Foco nas necessidades do cliente, atenção aos detalhes e destaque no segmento de imóveis de alto padrão. Esse é o perfil das novas corretoras de imóveis que têm consolidado o seu lugar em um mercado bastante competitivo e que trabalha com os sonhos e anseios de quem está em busca do lar ou imóvel de lazer perfeito ou mesmo do negócio certo.
Dados do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 13ª Região-ES (Creci-ES) mostram que o Estado atualmente tem quase 5 mil mulheres inscritas, de um universo de 14 mil profissionais registrados no órgão.
Para a conselheira do Creci-ES, Jane Rios, o crescimento das mulheres no mercado imobiliário trouxe uma nova visão ao setor, com profissionais detalhistas, que focam as necessidades do cliente. O que trouxe, aos poucos, o respeito pelas mulheres no setor.
Jane Rios
Conselheira do Creci-ES e diretora das Corretoras Globais do ES
"No início, havia muito preconceito. Isso melhorou bastante, mas ainda é preciso aumentar a nossa participação nas decisões do conselho. Para que isso aconteça, é importante que as mulheres se unam para que haja equidade na profissão."
Jane, além de conselheira, ocupa a função de diretora do Corretoras Globais do Espírito Santo, que integra o Creci-ES. O objetivo é fazer intercâmbio e networking entre as profissionais que trabalham dentro e fora do Brasil que precisam viabilizar seus negócios, inclusive receber possíveis compradores de outros países de corretoras de fora.
“Nossa intenção com o grupo é, além dessa troca de informações e do suporte, capacitar as corretoras para atuarem de forma correta dentro e fora do país, para que elas se profissionalizem cada vez mais”, diz.
Profissionalismo contra o machismo
Cada vez mais respeitadas por seu potencial e atenção aos detalhes, elas ainda se esbarram no machismo, apesar de haver uma incidência menor nos dias de hoje, como conta a corretora Rose Haddad, que está no mercado há 35 anos. Ela lembra que quando começou sua carreira, foi muito difícil por conta da aceitação dos homens de uma mulher em uma profissão que, na época, era predominantemente masculina.
Rose Haddad
Corrertora e empresária
"Os homens não aceitavam muito as mulheres no setor, principalmente nas empresas. Lembro que quando fui trabalhar em uma construtora, o gerente disse que não gostava de trabalhar com mulher. No entanto, no meu primeiro mês, fiz a venda de um empreendimento de alto padrão, mostrando meu potencial. Tempos depois eu me tornei gerente e permaneci lá por mais sete anos."
Ela conta ainda que depois que saiu, trabalhou em outras empresas, focando sempre em lançamentos de alto padrão. Com uma sócia, ela relembra que foi campeã de vendas de empreendimentos de empresas que chegaram de fora do Espírito Santo e, com o tempo, percebeu que poderia ter o próprio negócio.
Atualmente, ela compartilha a sociedade com dois outros profissionais na sua própria imobiliária, que tem, inclusive, partido também para o segmento de aluguel. “Trabalhamos com atendimento personalizado, chamamos o cliente para conhecer o nosso escritório e vamos atrás do que ele precisa. Vejo que o mercado mudou muito, pois as mulheres estão dominando, pois temos paciência, desenvoltura e sabemos o que a família quer, pois atendemos com o coração. E vender alto padrão não é valor, é alcançar a satisfação do cliente”, acrescenta.
Empreendedorismo
Outra corretora que também decidiu ter a sua própria imobiliária é Rosângela Martins, outra veterana que está há 26 anos no mercado. Ela conta que tinha 37 anos quando decidiu partir para o segmento, impulsionada pelo irmão, com quem já havia trabalhado na loja dele.
“Sempre gostei dessa área de vendas, de atender as pessoas com o coração. Acho que muito disso vem da minha formação como assistente social, que me deu base para tratar bem as pessoas e entender suas necessidades. Sou a única de 10 irmãos [seis mulheres e quatro homens] que está na área”, diz.
Ela conta que decidiu abrir a própria imobiliária há seis anos e sua equipe de profissionais é composta basicamente de mulheres.
Rosângela Martins
Corretora e empresária
"Sinto que há uma facilidade maior quando é um grupo só de mulheres trabalhando juntas. Precisamos nos fortalecer como profissionais e estar em grupos é muito importante para isso."
Mari Costa também decidiu abrir o próprio negócio em parceria com uma sócia, a também corretora Lilian Lara. Atualmente, a imobiliária delas tem nove corretores entre homens e mulheres. Ela conta que a necessidade de ter um local para trabalhar e atender seus clientes a motivou a abrir a própria imobiliária.
Mari Costa
Corretora e empresária
"O mercado está muito bom. Há muito mais mulheres atualmente. O fato de termos nossas carreiras consolidadas como corretoras sempre nos ajudou nas oportunidades. Já tivemos, inclusive, atendimento em estandes de construtoras. Para ser corretora, é preciso amar a profissão. É saber servir aquele cliente que veio até você, com alegria e disposição. E além de tudo, ter boas parcerias."
Já Lynette Feu decidiu voltar sua expertise de 16 anos como corretora para a área de vendas de uma construtora. Atualmente, ela é superintendente Comercial da Mivita e conta que tem paixão pelo mercado imobiliário e por vender imóveis.
Lynette Feu
Corretora e superintendente Comercial da Mivita
"Para mim, vender imóveis é sinônimo de realização, emoção e adrenalina. Adoro ser desafiada diariamente a cumprir metas, atender e surpreender o cliente. Ser mulher nessa profissão faz toda a diferença. Somos detalhistas e cuidadosas e trazemos esse olhar para o dia a dia, que é fundamental. A gente tem a persistência e a resiliência da mulher aliadas à força e à coragem de não desistir"
Foco e vocação
Vocação é a principal palavra quando perguntadas sobre o motivo de escolha da profissão, como é o exemplo de Luísa Surlo, que seguiu os passos da mãe, Marcella Surlo. Luísa já faz parte da nova geração de corretoras de imóveis.
Luíza Surlo
Corretora de imóveis
"Sempre trabalhei com vendas e teve uma vez que minha mãe me chamou para uma convenção de vendas. Ali eu me apaixonei pela profissão de corretora e procurei investir na profissão. Cada vez mais vejo jovens como eu se interessando em se tornar corretores, como escolha de carreira. Tenho uma forma diferente de me comunicar com meus clientes nas redes sociais do que minha mãe, por exemplo."
Outra profissional que descobriu sua vocação é Ivania Felippe, que é formada em Odontologia, mas nunca escondeu seu amor pela área de vendas. Ela chegou a ter uma rede de lojas de acessórios, mas enfrentou dificuldades financeiras e precisou buscar na área imobiliária uma forma de ganhar dinheiro.
Atualmente, ela divide a responsabilidade de comandar uma imobiliária com os dois filhos, sendo que um trabalha na gestão financeira e marketing da empresa e o outro decidiu seguir os passos da mãe.
Ivania Felippe
Corretora de imóveis
"Sempre gostei da área de vendas e me identifiquei totalmente com o segmento imobiliário. Amo o que faço. É um desafio, mas é muito prazeroso. Os clientes tornam-se nossos amigos e isso é o que torna a profissão tão gratificante."
Por outro lado, a corretora Marlete Borges conta que ficou um bom tempo afastada do mercado, mas retornou no ano passado. Ela tem registro profissional desde 1987 e chegou a trabalhar com empreendimentos de uma das maiores construtoras do país.
Marlete Borges
Corretora de imóveis
"Cheguei a vender 80 apartamentos, me tornando campeã de vendas nacional. No entanto, decidi buscar outros caminhos e trabalhei no segmento de festa de luxo, mas veio a pandemia e tive de fechar o negócio. Depois, parti para o on-line e veio o fim do isolamento social. Então, vi como o mercado imobiliário estava em alta e decidi voltar, incentivada por uma amiga que também é corretora. Quatro meses após voltar ao mercado, voltei a ser campeã de vendas."
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