Os atentados de 11 de setembro abriram para os EUA uma oportunidade poucas vezes vista na geopolítica global. “Não se engane: nós vamos caçar e punir os responsáveis”, disse George W. Bush em pronunciamento que anunciava à opinião pública americana que os EUA se engajariam em uma “Guerra ao Terror”. As invasões no Afeganistão (2001) e Iraque (2003) serviram para dar aos americanos sensação de proteção e vingança, mas também para os EUA reposicionarem suas peças no tabuleiro geopolítico e cercar seu novo maior rival – a China.
Na América Latina, maior presença policial e militar tornou o tráfico de drogas e a lavagem de dinheiro questões de segurança internacional. Na África, parcerias na confecção de leis antiterror deram margem para perseguição política. Lá, aumentou-se a presença militar já intensa: construção de bases militares, treinamento e assistência dos exércitos aliados e ataques aéreos com drones tiveram lugar em praticamente todos os países acima do Congo. Na Ásia, o mesmo aconteceu de modo a criar, da Indonésia ao Cazaquistão, uma cortina militar em torno da China.
A menos que se tratasse de um planejamento de bastante longo prazo, a estratégia saiu pela culatra. Nesses 20 anos, a estratégia americana foi atingida por importantes percalços como a Primavera Árabe e o vácuo de poder gerado no Iraque e na Síria que foi preenchido pelo Isis.
Enquanto se preocupavam com a presença militar no mundo e davam pouca ênfase à diplomacia transformacional e à ajuda econômica, a China posicionou-se usando a estratégia contrária: foco na ajuda e parcerias econômicas para depois criar bases militares no estrangeiro.
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A cada soldado que caia e a cada desaceleração econômica, a população americana pedia o recuo militar do país no mundo. Primeiro Iraque, agora Afeganistão. Enquanto isso, a China silenciosamente se posiciona e lança projetos ambiciosos como a Iniciativa do Cinturão e da Rota. Não há vácuo de poder que não seja preenchido, e a China vem mostrando isso aos EUA.
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