A história do Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari, está diretamente ligada à luta ambiental no Brasil. Sua trajetória não está distante do roteiro encontrado em outros lugares do país. O parque criado em 1990, por meio de um decreto, passou a receber o nome do ativista ambiental Paulo César Vinha quatro anos depois. Mas antes da oficialização do território, o que garantiu proteção e maior visibilidade, o local sofreu com extração ilegal de areia, moradia irregular, desmatamento e, principalmente, incêndios.
O cenário de exploração ambiental compromete não apenas a fauna e a flora, a paisagem bonita do local, mas todo o potencial turístico do parque. Entre os duros golpes sofridos, está o incêndio que destruiu 37% da área do parque, entre os meses de setembro e outubro de 2022.
Foram 34 dias de combate ao fogo. Segundo levantamento feito pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema), a ocorrência em 2022 significou o segundo maior incêndio já registrado na história do local.
Ao longo do tempo, no entanto, a natureza mostrou sua força e fez com que o cinza da destruição desse lugar ao verde característico da natureza. Para o professor de ciências ambientais e ex-gestor do Parque Estadual Paulo César Vinha Edson Valpassos, a regeneração do local foi uma demonstração de resiliência.
Edson Valpassos
Professor e ex-gestor do Parque Paulo César Vinha
"Essa situação tem uma denominação científica chamada de resiliência, que é a capacidade de a natureza se recuperar, se regenerar. A natureza é o lugar que você sente o sagrado. Espaços urbanos com parque são essenciais para que as pessoas sintam a natureza"
O professor, que tem conhecimento de causa quando o assunto é o Parque Paulo César Vinha, defende que as pessoas tenham mais respeito pelo meio ambiente.
Edson Valpassos lembra que a unidade ambiental é formada por uma vegetação de restinga, ganhando ainda mais importância no Espírito Santo.
"Fazemos parte da natureza. Não tem ar ou água sem a natureza. Quer viver como? Vai comer como? O respeito pela natureza, a forma como você trata precisa ser respeitosa", afirma o ex-gestor do parque.
Para o atual gestor do parque, Georges Mitrogiannis, a preservação do parque significa manter a área de conservação ambiental disponível para capixabas e turistas de fora do Estado.
"O parque não tem importância apenas para o Espírito Santo, mas nacional. O local é um remanescente da Mata Atlântica. Hoje restam poucos remanescentes no Brasil. E no Espírito Santo este é um dos maiores", afirma o atual gestor.
Georges Mitrogiannis
Atual gestor do parque
"Acredito que o capixaba seja um povo que gosta da preservação ambiental. Mas precisam conservar e ter essa vivência. O potencial turístico do parque é enorme. Estamos em Guarapari, um dos principais centros turísticos"
Da sede à praia, o parque acumula paisagens indescritíveis. São algumas trilhas que promovem contato direto com a natureza, aves e animais pequenos. As várias espécies da flora dão ao parque a cor verde característica. A praia, com 12 quilômetros de extensão, é muito procurada por surfistas, considerando a altura e a força das ondas. Para quem prefere águas mais calmas, há ainda a Lagoa de Caraís, mais chamada de Lagoa da Coca-Cola.
As belezas do Parque Estadual Paulo César Vinha, em Guarapari
Em alguns locais do parque, é possível ter uma visão mais elevada da paisagem. Rochas servem como mirantes. Ao todo, são 1.500 hectares de área, o equivalente a 1,5 mil campos de futebol. O parque em Guarapari ocupa uma área 150 vezes maior que o Parque Pedra da Cebola, entre Jardim da Penha e Mata da Praia, em Vitória.
A preservação do parque tem também objetivos educacionais, científicos e recreativos. As paisagens são um convite aos capixabas e aos turistas de outros lugares do Brasil.
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