A exposição “poESia”, de Andréa Espíndula, que será aberta à visitação a partir de 12 de dezembro, na Casa da Memória, em Vila Velha, está fortemente vinculada a um gênero conhecido como arte naïf. Relacionada à arte popular nacional, reúne, de modo geral, criadores visuais não eruditos, ou seja, autodidatas, que desenvolvem um estilo caracterizado pelas cores vivas e uma imaginação, estilização e poder de síntese levados para a tela com uma técnica muito pessoal.
Por não terem frequentado cursos de arte, apresentam um estilo próprio e autêntico que brota do inconsciente coletivo, mantêm-se em constante renovação e se deixam penetrar por influências eruditas, embora conservem sua natureza própria. Sabedoria e sonho se irmanam, assim, em obras difíceis de definir sob uma única catalogação.
Autodidatismo e aprendizagem de técnicas de modo empírico podem ser verificados pela ausência ou relativização de aspectos formais acadêmicos, como composição, perspectiva e respeito às cores reais. Acima de tudo, o artista naïf tem o paradoxal compromisso de não seguir uma estética preconcebida para, ao longo da carreira, criar lances de marcante beleza plástica.
Nesse sentido, obras como “Vila Velha” e “Vitória”, de Andréa Espíndula, pintadas com tinta acrílica sobre tela, apresentam uma linguagem que se caracteriza pela justaposição de elementos harmoniosos. Os trabalhos retomam, de maneira pessoal, o conceito que ensina que a soma das partes pode gerar elementos que superam a mera adição.
É instaurado um conjunto visual em que aviões, ponte, farol, igreja, mar e praia constituem uma dinâmica concretização que estabelece um depoimento não apenas de duas cidades, mas de uma inteligência visual do mundo. Esses municípios do Estado do Espírito Santo são vistos, portanto, de maneira peculiar e renovada. Há neles frescor. A partir de imagens conhecidas, é gerado, portanto, um resultado pleno de encanto, alegria e estímulo à arte e à vida.
Os trabalhos se inserem, por esses motivos, no naïf, que costuma apresentar cores vibrantes e uma criatividade espontânea sem a preocupação de seguir padrões tradicionais exibidos pela chamada arte acadêmica. Trazem, portanto, simplicidade e respeito apenas aos próprios paradigmas, em nome de uma verdade interior do que significa, para cada criador visual, ser artista.
Nesse aspecto, Andréa Espíndula têm apenas fidelidade a si mesma. Sem referências culturais fundamentadas apenas na cultura dita erudita e sem dominar um conhecimento teórico rebuscado, enfoca, com autenticidade, cenas da vida cotidiana com grande riqueza de detalhes de modo a encantar o observador.
A artista não continua ou rompe com uma tradição. Seu objetivo é representar uma imagem ou pensamento, sem levar em conta barreiras conceituais ou técnicas. O resultado, por isso, depende, como mostra esta exposição, da delicada sensibilidade, do inegável talento e da fértil imaginação da pintora.
Exposição “poESia”, de Andréa Espíndula
Individual de arte naïf
- Curadoria: César Lima
- Abertura: 12 de dezembro
- Horário: 19h
- Local: Casa da Memória de Vila Velha - Av. Luciano das Neves, 17, Prainha, Vila Velha - ES, 29.100-201
- Entrada: gratuita
- Em cartaz até 28 de janeiro de 2024
- Apoio cultural: Prefeitura Municipal de Vila Velha
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