rafaella Machado, da Escola Estadual Renato Pacheco, em Jardim Camburi, Vitória. A educadora sofreu pressões após ter ministrado uma tarefa escolar sobre os significados do termo LGBTQIA+ e o Mês do Orgulho LGBTQIA+.
O vereador de Vitória Gilvan da Federal (Patriota) encaminhou à mãe de uma estudante da escola um áudio em que afirmou que iria "aguardar na saída" a professora, para deixá-la "acuada".
Um grupo, formado em sua maioria por estudantes e pais de alunos, caminhou pelas ruas do bairro com cartazes. "Eu trouxe minha filha para ela entender como é uma manifestação. Estou aqui para ensiná-la e para apoiar a Rafaella. Esse é o mês de orgulho LGBTQIA+ e é triste ver esse preconceito e essa limitação na educação. Estamos em defesa da liberdade de expressão também", afirmou a consultora de vendas Mell Nascimento, 34 anos.
Nas redes sociais de A Gazeta, o caso levantou uma série de manifestações de apoio à professora e ao grupo que participou do protesto, enquanto outros leitores questionaram o conteúdo da tarefa. Confira alguns comentários:
Existem duas variáveis nessa história: a primeira é a tentativa de estigmatizar uma parcela da população que certamente deve ser representada na escola; a segunda é o processo seletivo de intimidação a quem se compromete a discutir e conscientizar o grupo sobre a relevância da diversidade na representação de uma sociedade justa. Engana-se quem acha que o ataque é apenas às minorias: essa é somente a ponta do iceberg. Atacar minorias é só um ensaio, um laboratório para se atacar toda a sociedade. (Roberto Santos)
É por causa de pais assim que existe preconceito e racismo no mundo. Tem que respeitar, cara! Quantas vezes eu estudava e via assuntos sobre religiões diferentes da minha? Meus pais nunca foram fazer vitimismo. Ao contrário, sempre me ensinaram a respeitar qualquer escolha do próximo! (Livia Bernardino)
Todo meu apoio à professora. Momento de luta e enfrentamento ao preconceito. Saber o significado da sigla LGBTQI não faz ninguém virar homossexual, mas mostra a existência de uma parcela da população que precisa ser respeitada. A escola é lugar de acolhimento. Se há necessidade de trabalhar sobre o machismo, o respeito à diversidade cultural, religiosa ou de gênero, que seja feito. Os temas transversais estão na Lei de Diretrizes e Bases. (Marcela Junqueira)
A educação é, sim, INCLUSIVA. O tema trabalhado é pertinente. Deveríamos estar todos comprometidos com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. (Mariah Ribeiro)
É ensino médio, não são crianças. Está mais do que na hora de compreender a sociedade em que vivem. No meu ensino fundamental, entre 1996 e 1999, tomei conhecimento sobre HIV, doenças sexualmente transmissíveis, aborto e gravidez na adolescência, temas polêmicos da época. Como estudei em uma escola diferenciada, também com essa idade fazíamos estudo sobre as diversidades religiosas, temas étnicos e direito dos animais, que só teve evolução nas leis há pouco tempo! Diversidade de gênero é o assunto do momento. Isso sempre esteve na sociedade, mas agora está sendo externado. Nada mais justo que os jovens tenham a oportunidade de compreender, com apoio de pedagogos, um evento social que evolui no atual momento, assim não ficando confusos sobre suas posições na sociedade atual! (Alvaro Gabrieli Dalvi)
Lindo de ver. Parabéns aos alunos e força, Rafaela. Não se cale, não se omita. Você é uma educadora, não abaixe a cabeça diante da ignorância de políticos falsos moralistas. Chega a ser patética a atitude desse vereador, que foi eleito para defender o povo, não uma ideologia mascarada de moral. (Marluce Penha)
Não vi mal nenhum da professora ensinar o aluno sobre LGBT. Tenho filhos maiores e menores, desde que eles eram pequenos sempre ensinei a eles a respeitar. Por isso que muitas crianças hoje crescem homofóbicas, não respeitam, xingam, agridem e até matam. Lamentável. (Fabiola Carvalho)
A que ponto chegamos. Ler um texto vira motivo de politicagem barata. Estamos numa época em que o culto à ignorância é alimentado pelas redes sociais. Nem precisa queimar livros, basta dar um celular com 3G. (Zeca Oliveira)
Como é lindo ver a valorização desses alunos ao professor. Em nenhum momento a professora induziu os alunos a nada de errado, nem incentivou. Parabéns, Rafaela, pelo seu profissionalismo. (Cris Bahiense)
Sem questionar o caso, a pergunta é: o corpo docente não deveria se preocupar em ensinar matérias significativas (grade curricular) para o conhecimento profissional do aluno? (Ismar Santos)
Discutir temas que fazem parte da realidade não seriam temas significativos para o aluno que, no futuro próximo, vai se deparar com a diversidade humana? Século XXI, meu caro. (Daniela Tomassoni)
Leiam a Base Nacional Curricular Comum. Está disponível de forma gratuita no site do Ministério da Educação. É o documento que norteia todo o conteúdo a ser ministrado na educação básica. A professora seguiu o que está determinado nesse documento. (Mari Inez Tavares)
Não consigo entender como ainda existem pessoas com cabeça tão fechada a ponto de querer proibir um assunto tão necessário! Depois eu que estou velho! Todo conhecimento é necessário. Sempre ensinei meus filhos respeito e só tenho orgulho. (Delson Bourguignon Braz)
Esse vereador representa o atraso, o desconhecimento do que acontece no mundo. Saber significados de siglas que são usadas internacionalmente não vai causar mal nenhum a ninguém, muito menos alterar a sua orientação sexual. (Antonio Cuzzuol)
Parabéns, vereador. Estamos com você. Escola não é lugar para se discutir essas questões. O que me deixa triste é ainda ver pais de alunos defendendo essa professora. Cadê a igreja? Já passou da hora de vocês que defendem a família brasileira se manifestarem. É a minha opinião e pronto. O que tem a ver aula de inglês com LGBT? (Jeremias Gusmao)
Escola não é lugar para discutir essas questões? Prefere no Twitter ou no fórum? Pois é para lá que vão parar pessoas que não se informam, pois o que na sua "época" era algo comum, hoje é crime. Ainda bem que a educação do país está evoluindo e seguindo o ritmo mundial. (Remerson Lucas)
Vereador não tem papel de censurar atividades escolares. Fora que o tema da tolerância e diversidade está previsto nos documentos e legislações educacionais. (Diogo Jordão)
Vereador deve fiscalizar as contas do município, ao invés de controlar o que se ensina numa escola estadual. A professora cumpre seu papel de educadora, de ensinar o respeito ao outro, como se faz em qualquer país civilizado. (Neide Cesar Vargas)
Por isso andamos tão cansados e esgotados. Lidar com Covid, com protocolos, com remoto e presencial, ensino híbrido, vereador se metendo no currículo, atrapalhando o andamento que já não está normal do ano letivo… olha, minha gente, se não morremos desse vírus maldito, morremos de desgosto deste país. (Fran Batista Soares Nascimento)
Vereador não tem esse poder de censurar atividades escolares. Isso se resolve na escola com professores, pedagogos, Secretaria de Educação. Cada um no seu quadrado, vereador. Tenho certeza que vocês têm muito trabalho a fazer! (Dayse Costa Coppo)
Ela é professora de inglês, propôs um texto integralmente em inglês para os alunos lerem, interpretarem e responderem as questões propostas. O tema do texto era LGBT, que está previsto nas bases curriculares, sim. O texto não falava que ser LGBT é bom, ruim, certo ou errado, ele só falava do tema. É bem simples. É só pôr a mente para funcionar um pouquinho que dá pra entender que a professora não fez nada de errado e muito menos induziu/influenciou alguém a ser LGBT (coisa que é impossível de fazer). (Pablo Andrade)
Este vídeo pode te interessar
Ameaça e homofobia. Em pleno século XXI ainda existem pessoas com falta de respeito e amor ao próximo. (Estefânia Soares Calvi)
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.