Uma parte significativa dos pacientes vindos do interior ouvidos pela reportagem, que recebem atendimento na Grande Vitória, são acometidos pelo câncer. Além das consequências causadas pela doença, ainda há o desgaste das longas viagens e o incômodo provocado pelos procedimentos.
A reportagem encontrou Maria da Glória Sasso, 68 anos, em um dia especial. Ela acabara de receber a notícia que seu tratamento contra o câncer de mama estava finalizado, restando agora monitorar, por meio de exames, suas taxas e seu estado de saúde nos próximos anos.
A felicidade de Maria da Glória contrasta com a cena vista na escadaria do Hospital das Clínicas em Vitória. Na ausência de uma estrutura adequada, Maria da Glória cuida da higiêne de maneira improvisada. Uma garrafa de água é despejada em suas mãos e em seus alimentos que serão consumidos ali mesmo.
Alcir Manzoli, morador da cidade de Rio Bananal, norte do Espírito Santo, carrega em seu corpo uma bolsa de colostomia, consequência do tratamento contra um câncer no reto. O desconforto é aparente, no entanto, Alcir garante que as sessões de quimioterapias são a pior parte do tratamento. “A gente fica deitado, sem força pra nada. São dias para se recuperar do procedimento”, relata o pedreiro de 53 anos.
A falta de estrutura da rede de saúde não afeta apenas os municípios mais longínquos. Até cidades da Região Metropolitana não possuem recursos disponíveis para tratar doenças como o câncer, por exemplo. É o que relata a moradora de Guarapari, Maria da Glória Sasso, 68 anos, auxiliar de serviços gerais. "Cidade saúde só no nome, nem hospital público na cidade tem."
O outro lado
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) disse, em nota, que o Hemoes, em Vitória, recebe diariamente pacientes para tratamento. Em média, são 15 pessoas hemofílicas e doença falciforme com agendamento todos os dias.
Conforme informações do órgão, existe uma sala de espera refrigerada para acomodar todos os pacientes enquanto aguardam a consulta.
“Vale destacar que o espaço, localizado na região de Maruípe, abriga um complexo de saúde, onde funcionam também o Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam) e o Hospital Santa Rita, sendo um ponto de referência para a população do interior que busca atendimento ambulatorial em diversos serviços.”
A Sesa ressaltou, ainda, que o governo do Estado tem buscado mecanismos para descentralizar os atendimentos, visando garantir o acesso de todos a serviços de saúde.
“A rede de oncologia do Espírito Santo, por exemplo, está sendo concluída na parte de radioterapia com a inauguração, em 2024, em Colatina e Linhares, e visa reduzir a necessidade desses pacientes se locomoverem até a Grande Vitória, realizando atendimento em sua região de residência. Na região Sul, também já foi dada a ordem de serviços para a construção do novo Hospital do Câncer de Cachoeiro de Itapemirim.”
A Sesa acrescentou que a construção do Complexo de Saúde do Norte, com obras em andamento no município de São Mateus, vai reunir diversos serviços de saúde, como o novo Hospital Roberto Arnizault Silvares (HRAS), com 340 leitos, que será referência para 687.085 pessoas que moram na região Central e Norte do Estado.
O local também irá abrigar o novo Centro Regional de Especialidade (CRE), a Farmácia Cidadã Estadual, o Hemocentro Regional e a nova sede da Superintendência Regional de Saúde Norte, o Centro de Ensino para Residências em Saúde, Rede de Frio e Centro de Imunobiológicos Especiais (Crie).”
Em busca da cura: pacientes com cancêr narram suas experiências
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