"É muito mais fácil tirar (do rebaixamento) o Vasco do que o América. Isso que vão fazer. Pode ter certeza, se os caras tiverem que criar algo ou fazer algo para tirar, vão tirar o Vasco. Todo mundo conhece o futebol brasileiro. Temos que tomar cuidado no jogo e não dar margem para que aconteça um lance como esse. É isso. O Vasco não cai, porque vão fazer de tudo para ele não cair", essas palavras são do jogador Juninho, do América-MG, após a derrota do time mineiro para o Vasco por 1 a 0, no Estádio Independência.
Dessa fala infeliz do jogador, destaco a frase "todo mundo conhece o futebol brasileiro". De fato, Juninho, todo mundo sabe que no nosso futebol a culpa sempre é do outro, nunca é dos próprios erros. Aliás, alguém precisa lembrá-lo de que o Vasco já caiu quatro vezes para a Série B, logo, essa justificativa também não cola.
O lance a que Juninho se refere é aquele em que o defensor Maidana, do América-MG, acertou de forma desleal uma cotovelada no rosto do adversário lá no meio-campo e foi corretamente expulso pelo árbitro, prejudicando muito sua equipe, que até então dominava a disputa, e ao final da partida acabou perdendo por jogar com um homem a menos todo o segundo tempo.
Como a triste cultura da deslealdade ainda impera em nosso futebol, as pessoas pregam a desconfiança de quem está certo ou errado em vez de assumir suas responsabilidades e corrigi-las. Falamos aqui sobre os cartões amarelos - justos por parte da arbitragem e desnecessários por parte dos jogadores - que Alisson e Rafinha, ambos do São Paulo, receberam na final da Copa do Brasil e por pouco não comprometeram a conquista do título no último domingo.
Para relembrar, Alisson não combateu Erick Pulgar do Flamengo como deveria, por receio do segundo amarelo e facilitou a finalização que, no lance, resultou no gol do Bruno Henrique. Rafinha, marcador do principal jogador rubro-negro, recebeu cartão amarelo por reclamação e, com o mesmo receio, relaxou na marcação. Certamente, se tivessem perdido o título ninguém assumiria a culpa, pelo contrário, citaria uma "conspiração" qualquer contra eles.
Essa cultura falida de culpar o sistema e sempre transferir responsabilidades indica que os clubes do futebol brasileiro em sua grande maioria ainda vivem no amadorismo de não assumirem a gestão profissional de seus erros e, por isso, patinam na busca da evolução por resultados melhores.
Defendo há alguns anos a criação de um departamento exclusivo com a finalidade de orientar, monitorar e cobrar melhores posturas e uma consciência mais inteligente dos jogadores para que reflitam e contribuam na direção de melhores resultados das equipes nas competições e, sobretudo, em jogos decisivos, onde cada detalhe é fundamental.
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