Sig Bergamin é arquiteto e designer, além de autor dos livros 'Maximalism' e 'Art Life'
Sig Bergamin é arquiteto e designer, além de autor dos livros "Maximalism" e "Art Life"
Sig Bergamin

"O design de um lar muda a vida dos moradores, para o bem ou para o mal"

Referência internacional, o autodenominado "maximalista" Sig Bergamin busca o oposto de tendência que se tornou comum nas últimas décadas

Tempo de leitura: 5min
Sig Bergamin é arquiteto e designer, além de autor dos livros "Maximalism" e "Art Life"
Publicado em 26/08/2024 às 17h47
Atualizado em 26/08/2024 às 17h47

Capaz de influenciar tanto na estética do imóvel quanto no bem-estar das pessoas, a decoração de um ambiente é um fator importante a ser levado em consideração ao construir ou reformar uma casa ou apartamento.

Com esse impacto em mente, o arquiteto e designer brasileiro Sig Bergamin se destaca pelo estilo eclético, diverso e versátil que imprime em projetos espalhados pelo Brasil, Estados Unidos e Europa. Autodenominado "maximalista", Bergamin vai na direção oposta de uma tendência que se tornou comum entre os arquitetos e designers nas últimas décadas: o minimalismo.

Diferentemente da filosofia de que "menos é mais", do minimalismo, Sig Bergamin utiliza misturas ousadas de cores, estilos, estampas, texturas e formas diferentes. Ele conta que esse método permite construir uma casa "com alma, com coração, que abraça a complexidade e a diversidade".

O arquiteto e designer descreve ainda que é um ávido viajante, que gosta de colecionar itens de diversos lugares ao redor do mundo. Com o conhecimento obtido nessas aventuras, ele harmoniza móveis franceses e italianos dos séculos XVIII e XIX com peças modernas da América do Norte e do Sul, criando designs únicos.

Bergamin evidencia essa obra vibrante e eclética no livro "Maximalism", que conta com 230 imagens clicadas por Born Wallander, um veterano da Architectural Digest – veículo que é referência internacional em arquitetura e design.

Nesta terça-feira (27), Bergamin estará em Vitória para uma palestra do Prêmio Vix Design (premiação reúne 16 lojistas do setor da arquitetura e decoração do ES). O evento contará com a participação de profissionais da área, parceiros, patrocinadores e apoiadores da ação.

Para falar sobre a sua obra e a importância do design no bem-estar das pessoas, Hub Imobi conversou com Sig Bergamin. Ele explica quais são as suas principais fontes de inspiração, como ele harmoniza estilos diferentes e outros aspectos de seus projetos.

Na sua visão, como o design de um lar pode influenciar na vida dos moradores? Isso é algo que te motiva?

O design de um lar muda a vida dos moradores, para o bem ou para o mal. Um ambiente bem projetado pode influenciar positivamente o bem-estar, a criatividade e as relações pessoais. Para mim, é extremamente motivador saber que meu trabalho pode criar um espaço que não apenas atende às necessidades, mas também desperta emoções. Cada projeto é uma oportunidade de moldar um ambiente que inspire, acolha e proporcione alegria, um verdadeiro reflexo da vida e das experiências daqueles que o habitam.

Você se descreve como “maximalista”, o que isso significa e como você aplica esse conceito em seus designs?

O maximalismo para mim é a casa com alma, com coração, que abraça a complexidade e a diversidade. Para mim, ser maximalista é embarcar na ideia de que pode ser mais – mais cores, mais texturas, mais histórias, mais conforto, mais você. Em meus designs, aplico esse conceito ao combinar uma variedade de estilos, épocas e influências culturais para criar ambientes ricos e dinâmicos. A ideia é construir espaços que não apenas sejam visualmente estimulantes, mas que também contenham histórias e evoquem emoções. Cada elemento tem um propósito e uma conexão com o todo, resultando em uma experiência estética que reflete a complexidade e a profundidade dos meus clientes e suas histórias.

Com tantas combinações de elementos e estilos em seus designs, como você trabalha para que tudo isso se misture de forma harmoniosa?

A harmonia em um design maximalista é tanto uma arte quanto uma ciência. Trabalhar com uma mistura tão rica de elementos e estilos exige coragem e disposição para correr riscos. Eu gosto de ver a decoração como uma coleção de itens diversos que fazem sentido para o cliente. Enfim, essa decoração/coleção é mais sobre sentir do que sobre seguir regras rígidas. Acredito que cada projeto tem um "feeling" único, e é essencial estar atento a esse sentimento durante o processo criativo.

Seus designs misturam móveis franceses e italianos dos séculos XVIII e XIX com peças modernas da América do Norte e do Sul. Tem alguma característica em comum entre esses estilos que permite que sejam mesclados?

Apesar das diferenças de época e origem, esses estilos compartilham características que facilitam a integração. Móveis franceses e italianos de época são conhecidos por sua elegância, detalhes refinados e sofisticação. Por outro lado, as peças modernas tendem a ter linhas mais limpas e um foco na funcionalidade. O ponto de conexão entre esses estilos é o uso de materiais de alta qualidade e a atenção aos detalhes. Acho que isso é criar um diálogo entre o passado e o presente que enriquece o ambiente.

Em seus designs, você também utiliza itens e conceitos que remetem ao Brasil? Quais elementos representam o nosso país?

Sim, o Brasil é uma fonte constante de inspiração para mim. Incorporo elementos que celebram nossa rica cultura e biodiversidade, como a presença de arte brasileira contemporânea, móveis feitos por designers locais e o uso de materiais típicos, como as pedras naturais e a madeira nativa certificadas. Obras de artistas consagrados como Burle Marx, Zalszupin, Sergio Rodrigues e outros que estão iniciando a jornada, são uma forma de conectar os projetos à identidade brasileira, trazendo uma sensação de pertencimento e orgulho nacional.

Para designers e arquitetos, qual é a importância de viajar, pesquisar e, no geral, ter interesse por aquilo que é diferente do que vemos no nosso dia a dia?

Viajar e pesquisar são essenciais para expandir horizontes e enriquecer o repertório criativo. Ao explorar diferentes culturas e estilos, aprendemos novas técnicas, descobrimos novas perspectivas e nos inspiramos em formas inovadoras de ver e interpretar o design. Sempre falo que aprendi muito mais explorando a Ásia em minhas viagens do que indo a Milão. Mas ambos os locais têm muito o que ensinar. É a conexão da história com a modernidade. O interesse por aquilo que é diferente nos desafia a pensar fora da caixa e a abraçar a diversidade, resultando em projetos que são mais ricos e multifacetados. É por meio desse contato com o novo e o desconhecido que conseguimos incorporar uma variedade de influências e criar trabalhos verdadeiramente originais e inspiradores.

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