A moda sempre esteve presente na vida do baiano Heberth Portilla, 23 anos. Filho de um enfermeiro e de uma feirante, ele cresceu vendo os desfiles na televisão. O sonho da TV se transportou para a realidade quando, aos 18 anos, veio morar em Vitória. Fiz moda numa faculdade particular, mas por motivos pessoais e financeiros, precisei trancar o curso. Ele trancou os estudos, mas não o processo de criação que classifica como agênero e fora dos padrões. Minha roupa fala de liberdade, diversidade, independência e personalidade. Respeito com estilo. Se vestir também é uma forma de protestar, diz. E o protesto ganhou o Brasil através de figurinos assinados para cantoras como Lia Clark, Ludmilla, Pabllo Vittar, Lexa e Luisa Sonza. Tudo começou quando vesti a Lia Clark, que me abriu portas para muitas coisas. Passei a assinar vários figurinos.
Apesar de todo sucesso, ele sabe como é ser um estilista preto num mercado dominado por brancos. Sofri muito preconceito apenas pelo fato de ter vindo da Bahia e por ser preto. A realidade da moda é muito cruel, as pessoas te olham estranho o tempo todo, e sofro isso desde o tempo que frequentava a sala de aula. Nunca vou esquecer de uma patroa que falou na minha cara que eu tinha cara de sujo. Foram inúmeras as situações que o fizeram chorar no provador do trabalho. Prometi que não ia permitir que ninguém me desrespeitasse por conta da minha cor, conta ele que acredita que devemos discutir sempre sobre privilégios e branquitude. As pessoas precisam entender e respeitar o espaço dos pretos nesse mundo.
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