Uma série de reportagens de Natalia Bourguignon mostra os obstáculos para a proteção de mulheres vítimas de violência doméstica nos bairros dominados pelo tráfico. Para evitar a presença policial, traficantes proíbem homens de cometer as agressões e, quando há o descumprimento da ordem, eles são julgados pelo "tribunal do tráfico".
Um exemplo de como a ausência do Estado abre espaço para a justiça feita com as próprias mãos, quando o aparato de Justiça e repressão estatal falha. Como reforça a repórter na matéria, a série revela "camadas de violência: as agressões e ameaças, o desamparo pelas políticas públicas, a proteção que só vem do poder paralelo".
Centenas de leitores comentaram as matérias, no Instagram. Selecionamos abaixo alguns desses comentários:
Isso acontece quando o Estado falha... (Beatriz M. Vieira Sá)
Tem que ser bem alienado para não entender a matéria, viu? A Lei Maria da Penha é muito bonita no papel. Mas olhando friamente ela não protege a mulher de agressores, não. Olhem os números, leiam as notícias. Tem muita gente morrendo porque, quando a polícia chega, o corpo já está estendido no chão. (Sandro Vasconcelos)
Quando o Estado não é funcional... (Lazzaroos)
Quem trabalha na rede socioassistencial sabe bem como que as vítimas de violência e pessoas ameaçadas relatam como costuma ser o atendimento policial quando pedem ajuda. A pessoa sai pior do que entrou no atendimento, seja por ligação, seja quando finalmente chega um destacamento, ou na delegacia. É uma minoria muito pequena mesmo que presta uma escuta ativa, realmente voltada para a resolução do problema. Na maioria das vezes tentam minimizar para se liberarem da ocorrência, e minha impressão é de que isso ocorre justamente pela falta de preparo para lidar com esse tipo de situação que realmente não é fácil lidar. (Yas Cupertino)
E isso é um péssimo sinal. Onde o estado não é presente a violência cresce. A gente já viu esse filme num estado um pouco mais ao sul. (Vitor Thomaz)
Só quem precisou da PM sabe que em casos de violência contra a mulher, eles não vêm, demoram e quando chegam, encontrando a mulher machucada, eles não levam ele para delegacia. Fui vítima de violência e os policiais optaram por chamar uma ambulância. Para ele. Porque, segundo a PM, usuário de drogas é caso de saúde. Precisei ir à delegacia sozinha. Minha mãe também já foi agredida inúmeras vezes pela mesma pessoa e diversas vezes a PM nunca o conduziu a delegacia para ser enquadrado na Lei Maria da Penha. (Aline Rosa)
Numa sociedade onde a lei não funciona é cada um por si né? Triste entender que isso é justiça, mas é a pura realidade, né... (Wellington Cassin)
A rede de atendimento e apoio às mulheres vítimas de violência necessita urgentemente de muitas melhorias (Maycarla Nascimento)
Não gosto muito da forma que esse jornal expõe alguns acontecimentos, mas como morador de comunidade tenho que reconhecer que dessa vez ela está expondo um FATO. Quem sabe alguma autoridade leia, fique com vergonha e faça algo. (Felipe Soares Loureiro)
Não batam palmas para o crime! Quantas vezes eles próprios rasparam a cabeça e mataram mulheres nas comunidades? Mulheres que simplesmente não queriam ser assediadas por eles. Pode parecer um ato generoso com as mulheres esses anúncios, mas é crimeee!! (Carla Souza)
Quando o Estado falha, o crime cresce. Se as políticas públicas contra violência fosse efetiva não estaríamos falando disso. (Moema Galiza)
Triste realidade. Falha o Estado, assume o poder paralelo. Na moral, se resolve o problema do feminicídio, então mudará a opinião de muitos. (Cleyde Matos)
Quando o Estado falha, não há o que fazer mais. Tropa de Elite II mostrou isso. Mas à população bateu palmas para o que não entendeu. (Lawrence Henle)
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta.