O retorno às aulas presenciais no Espírito Santo em outubro, autorizado pelo governador do Estado, Renato Casagrande, acirrou ainda mais o debate que já acontecia na sociedade sobre qual seria o melhor momento para essa retomada. Algumas categorias criticam a decisão do Executivo e prometem recorrer na Justiça.
Em vídeo nas redes sociais, a Associação de Pais de Alunos do Estado do Espírito Santo (Assopaes) posicionou-se de forma contrária ao retorno das aulas presenciais no Estado. De acordo com a advogada e secretária jurídica da entidade, Eliza Thomaz de Oliveira, as aulas presenciais deveriam acontecer apenas em 2021, quando já houvesse vacina contra a Covid-19.
Já Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Espírito Santo (Sindiupes) informou que acionará a Justiça contra o retorno das aulas presenciais no Estado. "Não havia nenhum diálogo neste sentido, a pandemia ainda faz muitas vítimas no ES, é preocupante. A categoria do magistério está muito preocupada, temos vários profissionais com comorbidades", disse o presidente do Sindiupes, Gean Nunes.
Nas redes sociais de A Gazeta, o assunto levantou intensas discussões. Muitos pais de alunos e professores manifestaram suas opiniões, que se dividiram entre o receio pelos riscos de contaminação e a necessidade das aulas presenciais para alavancar a aprendizagem dos estudantes. Confira alguns comentários:
Dou todo apoio aos professores. Vejo pessoas falando para cortarem os salários deles... se nossos filhos estão recebendo atividades em casa para estudar, estão tendo aulas on-line, é porque os professores estão trabalhando. Como cortar os salários deles? E esse negócio de praia pode, shopping pode, não são todos os pais que estão fazendo isso.. Eu e muitos pais estamos cuidando dos filhos. (Adriana Ama Rafael)
Sem falar que a volta às aulas envolve ônibus e transporte escolar lotados. Envolve crianças que ficam na casa dos avós quando não estão na escola. Minha filha, se eu puder, só volta ano que vem. (Luciana Crystian)
Vou pegar o ponto chave dos comentários de quem xinga os profissionais de vagabundos para expor minha opinião: Sou professora. Sou responsável por mim e por minhas duas filhas que estão cumprindo o distanciamento desde sempre junto comigo. Agora não quero, em meio a uma pandemia, ter que ser responsável por crianças cujos pais não foram responsáveis e deixaram ir para todo lugar (eles não foram educados todo este tempo, em casa, a cumprir protocolos sanitários de segurança). Se a família descumpriu e não achou importante, sou eu que vou ensinar que é? E a aí, quem cuidará da segurança dos que se resguardaram? (Rosangela Justiniano)
Quem não quer é só não enviar o filho para escola e continuar com as aulas on-line. Eu quero. Meus filhos querem. Eu preciso das aulas presenciais. Por favor, não impeçam aqueles que querem e têm direito às aulas presenciais. Fica em casa quem quer. Os supermercados nunca pararam. Postos de gasolina, pedágio, saúde. Então as vidas desses profissionais são menos importantes? Tomemos os mesmos cuidados que eles tomaram e bora trabalhar. Aula presencial já. (Roxana Dias)
Tenho dois filhos. Justo quando foi informado que o percentual de contágio aumentou novamente foi autorizado o retorno às aulas? Cadê a preocupação com a segurança da comunidade escolar e com nossas crianças, adolescentes e jovens? O momento exige prudência! E tem outra coisa, esse papo de que todos estão na rua não é verdade! Estamos cumprindo o isolamento há quase sete meses e tem muita gente cumprindo, não se pode generalizar! (Andrea Gualberto Tessarolo)
As escolas, não generalizando, não têm os protocolos necessários para os cuidados com as crianças e funcionários. Nós estamos trabalhando muito para preparar as aulas, pois a pandemia pegou todos de surpresa. Com certeza eu preferia estar lá, em aulas presenciais. Entretanto, a situação é insegura. Eu sou mãe, meus filhos não voltam. Isso é escolha individual. Esperança de uma vacina em breve é o que não podemos deixar de ter. Mas nós, profissionais da educação, estamos trabalhando para que as perdas relacionadas à aprendizagem não sejam tantas. Mas é muito triste ouvir ou ler críticas a nós como se estivéssemos em casa descansando. (Kelly Christina Gama)
Como professora, eu voltarei porque preciso trabalhar, mas meu filhos continuarão no ensino remoto. Não vou expô-los de maneira nenhuma a uma escola que, por mais que digam o contrário, não estará preparada para evitar o contágio. (Halinny Kuster)
Os meus filhos vão! Já estou preparando eles para a volta… Eu estou trabalhando desde da pandemia, tenho comorbidade, mas temos que aprender a conviver com esse vírus. (Joelma Santos)
Sou professora de educação infantil e ansiosa pelo retorno das aulas presenciais, pois o ensino remoto consome mais que nas aulas presenciais, porém cumprir todos os protocolos de retorno será impossível, porque não existe distanciamento social para educação infantil... o professor não conseguirá dar aulas, apenas cuidará das crianças para que não cheguem perto do coleguinha, troquem material. Sem contar que não haverá brincadeiras no pátio para a socialização entre eles... meu coração corta, porque os objetivos da educação infantil são a interação e a brincadeira. A criança será como um robô na sala de aula e sem garantia de que não vai encostar no colega... é virar de costas e elas aprontam, são apenas crianças, não entendem a gravidade do assunto. (Grazieli Ahnert)
Eu, como professora, digo: se temos que trabalhar, que trabalhemos para garantir nosso salário. Porém alguns questionamentos começaram a aparecer. Em tempo de pandemia foram exageros de cobranças, trabalho triplicado; eu, pelo menos, não tive folga dentro da minha própria casa, ao contrário, perdi minha liberdade e privacidade. Agora, o modelo presencial me leva a pensar como será, pois apesar do planejamento e estratégia teremos que planejar aulas não presenciais também. Será que os nossos superiores vão pensar nisso ou vão só pensar em dar ordens e colocar os professores no “se vira nos trinta”, batendo cabeça, e continuar a trabalhar com horário para começar e sem horário para terminar? Infelizmente a tendência é essa. (Aline Carmen)
É desse jeito. Trabalho remoto sem tempo para nada e agora dividir com presencial. Nossa classe mais uma vez desrespeitada e desvalorizada. Lamentável! (Hevelise Cristina Sacramento Oliveira)
Meu filho não vai e não há governo que o faça ele ir. Sou pai e tenho minhas responsabilidades. (Edivanio Antonio Macedo)
Não queremos nossos filhos e professores contaminados. Basta nossos médicos e enfermeiros se despedindo da vida tão jovens por causa dessa maldita doença. (Maria Odete)
Anunciaram ontem que voltaram a aumentar os casos confirmados e os óbitos e governador vai lá e libera o retorno da aula presencial? Não é toda escola que tem estrutura. Não são todas as crianças e todos os adolescentes que seguirão os devidos protocolos! Já pensaram como vai ser a cabeça desses professores vigiando máscaras, álcool, espaçamento etc.? Quem está aglomerando por aí com crianças são os que apoiam esse retorno! Eu não apoio, eu não deixo retornar! Ano letivo já foi, a vida não! Ano letivo se recupera, a vida não! (Debora Ramos)
Sou mãe e também apoio que não voltem. O ano está acabando e o vírus está circulando ainda. E outra: o meu filho está guardado dentro de casa desde março. (Geizi Silva)
Bom, minhas filhas não voltam, pois eles não podem garantir nada. E sei como essa doença é: além de trabalhar num hospital, eu peguei, então não me venha com conversa. A vida das minhas filhas vale muito mais. (Maria de Fatima Freitas)
Gente, o governador deixou a opção de deixar ou não os alunos irem para a escola. Ele foi sensato nessa parte, já que há pais que querem que as aulas presenciais voltem e outros que não querem. No meu caso, minha filha não vai. Faltam dois meses para acabar o ano letivo, então que ela continue nas atividades remotas. Só lamento pelos professores e demais funcionários por não poderem fazer essa escolha. Que Deus proteja todos os trabalhadores e alunos que vão voltar! (Carina Dias)
Tem gente aí chamando professor de vagabundo, dizendo que estão à toa e propondo corte de salários... Lembrem-se: há muitos deles trabalhando, e muito! Os da minha filha são uma prova disso. Portanto, não generalizem, por favor. Respeitem o trabalho e a dedicação destes profissionais. (Priscila Pereira)
Os meus filhos não mandarei para a escola! Infelizmente faço parte do grupo de risco e, desde que iniciou a quarentena, tenho obedecido à risca e os meus filhos também! Então, quem quiser mandar os seus que mande, mas eu enfrentarei quem preciso for para que eles possam continuar estudando em casa! Acabou o ano letivo mesmo, querem encher linguiça e colocar a vida dos filhos da gente em risco! (Lenilda Alacrino)
É melhor continuar com as aulas remotas, porque dois meses não vai resolver o ano letivo que já está perdido. Eu prefiro continuar ajudando meu filho nas atividades e com segurança. (Adriana Pimentel Rodrigues)
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Como professor que atua em algumas escolas da rede pública, convido os responsáveis a fiscalizarem as escolas dos seus filhos e constatarem com seus próprios olhos as “adequações” (se é que elas existem, pois não vi nenhuma mudança nas escolas), para o retorno seguro do ensino. Temos escolas que seguem com as mesmas situações precárias de funcionamento de antes da pandemia. Álcool em gel e sabonetes não garantem a seguridade da vida! Temos escolas que até hoje não receberam os tais kits sanitários para o retorno. Fiscalizem e tirem as suas própria conclusões. É a vida dos filhos de vocês ou até mesmo a de suas famílias que está em jogo. (Guilherme Favoretti)
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