O que um olhar é capaz de transmitir? Alegria, tristeza, serenidade... A lista de expressões é enorme. Mas neste momento em que a população luta contra o coronavírus os olhares têm sido de esperança. E não é diferente com os profissionais de saúde que estão na linha de frente contra a Covid-19. Através do projeto "Olha pra mim", o fotógrafo Thiago Santos tem clicado os olhos de trabalhadores da saúde do Hospital das Clínicas, em São Paulo. As imagens impactantes focam nos olhos dos retratados, sem dar detalhes sobre quem são ou de onde vêm. "Estamos vivendo um momento histórico no mundo. Registrar o olhar destes profissionais é eternizar uma homenagem a eles. Uma forma de agradecer por tudo o que estão fazendo. Os olhares desses profissionais da saúde transmitem esperança", diz.
Thiago é pernambucano, mas mora em São Paulo perto do hospital e tem facilidade para agendar e fazer as fotos dos profissionais. "Tomo toda medida de segurança e mantenho o distanciamento na hora do registro. Leva menos de 1 minuto para ser feito. Clico e vou embora", explica. Os trabalhadores estão sempre com objetos que nos acostumamos a ver: touca, óculos de proteção e máscara.
Publicadas no @projetoolhapramim, elas são todas em preto e branco, formato quadrado e fundo branco. "O meu desejo, desde o primeiro clique, é fazer com que o expectador não perca a relação do olho no olho com quem foi fotografado. Por este motivo quis fazer só a foto do olhar". Desde o dia 20 de abril, 30 profissionais já tiveram seus olhares expostos na rede social.
A fotografia surgiu na vida do pernambucano ainda criança, quando tentava reproduzir as imagens de moda que via nas revistas com a irmã. "Fotografia desde sempre foi a minha paixão", diz. A paixão virou trabalho. Através do 'Olha pra mim", ele também já fotografou moradores de rua, pessoas em vulnerabilidade social e artistas. "Olhar no olho e registrar o olhar dessas pessoas, me conecta e me faz perceber - cada vez mais - que somos todos iguais, independente do credo, gênero, orientação sexual ou raça. O olhar comunica, conecta, abraça, sorri. Colocar todos neste mesmo formato (preto e branco, somente o olhar) me faz criar está unidade horizontal de humanização".
Depois de tanto tempo o olhar ainda é capaz de surpreendê-lo?, pergunto. "Sempre fico curioso pra saber o que passa na cabeça delas enquanto faço a foto. Que olhar ela quer transmitir? A sensação sempre é a de que vou colocar esse olhar em contato com o mundo", diz. Entre os mais marcantes estão os vistos na Índia. "Me marcou muito, sobretudo o das mulheres. Porque elas olham profundamente nos olhos", conta Thiago que chegou a fazer um autorretrato em 2018. "Foi bem estranho", conclui, rindo.
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