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'É difícil ser estilista preto num mercado dominado por brancos', diz baiano

"É difícil ser estilista preto num mercado dominado por brancos", diz baiano

Heberth Portilla sabe o que é ser resiliente desde o tempo que frequentava a faculdade. O estilista faz sucesso em todo Brasil e já assinou figurinos para as cantoras Lia Clark, Ludmilla, Pabllo Vittar, Lexa e Luisa Sonza

Publicado em 13 de junho de 2020 às 09:15

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Heberth Portilla sabe como é ser um estilista preto num mercado dominado por brancos.
Heberth Portilla sabe como é ser um estilista preto num mercado dominado por brancos. "Sofri muito preconceito". (Divulgação)

A moda sempre esteve presente na vida do baiano Heberth Portilla, 23 anos. Filho de um enfermeiro e de uma feirante, ele cresceu vendo os desfiles na televisão. O sonho da TV se transportou para a realidade quando, aos 18 anos, veio morar em Vitória. “Fiz moda numa faculdade particular, mas por motivos pessoais e financeiros, precisei trancar o curso”. Ele trancou os estudos, mas não o processo de criação que classifica como agênero e fora dos padrões. “Minha roupa fala de liberdade, diversidade, independência e personalidade. Respeito com estilo. Se vestir também é uma forma de protestar”, diz. E o protesto ganhou o Brasil através de figurinos assinados para cantoras como Lia Clark, Ludmilla, Pabllo Vittar, Lexa e Luisa Sonza. “Tudo começou quando vesti a Lia Clark, que me abriu portas para muitas coisas. Passei a assinar vários figurinos”. 

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A realidade da moda é muito cruel. Nunca vou esquecer de uma patroa que falou na minha cara que eu tinha cara de sujo

Heberth Portilla
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Apesar de todo sucesso, ele sabe como é ser um estilista preto num mercado dominado por brancos. “Sofri muito preconceito apenas pelo fato de ter vindo da Bahia e por ser preto. A realidade da moda é muito cruel, as pessoas te olham estranho o tempo todo, e sofro isso desde o tempo que frequentava a sala de aula. Nunca vou esquecer de uma patroa que falou na minha cara que eu tinha cara de sujo”. Foram inúmeras as situações que o fizeram chorar no provador do trabalho. “Prometi que não ia permitir que ninguém me desrespeitasse por conta da minha cor”, conta ele que acredita que devemos discutir sempre sobre privilégios e branquitude. “As pessoas precisam entender e respeitar o espaço dos pretos nesse mundo”.

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