Pais de primeira viagem ou não, a vinda de um novo integrante para casa traz inúmeras preocupações, em especial na hora da escolha do quarto da criança. Planejar o ambiente no qual ela vai dormir de forma cuidadosa pode proporcioná-la noites de sono tranquilas, mas também a acompanhe durante todo o seu desenvolvimento.
Os dormitórios, em um primeiro momento, devem ser seguros e confortáveis não apenas para o bebê, como também para a mãe. Ao longo dos anos, o cômodo deve mudar aos poucos, seguindo uma estrutura adequada para cada faixa etária.
E para evitar custos desnecessários, especialistas afirmam que é fundamental que essas mudanças sejam feitas sem grandes alterações do layout original, que já deve ser planejado inicialmente para receber modificações que acompanham o crescimento dos pequenos, de modo que continuem apreciando o ambiente ao longo do tempo.
A boa notícia é que a cada dia surgem novas propostas e soluções criativas para quartos que respeitam a personalidade da criança e que proporcionam estímulos para o autoconhecimento dela.
Conforme explica a membro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Espírito Santo (CAU-ES) Maria Alice Rampinelli, em um projeto direcionado para o público infantil, o profissional precisa levar em conta diversos fatores, mas precisa, primeiro, equilibrar aspectos técnicos com os desejos dos pais.
Por isso, a função que o quarto vai desempenhar na vida do morador deve ser a primeira coisa a ser compreendida pelos responsáveis da criança e do projeto arquitetônico: “Se mais alguém vai dormir com ela, temos de pensar em uma cama auxiliar; se a mãe vai amamentar, temos de prever uma cadeira de amamentação”, enumera alguns exemplos.
Na visão da arquiteta Carol Zamboni, uma das primeiras e principais escolhas do projeto de um quarto infantil, independentemente se for para um bebê que está chegando, criança ou adolescente, é a escolha da cama.
Seja qual for o estilo escolhido, os profissionais de arquitetura e design de interiores recomendam construir um projeto inicial do cômodo que já conte com itens que possam evoluir junto com o crescimento dos pequenos. Assim, com apenas simples alterações, o quarto consegue acompanhar o desenvolvimento deles, sem precisar realizar uma reforma ou um novo projeto.
Zamboni cita alguns exemplos de acessórios e itens. Um deles é a “mesa evolutiva”, um modelo que pode ser facilmente ajustado com a altura dos pequenos. “Quase todas as mães pedem esse modelo de mesa. Já executei vários projetos e é super útil e funcional”, garante.
Outra solução comumente utilizada são os carrinhos para brinquedos com rodízio. Dessa forma, a criança tem um local correto de armazenar os passatempos de forma organizada e de leve transporte, despertando, assim, um senso de responsabilidade.
“As camas com brinquedoteca na parte superior também são sucesso, pois conseguimos ter um ambiente lúdico e, ainda, aproveitamos o espaço acima do leito”, conta.
Além dos aspectos físicos e funcionais do lugar, os fatores emocionais e evolutivos também são importantes de serem analisados, visto que um ambiente que é confortável, alegre e que ajuda no desenvolvimento emocional saudável pode trazer benefícios para toda a vida.
Sobre isso, Carol Zamboni acredita que é importante criar um ambiente com cores, formas e texturas que estimulem os pequenos. “Estudos apontam que o quarto tem um papel fundamental no crescimento e na visão de espaço durante o desenvolvimento cognitivo”, explica.
Para economizar, uma sugestão da profissional é deixar as estampas e as cores do projeto concentradas no papel de parede, dado que é um item prático e relativamente barato de ser trocado ao longo do tempo e que não fica limitado a um estilo ou tema.
Além disso, a segurança do ambiente também precisa ser priorizada: “Recomendo usar materiais que não levem risco à criança, ao adotar tintas de boa qualidade, móveis resistentes que suportam limpeza e tecidos que permitem ser constantemente lavados, como colchas, cortinas e kits de berço”, afirma a conselheira do CAU-ES.
Com todas essas dicas, é hora de usar a criatividade para agradar os filhotes. Mas, antes, confira algumas ideias de projetos de quartos infantis para você se inspirar:
A arquiteta Cristiane Schiavoni projetou o dormitório da Isabela, de 10 anos, que foi de um mundo de conto de fadas ao universo de uma garota antenada, vaidosa, estudiosa e, principalmente, apaixonada pelos felinos.
Responsável também pela concepção do projeto anterior, quando a pequena moradora tinha apenas cinco anos, Schiavoni retornou ao local para renovar a decoração em um ambiente que vai acompanhar Isabela durante a adolescência.
Entre as mudanças feitas estão a substituição da estrutura anterior de marcenaria da cama com formato de castelo por uma peça com cabeceira geométrica, e a parede passou a ter uma bancada lateral e nichos assimétricos que acomodam os brinquedos e a coleção de quadrinhos e livros da Isabela.
Além disso, onde antes não havia um cantinho de estudos, foi colocada uma bancada com dupla função: servir como apoio para livros, cadernos, ring light e notebook, e ter uma pequena parte de abre, que servirá de penteadeira.
A pintura do ambiente seguiu uma paleta de tons pastéis, realizada com alguns toques geométricos e combinados com dois tipos de papel de parede: um de gatinhos, ao lado da cama, e o clássico poá, representado por delicadas bolinhas pretas em um fundo branco.
O piso de madeira foi mantido para renovar a parte externa do guarda-roupas. Na extremidade, houve uma redistribuição das portas e um novo revestimento, semelhante àquele empregado na cabeceira, adicionando uma atualização e mais espaço no armário onde a garota pode acomodar as caixas de brinquedo.
Outra inspiração é o Lounge Kids, assinado pela arquiteta Vivyan Modesto para a Casa Cor 2022, que usou marcenaria feita sob medida com materiais 100% reutilizáveis e pinturas exclusivas, projetado dentro de um container.
Com 30 m², o projeto tem como conceito ser uma “casinha na árvore”, composto por balanço gira-gira, cadeiras ninho, corda com nó de marinheiro com acesso à piscina de bolinhas de 2,5 m², parede de escalada, ponte, parte suspensa em forma de tatame, entre outros brinquedos atrativos.
As cores usadas foram verde, branco e amarelo, além de outras nuances que trazem ludicidade e garantem leveza visual.
Assim como o mobiliário feito sob medida, desenhado pela profissional que é especialista em ambientes infantis, com assinatura da JM Móveis, e obras de arte pintadas à mão pela artista plástica Luiza Ross, o cômodo também possui cobertura em vidro que protege e compõe o local.
Já a designer de interiores Fabiana Tonini projetou um ambiente feito para acolher os pequenos de 3 a 8 anos, com um lugar ideal para brincar. As cores marcantes e o mobiliário atemporal encantam não só eles, mas também os adultos, e tem uma pegada que atende todos os gêneros, já que se trata de um quarto projetado para fazer parte de um hotel boutique.
No projeto assinado pela arquiteta Carol Zamboni, os integrantes mirins da família ganharam um cantinho especial que conta, entre outros itens, com uma parte dedicada aos estudos, com direito a uma mesa evolutiva e caixas de brinquedos.
Os ocupantes desse quarto serão "roommates". A garota de quatro anos e o menino de seis vão dividir o espaço para dormir, mas também para as brincadeiras.
Para não dar briga, a profissional fez um ambiente espelhado para que ambos tivessem uma base única de modelo de quarto, mas cada canto foi personalizado a partir dos gostos pessoais deles.
A menina pediu um quarto rosa e uma casinha, então Carol criou uma marcenaria em volta da cama no formato de casa para atender aos pedidos dela.
Já o menino queria uma brinquedoteca para subir e brincar. Os degraus da escada se transformaram em gavetas para guardar brinquedos e tornaram o quarto ainda mais lúdico.
O destaque vai para a parte de bancada, que funcionou de forma evolutiva, onde é possível, de maneira fácil, ajustar a mesinha de acordo com a altura das crianças.
Bruna Perim apostou na praticidade, funcionalidade e economia para a construção do projeto arquitetônico para uma família composta por um casal com três filhos: uma dupla de meninas, de quatro e oito anos, que ficam juntas em um dormitório; e um menino de cinco anos, que dorme em outro quarto.
Os pais tinham como prioridade transformar os quartos das crianças em ambientes versáteis, para que eles pudessem usar ao longo dos anos.
No caso do menino, a escrivaninha adaptável foi essencial para que toda a marcenaria fosse aproveitada e, conforme ele vai crescendo, será possível aumentar a altura dela, elevando o topo para cima dos nichos da mesa de cabeceira e da estrutura em MDF (sigla de Medium Density Fiberboard, que significa placa de fibra de média densidade) parafusada na parede.
No quarto das meninas, foram usados nichos no roupeiro e uma estrutura em metalon galvanizado parafusado na parede, dando, assim, a possibilidade de elevar a mesa também conforme a estatura das crianças.
Mas o ponto principal foi a pintura na parede, que faz menção a um arco-íris, resposta dada à profissional quando perguntou sobre as cores preferidas das pequenas. “À medida que elas foram amadurecendo, será possível substituir a pintura por papéis de parede mais sóbrios”, lembra Perim.
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