Ao redor do Brasil, diversos estádios são nomeados com homenagens a personalidades, políticos e jornalistas, por exemplo. E, aqui no Espírito Santo não é diferente: são mais de vinte estádios que carregam o nome de alguém que tem sua história entrelaçada com o Estado. Mas você já parou para pensar em quem são essas pessoas?
Em mais uma edição da Capixapédia, A Gazeta preparou uma lista com os 12 principais estádios do futebol capixaba, contando parte da história dos clubes e das homenagens prestadas por cada equipe.
Kleber Andrade (Cariacica)
Não dá para começarmos essa lista com outro estádio além do Kleber Andrade, o Klebão, em Cariacica. A principal praça esportiva do Espírito Santo, no auge dos seus mais de 40 anos, carrega o nome de uma figura importante na história do futebol capixaba.
Kleber José de Andrade nasceu na pequena cidade de Espera Feliz, em Minas Gerais, em 1922, mas foi no Espírito Santo que viveu sua juventude e se apaixonou pelo Rio Branco, quando o time realizou um amistoso em Guaçuí, cidade onde ele vivia. Kleber se tornou um grande torcedor do clube e, mais tarde, chegou a cargos de liderança no Capa-Preta. Seu destaque foi tão grande que foi eleito presidente do time em 1966.
Durante sua gestão, Kleber Andrade conquistou diversos títulos estaduais e foi o responsável por lutar por recursos para viabilizar as obras do estádio em Cariacica. Apesar de toda a sua luta, o dirigente não conseguiu ver seu sonho realizado, já que morreu em um acidente de carro em Minas Gerais, no ano de 1978.
Cinco anos depois, em setembro de 1983, a construção foi inaugurada e o idealizador da obra recebeu a justa homenagem em uma partida que o Rio Branco venceu o Guarapari por 3 a 2.
Engenheiro Araripe (Cariacica)
Em 1966, ainda em Cariacica, outro estádio se levantava para a história do esporte no Estado: o Engenheiro Alencar de Araripe, casa da Desportiva Ferroviária.
O local carrega o nome de Delecarliense de Alencar Araripe, engenheiro capixaba que foi diretor da Companhia Vale do Rio Doce, empresa que tem sua trajetória aliada à formação da Desportiva. O engenheiro faleceu em outubro de 1964, e também não viu o nascimento do estádio. Mesmo assim, seu nome foi eternizado dando nome à praça esportiva de Jardim América.
Robertão (Serra)
Ainda pela Grande Vitória, construído nos anos 30, outro estádio faz parte da história do futebol capixaba: Roberto Siqueira Costa, o Robertão. Construído na Serra, o local carrega o nome de um ex-goleiro da Cobra-Coral. Inaugurado em 1931, a praça esportiva se tornou a casa do Serra, que passou 67 anos de sua história como time amador, se profissionalizando em 1997. De acordo com a diretoria atual, não há informações concretas sobre o primeiro nome oficial do estádio, que passou a homenagear o antigo arqueiro nos anos 90.
Roberto começou nas categorias de base do Tricolor Serrano e ganhou prestígio na década de 80. Por nove anos, o arqueiro chegou a trabalhar como funcionário da diretoria do clube cobra-coral e também figurou na função de técnico.
Mesmo sendo palco de grandes jogos, o estádio pode ser demolido, já que foi vendido pelo Serra ao poder público por R$ 8,3 milhões, pouco antes de conquistar a Copa Espírito Santo 2023.
Salvador Costa (Vitória)
Situado em Bento Ferreira, o estádio Salvador Venâncio da Costa é a casa do Vitória, o Alvianil. Seu nome faz alusão a um ilustre torcedor, que foi presidente do clube por aproximadamente dez anos.
Apaixonado pelo clube da Capital, Salvador foi um dos responsáveis pelo início das obras em 1965. Investindo recursos próprios, o torcedor conseguiu firmar uma parceria entre o Vitória e a construtora Rio Doce, que bancou parte dos recursos para a execução do projeto.
Inaugurado em abril de 1967, hoje o Salvador Costa recebe jogos do Capixabão, Copa Espírito Santo, Campeonato Brasileiro Série D e competições de base do futebol capixaba.
José Olívio Soares (Itapemirim)
De propriedade do Clube Atlético Itapemirim, o estádio José Olivio Soares carrega o nome do criador da equipe alvinegra. O bancário carioca fundou o clube com um grupo de mineiros que chegou ao Estado para trabalhar na então sede do Banco do Brasil. Na época, lutou para adquirir recursos financeiros e ainda doou o terreno para a construção do estádio em Itapemirim, no Sul do Espírito Santo.
Entre as décadas de 60 e 70, Soares foi o principal dirigente da equipe, sonhando com o Galo da Vila no futebol profissional. Falecido em 1993, o fundador não chegou a ver a equipe no profissional, quando o time se filiou a Federação de Futebol do Espírito Santo (FES), em 2011 para disputar a segunda divisão do Campeonato Capixaba.
Gil Bernardes (Vila Velha)
Casa do primeiro clube ‘canela-verde’ do Espírito Santo, o estádio Gil Bernardes carrega o nome de um dos maiores torcedores da história do Tupy, fazendeiro e pai de Américo Bernardes, prefeito de Vila Velha entre 1963 e 1966.
Sob influência do pai e sua paixão pelo Tupy, Américo cedeu hectares de terras para o clube em 1967. Apesar disso, Gil não chegou a ver o nascimento da Toca do Índio, que se ergueu no bairro de Itapoã, em Vila Velha, a partir de 1979 e até os dias atuais passa por obras que visam sua expansão e melhoria estrutural.
Eugênio Bitti (Aracruz)
Nascido em 1900, Eugênio Bitti se tornou um ilustre vereador de Aracruz e também atuou no setor agropecuário do Espírito Santo. Em 1956, Bitti doou um terreno de 29 mil m² para a construção do local, que foi apelidado de Estádio do Bambu, já que é cercado por bambuzais.
No fim dos anos 1980, o campo recebeu obras de alvenaria e passou a sediar jogos amadores. Nos dias atuais, o local pertence a prefeitura e recebe jogos da principal equipe da cidade, o Esporte Clube Aracruz, nas categorias de base, uma vez que o profissional ainda não efetivou seu retorno.
Manoel Moreira Sobrinho (São Mateus)
Construído em meados de 1965, palco que sedia jogos do São Mateus, o Sernamby faz homenagem à Manoel Moreira Sobrinho, líder religioso da cidade do Norte do Espírito Santo. Nas horas vagas, Manoel dava aulas de português gratuitas para crianças e jovens carentes da cidade capixaba.
Por meio do futebol ele cativava a atenção dos estudantes e foi um dos criadores do Pitbull do Norte, que contou com o apoio de associações católicas em sua formação.
Olímpio Perim (Venda Nova do Imigrante)
Inaugurado dez anos após a fundação do Rio Branco Futebol Clube, o estádio Olímpio Perim surgiu no fim dos anos 60, quando, por meio de escritura pública, o time de Venda Nova do Imigrante adquiriu um terreno de 10 mil m².
A praça esportiva carrega o nome de um dos moradores mais ilustres da cidade da Região das Montanhas do Espírito Santo. Olímpio Perim foi um dos responsáveis pela fundação do Rio Branco e também por atividades voltadas ao desenvolvimento de Venda Nova.
De 1959 a 1963, Olímpio foi vereador em Castelo, município ao qual Venda Nova pertencia na época. Em 1962, ele foi eleito presidente da Câmara Municipal e, no mesmo ano, assumiu o cargo de prefeito, devido à licença concedida ao titular do cargo e ao seu vice-prefeito.
Zenor Pedrosa Rocha (Nova Venécia)
Casa de um dos times mais jovens do futebol capixaba, o estádio Zenor Pedrosa Rocha começou sua história bem antes da fundação do Nova Venécia. Inaugurado em 1971, a arena carrega o nome do primeiro prefeito eleito da cidade do Noroeste do Espírito Santo.
Após a nomeação de Antônio Daher pelo Governo do Estado em 1954, Zenor foi votado pela população e foi o mandatário da cidade entre 31 de janeiro de 1955 a 30 de janeiro de 1959, recebendo a homenagem com o nome no estádio por seus serviços em prol do desenvolvimento do município.
Justiniano de Mello e Silva (Colatina)
Localizado no bairro Tropical, em Colatina, o Justiniano de Mello e Silva é a casa do CTE Colatina. Erguido entre os anos 1953 e 1954, o estádio faz homenagem a um ex-prefeito da cidade do Norte do Espírito Santo. Mesmo nascido no Paraná, Justiniano, médico de formação, fez vida política no Espírito Santo e foi um dos responsáveis pelos avanços estruturais da região.
Sem medir esforços, Justiniano promoveu obras providenciais na cidade e foi homenageado tendo seu nome ligado ao estádio capixaba, que teve sua partida inaugural em 16/07/1953, em um duelo entre Flamengo e Atlético-MG, onde o time mineiro saiu vencedor por 1 a 0, com gol de Ubaldo, diante de 14 mil torcedores. Após reformas e construções ao longo dos anos, o estádio hoje tem capacidade para aproximadamente cinco mil espectadores.
Mário Monteiro (Cachoeiro de Itapemirim)
Inaugurado em 1930, o estádio Mário Monteiro faz homenagem a um dos responsáveis pelo cuidado com o espaço em seus primeiros anos. Mário foi um dos entusiastas que cuidaram dos primórdios do estádio fundado no bairro Sumaré, em Cachoeiro de Itapemirim, o campo era em um espaço aberto, o que dava fácil acesso à transeuntes.
Pensando na preservação do local, a então diretoria do Estrela do Norte usou tábuas e varas de bambu para fazer o cercamento. Com o tempo, José Cocco e Otávio Mesquita fizeram o primeiro lance de arquibancadas, auxiliados por Mário Monteiro, que comandou o aterro lateral.
*Os administradoresdos estádios José Olímpio da Rocha e João Soares de Moura Filho, casa de Real Noroeste e Pinheiros, respectivamente, foram procurados pela reportagem de A Gazeta, mas não deram retorno. Caso exista algum posicionamento por parte dos clubes, a matéria será atualizada.
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