Um estudo de pesquisadores da Universidade de Pensilvânia, nos EUA, aponta que a mesma mutação genética que tornou o novo coronavírus mais infeccioso também pode fazer com que ele se torne mais vulnerável às vacinas. A pesquisa liderada pelo cientista Drew Weissman comunicou ainda que essa característica foi identificada na mutação D614G.
De acordo com as informações, essa alteração aumentou o número de espinhos formados pela proteína S. Os "spikes" - como são chamados - possibilitam ao coronavírus Sars-Cov-2 se conectar às células das mucosas e infectá-las, para começar a duplicação.
Para os pesquisadores, a mutação não será um problema para, pelo menos, cinco vacinas que estão em estágio final de teste contra a Covid-19. Elas são desenvolvidas justamente para combater esses espinhos.
As fórmulas de imunização estão sendo preparadas com o objetivo de induzir a formação de anticorpos neutralizantes que atacam a proteína S. Conforme afirmam os cientistas em um artigo publicado na plataforma MedRXiv, a maior quantidade de espinhos vai proporcionar mais espaço para os antígenos da vacina atuarem no combate e na neutralização do vírus.
Ratos, macacos e humanos foram utilizados pelos cientistas como cobaias a fim de compreender a resposta de uma possível vacina na mutação. Primeiramente, foi aplicado um soro com anticorpos. Em seguida, um vírus modificado para conter apenas a proteína S da Covid-19.
Ao analisar os testes, aqueles que receberam o soro, a mutação D614G teve mais dificuldade de acoplar o vírus na célula que seria invadida. Logo, a linhagem do novo coronavírus que se tornou dominante deve ser mais suscetível a bloqueio dos anticorpos induzido pelas vacinas que estão em desenvolvimento.
Uma vacina realizada pela Universidade de Oxford utiliza a chamada tecnologia vetor-adenovírus. Essa tecnologia usa um adenovírus como vetor para levar o coronavírus modificado para dentro de uma célula humana. O adenovírus é geneticamente modificado para impedir sua replicação e a infecção de uma célula humana.
No lugar dos genes removidos, é inserida uma sequência de DNA com o código da proteína S do coronavírus Sars-Cov-2. Essa sequência faz o corpo humano entender que está infectado, o que gera a resposta imunológica.
Há anos, os cientistas de Oxford já utilizam a tecnologia vetor-adenovírus para a produção de vacinas. Para o momento atual, eles tiveram que adaptar para o Sars-Cov-2 e adicionar a sua proteína spike para gerar a resposta imunológica desejada.
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