Durante todo o ano de 2020, o mundo celebrará os duzentos e cinquenta anos de nascimento de um dos maiores e mais emblemáticos compositores de todos os tempos: Ludwig van Beethoven. As notícias que nos chegam são de que o Parlamento Europeu investirá cerca de trinta e sete milhões de euros ao longo de todo o ano em projetos ligados ao tema; de que a cidade natal de Beethoven, Bonn, criou um festival que apresentará obras do mestre durante os trezentos e sessenta e cinco dias de 2020; de que foram encomendadas obras de duzentos e cinquenta compositores de diferentes países em homenagem ao compositor, dentre outras iniciativas.
Ciclos completos de suas sinfonias serão apresentados por orquestras de diferentes cantos do planeta. O Carnegie Hall, de Nova York, está à frente de um projeto que inclui a apresentação da Nona Sinfonia em nove países diferentes, com a interpretação do coro final da peça na língua local.
Gravações com estrelas da música clássica estão sendo lançadas e relançadas; na Alemanha, o projeto Beethoven - The New Complete Edition, em parceria com a Beethoven-Haus Bonn, inclui cento e dezoito CDs, três discos Blu-Ray Audio, dois DVD e dezesseis álbuns digitais. Beethoven está mais vivo do que nunca e, além de nos encantar, instigar e desafiar, continua nos motivando.
Helder Trefzger
Maestro
"Essa admiração que tenho pela a obra de Beethoven só aumentou com o tempo, sendo o combustível que alimentou e continua alimentando o estudo minucioso de todas as suas sinfonias e outras obras"
Aqui no Espírito Santo nos antecipamos e resolvemos abrir o ano Beethoven ainda em 2019, com a apresentação da sua Sinfonia n.º 9, obra de grandes dimensões, considerada um hino à fraternidade universal. Para que isso se concretizasse foi fundamental a parceria com os coros Vox Victoria e Coro Sinfônico da Fames, especialmente pelo empenho do maestro dos dois grupos, Sanny Souza (que também é primeiro violoncelista da Orquestra Sinfônica do Estado do Espírito Santo - Oses).
Durante o ano de 2020, a Oses apresentará o ciclo das oito sinfonias restantes assim como os seus cinco concertos para piano, o concerto para violino e o concerto tríplice, para piano, violino e violoncelo, além de outras peças e aberturas, oferecendo ao público capixaba um amplo panorama com a música sinfônica do mestre de Bonn.
Beethoven foi uma pessoa de temperamento forte, de convicções firmes, avesso às badalações. Teve uma vida difícil, principalmente pelo processo de surdez que o atormentou e quase o fez desistir da vida. Além disso, enfrentou batalhas judiciais pela guarda do sobrinho e sofreu com paixões não correspondidas.
Viveu cinquenta e seis anos e deixou um legado de peso. A sua principal contribuição talvez seja o fato de conduzir a música clássica a um patamar jamais alcançado antes, imprimindo nela a sua personalidade, a sua força e vigor, ampliando as suas fronteiras e preparando-a para o futuro, notadamente para o romantismo.
Influência
Meu bisavô também se chamava Ludwig, um nome familiar para mim. Por pura coincidência esse foi o primeiro nome da música clássica que apareceu na minha vida. Por isso minha relação com o compositor está intrinsecamente ligada com a própria relação que tenho com a música.
A primeira obra clássica que eu escutei ainda criança foi a Sinfonia n.º 6, de Ludwig van Beethoven, conhecida como “Pastoral”, por evocar sons da natureza, sentimentos e sensações provocados pela vida no campo. Foi paixão à primeira vista – nesse instante a engenharia perdeu um aluno.
Helder Trefzger
Maestro
"Conta-se que Beethoven ficou tão transtornado pelo fato de ele ter se coroado imperador, que, enfurecido, retirou a dedicatória, chegando a rasurar e a quase rasgar parte da capa da sinfonia, que depois foi dedicada “à memória de um grande homem"
Depois ouvi o Concerto para violino, o Concerto para piano n.º 5, conhecido como “Imperador”, a Sinfonia n.º 5, chamada de “Sinfonia do destino”, por conta do seu famoso início “tcham tcham tcham tcham”. Por fim veio a Sinfonia n.º 3, que tem o subtítulo “Heróica”, escrita inicialmente em homenagem a Napoleão Bonaparte.
Conta-se que Beethoven ficou tão transtornado pelo fato de ele ter se coroado imperador, que, enfurecido, retirou a dedicatória, chegando a rasurar e a quase rasgar parte da capa da sinfonia, que depois foi dedicada “à memória de um grande homem”. Essa admiração que tenho pela a obra de Beethoven só aumentou com o tempo, sendo o combustível que alimentou e continua alimentando o estudo minucioso de todas as suas sinfonias e outras obras.
2020 será o ano dele. Vamos difundir a sua música, levar a sua arte para o maior número de pessoas, contar a história desse velho Ludwig e deixar que a sua música, que vem seduzindo gerações, cative e fascine mais e mais pessoas.
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Nona Sinfonia “Coral”: Concertos nos dias 13 e 14 de novembro, sempre às 20h, no Centro Cultural Sesc Glória (Av. Jerônimo Monteiro, 428, Centro, Vitória). Regente: Helder Trefzger. Informações: (27) 3232-4750
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