A Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales) vota nesta terça-feira (28) o projeto de lei do deputado Vandinho Leite (PSDB) que autoriza o uso cloroquina e hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19, enquanto durar a pandemia do novo coronavírus. O projeto é mais uma batalha política em torno do medicamento, que tem sua ineficácia comprovada por estudos científicos.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) não proíbe a prescrição médica da substância, embora não a recomende como forma de tratamento inicial da doença. Desde o mês passado, inclusive, a pasta tem repassado doses do medicamento, enviadas pelo Ministério da Saúde, aos municípios que o solicitam.
A politização em torno da cloroquina no Estado é a mesma que divide o Brasil. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) é um defensor de primeira hora do medicamento, à revelia das pesquisas científicas que demonstram que a droga não funciona para casos leves e moderados da Covid-19. Em junho, o Ministério da Saúde enviou ofício a hospitais e entidades médicas e científicas, entre elas a Fiocruz, orientando para que divulgassem a cloroquina como tratamento inicial da Covid-19.
Um dos maiores estudos sobre o tema, publicado na última quarta-feira (23), é brasileiro, com participação de dois hospitais do Espírito Santo, o Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra, e o Evangélico, em Vila Velha. O levantamento, feito em dezenas de centros médicos, com centenas de pacientes, ganhou relevância por seu rigor metodológico, alcançando o "padrão ouro".
A votação na Assembleia Legislativa levantou muitas críticas dos leitores de A Gazeta. Enquanto alguns poucos defendem a "autorização" em lei para o uso da cloroquina, a maioria desaprovou a intervenção de políticos em assunto médico-científico. Confira alguns comentários:
Preguiça já dessa ladainha. Votar pra quê? Os médicos que sabem o que é melhor para as pessoas, quem são vocês? Deputado, tome conta do seu trabalho. Qual é? (Malu Ramos)
Na hora que toma uma facada, procura um médico e um hospital. Aí o médico serve. Agora só porque um jumento diz que a cloroquina é boa, mesmo os cientistas do planeta dizendo que não é, o cara quer fazer até receita por casa legislativa. (Luiz Claudio Silva)
Também, com a quantidade de cloroquina que o Ministério da Saúde comprou, agora tem que se livrar dela. E o pior: deixando faltar remédios básicos nos hospitais. Isso é uma irresponsabilidade! (Maria Minine)
Esses políticos não têm o que fazer mesmo... todos viraram “especialistas em infectologia”. Nunca teve essa discussão em torno de um determinado medicamento… que tempos difíceis. São falsos políticos que só querem aparecer. (Clarice Melo Gonçalves)
Só no Brasil essas coisas acontecem, está fazendo vergonha a péssima gestão, está virando uma nação digna de pena, na visão de grandes nações e cientistas. Estão mais perdidos do que cego em tiroteio, mas não adianta ensinar que 2 + 2 = 4 quando eles têm certeza que é igual a 5… 6 ou 7. (MonaKelly Costa)
Só no Brasil que o uso de remédio é decidido por políticos e não por médicos. E tem quem culpe os jornalistas por divulgarem as notícias. Difícil entender! (Rosangela Costa)
Esqueceram que ele faz parte do grupo de deputados que entraram no hospital para fiscalizar leitos, coisa que nunca fizeram no São Lucas e outros com pacientes no chão? Ele quer voto, gente, afinal o Estado foi covil de votos do Bolsonaro. (Christina Flores)
Não é questão de esquecimento e sim de supervalorização de um assunto que não faz nenhuma diferença consistente para nós neste momento, mas sim para a “politicagem”, que usa do assunto sem nem sequer respeitar a maior preocupação do povo: não MORRER. Já estamos vivendo essa loucura sem pedir nem permitir e ainda tem essa impregnação inútil pra fundir mais ainda nossas cabeças, que só querem viver e lutar para ficar vivo o maior tempo possível. Se o assunto é de importância extrema para a população e de fato tem fundamento, que os responsáveis técnicos definam e divulguem o resultado. PONTO. Mas não puro jogo politiqueiro. (Mírian Carneiro Angelo)
Às vezes um médico com consentimento do paciente quer liberar o uso, mas o governo não libera. Deixa o médico e o paciente decidirem isso, se o paciente não quiser ele conversa com o médico. (George Roberto)
George Roberto, isso não é verdade! Os médicos que receitaram e o paciente que quis tomar, tomou! Deixa de ser papagaio e ficar repetindo o que não viu! (J. Junior Barcelos)
A maioria dos médicos com os quais converso já estão oferecendo aos pacientes e dizem que os próprios pacientes pedem para usar… o protocolo usado com um coquetel de medicamentos funciona muito bem, obrigado. Colocam a cloroquina nas reportagens para tentar vender jornais… (Franco Covre)
Que políticos esses nossos! Tudo se politiza! Que desgraça! Enquanto isso a população fica no fogo cruzado dessas pestes! “Ah, nao pode usar cloroquina porque o presidente usou”, “ah, eu não gosto do presidente então eu não apoio”. Isso mostra o quão depravados são os que elegemos! A vida do brasileiro não vale mais que as convicções políticas dessa gente! E o mais triste é que, enquanto o circo pega fogo, os bombeiros dormem. (Pedro Luíz)
Esse deputado é médico? Ele é cientista? Ele é pesquisador? Vai caçar o que fazer… Tanta coisa para fazer no Estado e vocês votando em uma coisa que só diz respeito para quem estudou sobre o assunto. (Hyngrid Callegari)
O que ele quer é ser prefeito da Serra (Suzany Goulart)
A comprovação de eficácia é a cura do presidente e de tantos outros, médicos inclusive... (Hugo Marques)
Errado. Isso se chama evidência anedótica. Cerca de 80% das pessoas que tiverem Covid-19 vão se curar sem tomar nada. Algo em torno de 1 a 2% vão morrer. Só um estudo prospectivo, duplo-cego, controlado, aleatorizado e com um grupo também tratado por placebo é que comprovaria a eficácia da cloroquina. E os últimos estudos desse tipo mostraram justamente que a cloroquina tem a mesma eficácia do placebo, ou seja, não serve para tratar a Covid-19. (Danilo Cuzzuol Pedrini)
Chega de polêmica! Nenhum doente tem condições de esperar eficácia comprovada de remédio contra Covid-19. (Dani Vivi Airovit)
Mas o Estado participou de um estudo, juntamente a outros Estados, onde foi comprovada a ineficácia do medicamento. Aqui no Estado o Jayme e o Hospital Evangélico participaram desse estudo! (Gyneza Sathler)
Gyneza, mas eles não escutam a ciência. Não respeitam protocolos. Só aqui no Brasil que está essa discussão sem sentido. (Igor Pereira)
Igor, convenhamos que o Brasil é mestre em abraçar discussões que remontam à ignorância de tempos arcaicos em praticamente todas as ciências. (Emilio Gabriel)
Centenas de médicos e cientistas do mundo todo já afirmaram que a cloroquina é eficaz, sim. Aceita que dói menos. (Enoque Oliveira Silva)
Enoque, não adianta nada afirmar sem provar. Até hoje não existe nenhum estudo ou pesquisa reconhecida que comprove a eficácia da cloroquina, pelo contrário, temos evidências que provam a sua ineficácia, que provam que ela não funciona. Eu poderia muito bem afirmar que uma dose diária de café cura a Covid-19, mas não posso provar que de fato funciona, porque não tem efeito. (Rodrigo Peixoto Santos)
Já deviam ter tomada essa posição há muito tempo. E eu pergunto ao jornalista: qual remédio tem comprovação para cura da Covid? (Dalcy Hespanhol)
Não existe comprovação da eficácia, mas existe comprovação da não eficácia. Uma aberração que afronta a ciência. Ontem mesmo foi divulgado um estudo, por sinal o maior do país, sobre a utilização desse medicamento, no qual o Espírito Santo foi representado pelos hospitais Jayme dos Santos Neves e Evangélico. E o resultado foi que a hidroxicloroquina não faz diferença nenhuma no combate à Covid-19. Então, pessoal, vamos parar de palhaçada. Quem dera se fosse a solução. Entretanto, só temos uma fábula que só é levada a sério por causa do presidente que sabe de medicina o mesmo que eu sei de física nuclear. Uma piada. (Maxwell Barbosa)
O mundo inteiro quer discordar do presidente importantíssimo do Brasil… (Daniela Durço)
Jesus… não podemos esquecer esses nomes que usam a pandemia para fazer guerra política. (Jaqueline Bergami)
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