Desde que cheguei ao Catar, no dia 19 de novembro, véspera do início da Copa do Mundo, quase não vi mulheres cataris pelas ruas de Doha, a capital do país. A não ser em locais com atrativos turísticos, como o mercado de Souq Waqif. Nesses raros encontros, confesso que vivencio um choque cultural. Ainda é estranho me deparar pessoalmente com mulheres trajando o niqab, vestimenta em que o corpo é totalmente coberto, deixando apenas os olhos à mostra. Há também aquelas que usam o hijab, véu islâmico que cobre cabeça, cabelo, orelhas e pescoço.
Como mostram as fotos que registrei, essas vestimentas tornam as mulheres praticamente "invisíveis", num país que restringe os direitos femininos e parece não querer enxergá-las
Esse "estranhamento" de minha parte evoca um dos questionamentos da comunidade internacional diante da realização da Copa do Mundo no Catar: os direitos das mulheres. Sabe-se que, em regimes conservadores estruturados numa interpretação rigorosa do Islã, mulheres são sujeitas a padrões de comportamento estabelecidos por uma sociedade patriarcal e religiosa.
As transformações sociais no Catar são lentas. No entanto, ao que parece, há um desejo enorme por parte desta nação em seguir costumes ocidentais. Sendo assim, é necessário que se faça valer, independentemente de qualquer argumento cultural ou religioso, as linhas escritas na Declaração Universal do Direitos Humanos:
"Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição".
Mulheres no Catar
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