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O "fonsequismo" existe e faz um bem danado ao esporte do Brasil

A ascensão meteórica do tenista carioca João Fonseca, de apenas 18 anos, faz os brasileiros reacordarem para a modalidade, tão carente de um ídolo nacional desde a aposentadoria de Guga

Vitória / Rede Gazeta
Publicado em 15/01/2025 às 05h00
João Fonseca venceu o russo Andrey Rublev por 3 a 0 na estreia dele em um torneio de grand slam
João Fonseca venceu o russo Andrey Rublev por 3 a 0 na estreia dele em um torneio de grand slam. Crédito: Reuters/Folhapress

São grandes as chances de você que lê este texto ter visto ou escutado o seguinte nome nas últimas 24 horas: João Fonseca. Caso não, acostume-se, pois será muito falado, comentado e, felizmente, celebrado ao longo de muitos anos. Em um esporte de escala mundial como é o tênis, o ainda adolescente de apenas 18 anos virou o centro das atenções. Mas não se engane: a idade é de garoto, porém joga como um veterano.

Os primeiros olhares do mundo para o então prodígio vieram no Rio Open do ano passado, quando alcançou a fase de quartas de final, um feito e tanto para um jovem de 17 anos, visto que o ATP 500 é o terceiro em pontuação e relevância, apenas atrás dos ATPs 1000 e Grand Slams. 

Os resultados fizeram o menino carioca tomar uma decisão importante: recusou o convite para disputar o forte circuito universitário norte-americano para se dedicar ao profissional. Não poderia ter feito escolha melhor.

Recado ao mundo

Ao longo da temporada, João foi ganhando casca e rodou por torneios menores, tudo meticulosamente planejado para o "gran finale" de 2024. Nos dias finais de dezembro, Fonseca disputou o "Next Gen", um torneio que reúne os melhores tenistas jovens do mundo no ano e não tomou conhecimento dos rivais. O brasileiro venceu todos os jogos, um feito digno de comparação com o espanhol Carlos Alcaraz e ao italiano Jannik Sinner, atuais números 3 e 1 do mundo. 

Já na Austrália, nos primeiros dias de janeiro, outro título impactante. Sem perder um set sequer, João conquistou o Challenger 125 de Camberra, preparatório para o Australian Open, o primeiro slam da temporada. Para disputá-lo, porém, era preciso se qualificar, visto o ranking ainda aquém do talento do brasileiro.

Sem problemas. Em três jogos, o "menino do Rio" passou por cima dos adversários e se qualificou à primeira fase da competição. O destino, entretanto, não foi generoso com ele: no sorteio da chave, o russo Andrey Rublev, atual número 9 do mundo. Se ainda faltava algo a ser provado por João, a prova de fogo se ofereceu a ele.

"Game, set and match"

"Ele vai tremer", "vai sentir o peso do jogo", "não está preparado para uma partida de cinco sets". Frases normais para a ocasião, mas que ficaram fora da quadra. O que se viu na Margaret Court, a segunda maior arena do torneio, foi João dominando as ações enquanto o ótimo tenista russo não encontrava saídas para os potentes golpes do brasileiro – o mais forte do torneio até aqui, com incríveis 181 km/h no forehand (veja abaixo). 

Em pouco mais de duas horas, o mundo viu um acachapante 3 sets a 0, com parciais de 7/6, 6/3 e 7/6. Mais do que isso: viu a consolidação de uma nova estrela, e, para nossa sorte, ela é brasileira.

Não é por acaso que o suíço Roger Federer, no rol dos maiores de todos os tempos, resolveu patrocinar e vestir o brasileiro com a marca esportiva "On Running". Lendas do tênis do calibre de Rafael Nadal, Novak Djokovic, Boris Becker e tantos outros já projetam o brasileiro rapidamente entre os melhores em 2025.

Os olhares de espanto com o talento do garoto ainda com espinhas no rosto não são aleatórios. João além de tudo é carismático e cativa quem o vê jogar. É inevitável dizer: o"fonsequismo" é real e irá te fonsequizar!

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