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Papai Noel existe? Deixe as crianças descobrirem a resposta sozinhas

Papai Noel existe? Deixe as crianças descobrirem a resposta sozinhas

Especialistas afirmam que alimentar as fantasias dos pequenos ajuda no desenvolvimento e a época do Natal é um ótimo momento pra isso. Confira 10 dicas para te ajudar a fomentar a imaginação das crianças

Publicado em 24 de dezembro de 2020 às 06:00

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Criança olhando para o Papai Noel
Criança olhando para o Papai Noel. (Shutterstock)

A infância é lembrada por muitos como “a melhor fase da vida”. Talvez porque são poucas as preocupações e a imaginação rola solta. Nesse período em que tudo é possível e mágico, surgem ideias, brincadeiras e inúmeras possibilidades de ver o mundo e até as pessoas, inclusive as que só existem em um mundo de fantasias, como o Papai Noel.

Muito querido pelos pequenos, o bom velhinho é um protagonista quase unânime entre as crianças quando o assunto é Natal. Mas você, adulto, já se perguntou se é saudável alimentar essa fantasia? Como era de se esperar, especialistas dizem que sim.

A pedagoga Cristiane Batista é mãe de Alice de Souza, de 7 anos. Ela conta que, mesmo sabendo qual o presente que a filha quer, faz questão de escrever com ela a cartinha para o Papai Noel todos os anos. “Acredito que seja importante deixar fluir a imaginação das crianças, até para um melhor desenvolvimento no mundo real. Precisamos deixar a criança ser criança enquanto ela pode. Deixa pra limitar a imaginação quando for adulto”, diz a mãe.

Para Cristiane, vários personagens fazem parte da infância e ela sempre compartilha toda a magia de cada um deles com a pequena Alice. “Conversamos sobre o assunto sempre que surgem oportunidades, como quando um dente amolece e a fada do dente entra em ação. O Coelho da Páscoa traz chocolates pra criança obediente e, claro, o papai Noel vai receber a cartinha dela.”

“Não podemos deixar a magia da infância acabar. Esse ano ela quer uma boneca que parece um bebê de verdade, acho que o Papai Noel vai atender o pedido dela. Eu e o papai já estamos providenciando (risos)”, brinca a mamãe.

Alice Souza e sua cartinha para o Papai Noel
Alice Souza e sua cartinha para o Papai Noel. (Arquivo Pessoal)

Incentive a brincadeira

Aspas de citação

Brincar deve ser uma prática diária e as festividades do Natal são uma oportunidade de exercê-la

Renata Junger
Psicóloga
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A psicóloga Renata Junger explica que as fantasias, como as relacionadas ao Papai Noel e à magia do Natal, também são brincadeiras e, por isso, são essenciais ao desenvolvimento das crianças. “Eu associo a fantasia ao lúdico ao ato de brincar. Dessa forma, entendo o brincar como um aspecto vital para garantir a saúde da criança, uma vez que ele mobiliza conteúdos importantes relacionados a tensões e conflitos que a criança está enfrentando em seu mundo interno”, pontua.

“A magia do brincar acontece quando há liberação de energias estagnadas, promovendo a auto regulação e consequente reparação desses conflitos”, complementa.

Segundo a profissional, é função do adulto garantir os meios necessários para que as crianças exerçam seu direito de brincar. Nesse contexto, é importante valorizar todas as produções delas, incentivando a auto expressão, imaginação e criação de histórias e personagens. “Essa deve ser uma prática diária e as festividades do Natal são uma oportunidade de exercê-la. A relação que a criança estabelece com o Papai Noel, por exemplo, dialoga com a sua capacidade de criar e pode mobilizar aspectos como o encantamento, as expectativas, os medos, entre outros”, afirma Renata.

Outra orientação da psicóloga é fomentar uma relação saudável da criança com a sua própria imaginação. “O importante é respeitar a relação estabelecida sem forçá-la ou interrompê-la. A medida, nesse caso, é o equilíbrio, sempre modulado pelas produções da própria criança”, acrescenta.

Dicas para fomentar a imaginação

A psicanalista Bianca Martins recomenda o livro
A psicanalista Bianca Martins recomenda o livro "Cartas do Papai Noel" como leitura de Natal para compartilhar com as crianças. (Divulgação)

A psicanalista e colunista da Revista.ag, Bianca Martins, também é super a favor de manter as fantasias vivas nas crianças. Ela inclusive sugere o livro “Cartas do Papai Noel” como leitura para compartilhar com os pequenos. “São as cartas que Tolkien - o mesmo autor da obra "O Senhor dos Anéis" - escrevia para seus filhos, se passando por Papai Noel. É um ode à fantasia. Lindo!”, recomenda.

Na história, todo mês de dezembro, um envelope com um selo do Polo Norte chegava para os filhos de Tolkien, o autor. Dentro dele, vinha uma carta escrita à mão com letra trêmula e estranha e um lindo desenho colorido. Isso tudo era do Papai Noel, narrando histórias incríveis sobre a vida no Polo Norte. Desde a primeira carta para o filho mais velho, em 1920, até a comovente última carta para a caçula, em 1943, este livro reúne todas as memoráveis cartas e desenhos que Tolkien fez para os filhos.

A profissional ainda separou 10 dicas de como manter a fantasia viva na criança e entrar na brincadeira com ela. Confira:

  • 01

    O valor das histórias

    Contar histórias a partir da capacidade de entendimento da criança. Os livros infantis são excelentes instrumentos. Pais e mães podem e devem narrar suas próprias histórias, ou até mesmo inventar algumas.

  • 02

    Cantar músicas e dançar

    O universo da fantasia é permeado por palavras e movimento, ao cantar e dançar exercitamos ambos os aspectos em família.

  • 03

    Brincar juntos

    Muitos pais reclamam que não sabem brincar com os filhos. Isso é impossível, todo mundo sabe brincar. Qual brincadeira o papai e a mamãe mais gostavam na infância? É um bom começo.

  • 04

    Ócio

    Isso mesmo, não ter nada para fazer é uma excelente atividade para que as fantasias brotem na cabeça das crianças. Menos telas e mais tempo para pensar em nada!

  • 05

    Conhecer novas pessoas e ter novas experiências

    Quando temos a oportunidade de fazer algo que habitualmente não fazemos, no cotidiano, toda essa vivência traz importantes elementos mnêmicos (memória) que auxiliam na construção de novas fantasias.

  • 06

    Fazer amigos

    Cada criança tem seu próprio mundo interno. Quando brincamos com outras pessoas, podemos ampliar nosso repertório criativo. Afinal, por sermos seres de linguagem, somos curiosos para conhecer o que o outro viveu, por onde andou, o que fez, como resolveu um conflito. O Instagram que o diga, não?

  • 07

    Estar com diferentes gerações

    O vovô e a vovó são ótimas fontes de histórias. Eles podem nos apresentar o mundo em que viveram, e que não existe mais. Por exemplo: o avô andou de bonde. Ao narrar essa experiência eu aprendo com o que o outro me conta e agrego uma experiência que não tive.

  • 08

    Estar em contato com a natureza

    As experiências táteis, sonoras e visuais, que adquirimos no contato com a natureza, nos conectam com o humano primitivo que ainda nos habita, e que, infelizmente, temos tão pouco contato.

  • 09

    Brincar livremente

    Quanto menos a criança for orientada enquanto brinca, mais estará garantida a sua capacidade de fantasiar

  • 10

    Ter um ambiente acolhedor

    Um dos elementos que garantem a saúde mental das crianças é a capacidade de fantasiar, inventar, criar... Mas ela deve ter um ambiente que estimule, acolha e facilite a expressão de suas fantasias.

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